Bernardo Trindade tem a expetativa que o setor da hotelaria seja incluído no pacote de ajudas de 3 mil milhões de euros de apoio às empresas, que tem como objetivo fazer face ao aumento da fatura da eletricidade e do gás, relembrando que estas despesas impactam drasticamente a demonstração de resultados dos hotéis. O presidente da AHP, salientou esta quinta-feira que 2022 “tem sido excecional” na retoma da confiança, mas que “realisticamente” o turismo, chave da recuperação económica, ainda tem de ser ajudado.
O presidente da AHP, anunciou, no primeiro dia do congresso da associação, que decorre no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, que o programa deste 33º Congresso “procura respostas para cada uma das nossas inquietações do momento”, sublinhando que, este ano, não será debatido o tema do novo aeroporto, “importa-nos agora ouvir como se posicionam as companhias aéreas, o regulador, o concessionário, a sua congénere europeia num momento de crescente interesse por Portugal e pelas suas regiões”. Serão debatidos, segundo o presidente, temas como a atração e retenção de talento, as novas formas de pagamento e os novos conceitos da saúde e bem-estar.
Apesar de Portugal estar a liderar o crescimento económico na União Europeia, e o turismo funcionar como “mola impulsionadora” da recuperação económica, Bernardo Trindade relembrou que “os anos da pandemia fizeram-nos recuar 20 anos em termos de dormidas e 10 anos em termos de proveitos”.
A guerra na Ucrânia trouxe “um grau de incerteza tal na construção da cadeia de valor do turismo, que não nos permite dizer qual o nível de resultados que teremos em 2023”, salientando que “tudo está mais caro, o custo da mão de obra, a eletricidade e o gás, a cadeia alimentar, as diversas prestações de serviço”. Estas constrangimentos criam uma incógnita sobre o futuro da tesouraria, como tal, “precisamos de ver alargadas as maturidades das linhas de crédito e premiados projetos em função de metas realizadas”, afirmou, defendendo que “empresas sustentáveis são empresas bem capitalizadas”.
O presidente sublinhou que a AHP não é uma associação partidária, “mas é uma associação ‘política’. Associação política porquanto agente na comunidade. E tem por isso a expectativa de poder ser ouvida no seu quadro de reivindicações e preocupações”.
Escassez de mão-de-obra
O tema da falta de mão-de-obra também foi referido por Bernardo Trindade, que informou que existiam 170 mil registos na segurança social, mas, durante a pandemia, “perdemos 45.000 ativos no setor do turismo”. “Foi por isso que apoiámos a celebração do acordo com a CPLP. Trazer cidadãos do espaço da lusofonia para trabalharem em Portugal”, mas defendeu que “estas pessoas chegam a Portugal muitas delas com deficits de formação técnica e linguística. Temos de trabalhar em conjunto: empresas, escolas de hotelaria, IEFP, para colmatar estas lacunas”.
Trabalho interno da AHP
A associação quer construir com os seus parceiros comerciais uma relação de maior proximidade durante este mandato, de acordo com o responsável, organizando no segundo trimestre de 2023 o primeiro Marketplace AHP, que procura juntar os associados e os parceiros da AHP.
Por fim, afirmou que a associação lançará uma nova plataforma digital, “AHP Tourism Monitors”, que irá disponibilizar mais informação aos seus associados. Esta nova plataforma será, de acordo com o presidente, “mais simples, atual e rápida, com novos indicadores”. O presidente reiterou, ainda, a vontade de aumentar o número de aderentes ao Click2Portugal, já com mais de 600 unidades, que agora foi “reconvertido numa plataforma agregadora da hotelaria nacional de todo o país e de todas as categorias, transparência dos ratings, que permite fazer pesquisas com grande facilidade e detalhe, permitindo ainda lançar campanhas específicas”.