“O sector MI é um dos maiores contribuidores para a prosperidade económica de muitos países”
No início de 2020, a pandemia efetivamente, matou a indústria dos eventos quase da noite para o dia. Ou, pelo menos, teria sido assim, se não fosse pela velocidade rápida com que os melhores profissionais da área foram capazes de reagir e de se adaptar. Eventos virtuais, concertos, exposições, espetáculos e feiras comerciais rapidamente se tornaram parte da vida quotidiana durante este período. Na verdade, a indústria tornou-se a voz da educação e um motor para permitir a adaptação mais rápida às novas realidades. Não é mera coincidência que existe um paralelo entre o crescimento exponencial do setor dos eventos ligados ao conhecimento e os avanços na ciência, na saúde e na tecnologia. A pandemia global teve um impacto enorme na indústria mundial de eventos de um valor de 1,5 triliões de US$.
Estamos hoje perante uma nova paisagem, um mundo transformado pela ciência e pela tecnologia, onde as implicações para as cidades e para os países, são muitos e variados. Não somos mais limitados pela geografia porque a tecnologia traz o longe para perto. Porém, a geografia vai continuar a influenciar durante muitas décadas porque, independentemente do avanço das tecnologias e de podermos conduzir negócios, reuniões e contactos digitalmente, os fatores culturais e comerciais vão continuar a fazer com que o ser humano necessite de se juntar a outro para fazer negócios, criar confiança e debater ideias. Isto acontecerá de forma cada vez mais seletiva e as cidades irão começar-se a posicionar criando clusters de educação, conhecimento, pesquisa científica, inovação financeira para competir e acelerando a transição de ideias para implementação.
Com tantas áreas de conhecimento nascem sociedades, ONGs e associações diariamente e, como tal, oportunidades de atração de novos eventos que, por sua vez, estimulam ainda mais avanços, oportunidades de negócios e novos eventos. Obviamente que estes eventos são drivers importantes para mudanças na sociedade e oportunidades de compreender alguns dos desafios mais importantes no mundo. Quando grandes pensadores, gurus, peritos mundiais de governos, de indústria, ONGs e influenciadores, se juntam para partilhar ideias e procurar soluções, o mundo não pode senão dar um pulo e avançar. Existem imensos case studies de eventos que ilustram perfeitamente este processo e demonstram o valor induzido de um congresso internacional, que impacta muito para além do lado económico direto e imediato para os destinos que os recebem, e, que mudaram o mundo para sempre. Contudo o espaço aqui é limitado e este tema terá que ficar para outro artigo.
Após vários países líderes no sector MI terem optado por implementar estudos sobre os impactos do setor dos eventos nas suas cidades, os resultados vieram confirmar o que há muito se suspeitava e o que muitos profissionais como eu acreditávamos, o sector MI é um dos maiores contribuidores para a prosperidade económica de muitos países. A indústria dos eventos há muito tempo que gera novas tecnologias e tem sido uma força de debate, gestão de mudanças e definidora de tendências em todos os setores como, também, tem sido um motor económico para muitas regiões. Os últimos dois anos testemunharam uma dependência maior e mais pesada da tecnologia, com um aumento de organizações que adotaram plataformas online devido às normas de quarentena e distanciamento social.
Quando eu inicialmente desenhei a Pós-Graduação em Gestão de Eventos na Universidade Lusófona, fi-lo por ter a consciência que o futuro era sobre eventos que posicionavam marcas, mudavam destinos, aceleravam conhecimentos e economias e que iríamos precisar de profissionais bem qualificados para os organizar. No entanto, nem eu imaginava o que o futuro traria e quanta razão me iria dar. Os eventos de hoje são sobre planeamento, contingência, sustentabilidade ambiental, flexibilidade de contratos, segurança, saúde, posicionamento, internacionalização, city branding, e tanto, tanto mais…
O novo mundo é comunicação! Quanto mais nos transformamos digitalmente, mais vamos nos juntar para humanizar e partilhar experiências e os eventos são uma parte crucial dessa humanização, dessa partilha.
Nós por cá vamos continuado a formar cada vez melhor para produzir cada vez melhores profissionais que compreendam que estão a criar palcos para passarem mensagens que mudam o mundo. Quanta responsibilidade!
Por Linda Pereira
Docente do Departamento de Turismo da Universidade Lusófona
CEO CPL Events