Christian Delom, Secretário-Geral da organização ‘A World For Travel’, a conferência internacional sobre turismo sustentável, que teve início esta quinta-feira, dia 16, em Évora, considera que “a transformação da indústria das viagens é urgente. Outros setores já estão a revolucionar-se e nós estamos a atrasados. Sofremos com a pandemia e perdemos”. Delom falava na abertura da “A World for Travel”, a conferência que levou a Évora, para dois dias de discussão, mais de duas dezenas de ministros e governantes de diferentes países e 140 oradores.
“Quando criámos este fórum sabíamos que era necessário agir e reunir todos os intervenientes da industria para fazer a diferença e aqui estão”, afirmou Delom. “Adiámos duas vezes o fórum, por causa da pandemia. É uma crise mundial sem precedentes, que afetou todas as atividades humanas. Na verdade, o que é que efetivamente já fizemos para salvar o planeta e a industria das viagens em simultâneo?”, questionou o responsável da A World for Travel.
“Sim, estamos mais conscientes, ninguém pode negar a necessidade premente de tomar medidas, mas não basta. A transformação da indústria das viagens é urgente e não existe uma varinha mágica. Há uma longa lista de crises e mudanças que enfrentamos, cada uma urgente e global. Muitas delas são-nos familiares, como alterações climáticas, acesso a recursos, transformação digital, prioridade dada à segurança, num mundo cada mais fragmentado”. Como é que conseguimos encontrar o nosso caminho para sair desta crise? Christian Delom Arriscou uma resposta: “Temos que pensar localmente para agir globalmente”.
“O turismo que praticámos até à pandemia está condenado”
Vítor Silva, presidente da Turismo do Alentejo, a região turística que recebe este fórum internacional”, discursando na sessão de abertura, afirmou: “O turismo que praticámos até à pandemia está condenado, tem que estar condenado. Temos que ter uma nova maneira de fazer turismo, de viajar e de organizar os nossos modelos de negócio”.
Referindo-se à conferência, o responsável da Turismo do Alentejo disse que “este é um dia feliz, não só para mim, para Évora e Portugal, mas penso que é um dia feliz para todos os seres humanos. Porque talvez, pela primeira vez, se reúne um número de pessoas tão conhecedoras, especialistas em turismo, para discutir aquilo que é o turismo do futuro”.
Vítor Silva deixou ainda uma mensagem positiva: “A família do turismo está de volta à ação, mas não com ideias do passado. As ideias que queremos aqui discutir são as ideias que queremos que, paulatinamente, se espalhem pelo mundo do turismo. Tem que haver uma nova maneira de fazer turismo. Hoje não podemos só discutir o turismo como se fosse uma indústria à parte. Hoje discutir a sustentabilidade do turismo, é discutir a sustentabilidade do planeta. Estou certo que, no final, serão essas as conclusões: Temos novas ideias e novas propostas para aquilo que é a industria do turismo e o nosso planeta no futuro”.
Julia Simpson, a presidente do World Travel and Tourism Council (WTTC), participou também na abertura da conferência. No seu discurso, a responsável começou por lembrar as contribuições do turismo e viagens para o PIB mundial (10,7%) e para a criação de emprego. “Antes da pandemia 1 em 4 empregos criados em todo o mundo eram criados no setor do turismo. O que significa que, em 2019, havia mais de 300 milhões de empregos no setor. Infelizmente a pandemia atingiu-nos severamente”.
Julia Simpson reconheceu e agradeceu o trabalho efetuado pelo governo português, na pessoa da secretária de Estado do Turismo, Rita Marques. “Aqui quero reconhecer o trabalho da secretária de Estado de Portugal nesta matéria, liderando a implementação de protocolos de segurança nas viagens, colocando o nosso setor no cerne da recuperação”.
“As restrições às viagens decorrentes da pandemia tiveram efeitos sociais e económicos em todos os países, comunidades e até famílias em todo o mundo. Existem partes do mundo que ainda estão fechadas, mas fico feliz por ver que existem alguns oásis, nomeadamente em Portugal e na Europa”, referiu a responsável do WTTC. No entanto, alerta, “necessitaremos de mais colaboração internacional para fomentar uma recuperação mundial. Não poderemos confiar numa vacinação para todos, em todo o mundo, num futuro próximo, assim peço aos governos que ajam com líderes globais. O encerramento de fronteiras e restrições à mobilidade não são apenas os únicos problemas. Há outros fatores que impedem a recuperação do nosso setor. Nomeadamente, a natureza fragmentada das medidas e a falta de liderança e intervenção nas instituições multilaterais”.
Julia Simpson disse ainda que a WTTC “irá lutar pela recuperação de todos os empregos perdidos”.