O secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, anunciou que em fevereiro será apresentada a 3ª edição do programa Revive, com “15 a 20 novos imóveis para potenciar a valorização do território, do património e também para promover o investimento”. O governante falava num almoço organizado pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).
Na ocasião, o presidente da associação, Bernardo Trindade, recordou que as receitas turísticas atingiram 22 mil milhões de euros em 2022, superando o valor de 2019 em 20%, tal como foi anunciado na segunda-feira pelo ministro da Economia, António Costa Silva. O presidente da AHP indicou que a expectativa da associação “é que em 2023 possamos atingir um crescimento dessa natureza”.
“Inaugurar um novo olhar sobre as estruturas de financiamento”, foi um dos pedidos que Bernardo Trindade fez ao secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços. “Nós entendemos que este é o tempo de lançar menos dívida, mas lançar mais dívida convertida”, acrescentou o presidente, explicando que o microcrédito, do Turismo de Portugal, “já comporta a possibilidade de converter dívida em dívida não reembolsável”.
O tema dos custos energéticos também foi abordado pelo responsável. “Nós ouvimos o nosso primeiro ministro anunciar uma dotação muito significativa de apoio aos setores mais impactados pelo custo da energia”, afirmou, lamentando que o setor do turismo e da hotelaria não tenha sido incluído neste apoio. “Em perigos de maior sazonalidade, o custo energético supera todos os outros custos, é muito significativo”, defendeu.
Bernardo Trindade falou, ainda, da questão dos recursos humanos, relembrando que o setor do turismo perdeu cerca de 45 mil ativos durante a pandemia. “Temos de trazer gente de fora para trabalhar em Portugal”, defendeu, notando que o governo, relativamente a esta temática, “tem duas instituições que devem ajudar neste objetivo: o Turismo de Portugal e as suas escolas de hotelaria e turismo, e o Instituto de Emprego e Formação Profissional”.
Um dos temas que mais “preocupa” a AHP é a “implementação no terreno do PRR”, de acordo com o responsável. “Nós entendemos que é determinante que algumas questões possam ser integradas neste quadro do PRR, não só a alteração energética que estamos a promover junto das nossas entidades; uma clarificação em torno da questão do fundo ambiental, é importante que ele saia do papel e chegue às empresas […]; e uma das coisas que era muito significativa tratar era uma rede de transportes interconcelhos”, disse.
Cinco prioridades: As pessoas, as empresas, o território, a dupla transição digital e climática, e o reforço da notoriedade internacional de Portugal
“O setor do turismo não é só um setor de excelência na nossa economia, é também um setor de resiliência, porque teve a capacidade de superar com sucesso uma crise pandémica e com um crescimento muito acentuado em 2022”, disse Nuno Fazenda, explicando que o crescimento histórico, que aconteceu no ano passado, deve-se em grande medida “às empresas – o motor da economia – deve-se às instituições, que também fizeram o seu papel, e também a políticas públicas que favoreceram esse crescimento”.
No entanto, apesar do desempenho positivo, o secretário de Estado aponta que o setor deve ter a ambição “de fazer mais e melhor, de liderar o turismo do futuro, que significa termos um turismo mais sustentável, mais inclusivo e mais tecnológico”.
O responsável pela pasta do turismo indicou que, durante o seu mandato, terá cinco grandes prioridades públicas. A primeira prioridades, segundo Nuno Fazenda, são “as pessoas”, referindo que existe uma necessidade de atrair recursos humanos para o setor. O secretário de Estado recordou, que no dia 8 de dezembro, já tinha anunciado que será apresentada uma agenda para as qualificações e para a atração de talento para o setor, que terá várias dimensões, nomeadamente a “dignificação e valorização dos profissionais do turismo”.
“Estamos a trabalhar noutra área no domínio da atração de talento. Foi feito um acordo com a CPLP, queremos agilizar ainda mais no que diz respeito aos vistos para termos mais gente de fora a trabalhar connosco e temos feito progressos muito assinaláveis”, acrescentou.
A segunda prioridade política diz respeito às empresas, segundo o responsável, “as empresas estão na linha da frente da nossa ação política”. Nuno Fazenda recordou que, em dezembro de 2022, foram pagos 70 milhões de euros, a mais de 22.800 empresas, no âmbito da medida Apoiar Turismo. “Nós vamos lançar uma linha para enquadrar as empresas que ficaram de fora deste apoio”.
Nuno Fazenda anunciou, ainda, que “o que temos previsto em matéria de ciclo de fundos europeus é o maior pacote de sempre”, 6 mil milhões de euros por ano de exigência de execução global dos fundos. “Neste âmbito, as empresas também estão na linha da frente, porque se olharmos para a dotação para as empresas no Portugal 2020, e somando os apoios às empresas do PRR, mais o Portugal 2030, é um acréscimo de mais 90% de apoio às empresas”, salientou.
O terceiro domínio diz respeito ao território. “Se queremos desenvolver o nosso turismo, temos de assegurar a preservação e valorização do nosso território”, defendeu, notando que essa valorização passa, não só pela consolidação dos destinos turísticos mais maduros, “mas também numa aposta nos territórios menos desenvolvidos”. Neste sentido, o governo irá avançar com uma agenda para a valorização turística do interior.
A quarta dimensão diz respeito à dupla transição climática e digital. “Os investimentos privados que pretendam ter apoios, têm de estar claramente alinhados com as dimensões da transição climática e digital”, sublinhando que são “condições absolutamente indispensáveis” para a aprovação dos projetos.
A quinta, e última prioridade, segundo Nuno Fazenda, é o reforço da notoriedade internacional de Portugal e das suas regiões enquanto destino turístico. Neste sentido, o governo celebrou, no dia 27 de dezembro, um protocolo de promoção externa com as diferentes regiões, com um valor superior a 20 milhões de euros. O secretário de Estado salienta que 50% desse montante já foi pago, “para garantir estabilidade às agências de promoção”.
Nuno Fazenda refere que o governo também quer “recuperar a conectividade aérea nos diferentes aeroportos”, relembrando que ainda está 6% abaixo de 2019.