Sábado, Dezembro 7, 2024
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ADHP: Hotelaria “não é sexy” e falta de reconhecimento é um grande problema

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A Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal adverte que é preciso valorizar as profissões da hotelaria, dando-lhes reconhecimento, para conseguir atrair trabalhadores e estudantes para uma setor que não é considerado “sexy”.

“O reconhecimento das profissões é um dos grandes problemas com que estamos a deparar-nos”, afirmou o presidente da ADHP, Fernando Garrido, em entrevista à Agência Lusa, ressalvando que é preciso fazer um trabalho como se fez, por exemplo, há anos para a profissão de cozinheiro.

“O que achamos que deve ser feito é tornar as profissões mais atrativas”, disse Fernando Garrido, defendendo para as estas profissões campanhas publicitárias e de marketing à semelhança das que são feitas para a promoção do país como destino turístico.

“Transmitir que é uma profissão interessante, envolvente. Que é reconhecida no mercado, porque de outra forma não vamos ter nem profissionais – porque os que estão sem profissão e procuram não virão para a hotelaria – e também não vamos ter futuros estudantes”, explicou.

Assim, Fernando Garrido dá o exemplo do que se fez em algumas profissões e que se traduziu num aumento de interesse por aquele tipo de trabalho.

“Temos escolas a formarem alunos, mas não nos podemos esquecer que, apesar de sermos o tão falado motor da economia dos últimos anos, a verdade é que as pessoas não acham a profissão ‘sexy’, ou seja, não encaram este meio como sendo interessante, atrativo”, disse.

“Por exemplo, foi feito um trabalho fenomenal com os cozinheiros que tem muito a ver com a questão da imagem. Ninguém queria ser cozinheiro e passaram a ser todos ‘chefs’. ‘Chefs’ Michelin, ‘Chefs’ Hells kitchen, Masterchefs, etc. Agora, todos querem ser ‘chef’. Ajudou imenso. É esse passo que temos que dar”, sublinhou, acrescentando que “as próprias nomenclaturas das profissões nem sempre são atrativas”.

O responsável defendeu ainda ser “fundamental que a tutela faça o trabalho de reconhecer as profissões”, da hotelaria, referindo que qualquer pessoa, por exemplo, pode ser diretor do hotel.

“Desde um trabalhador que arranje o jardim a um médico. Mas um diretor de hotel não pode ser médico”, sustentou.

Fernando Garrido descartou, no entanto, que se deva “limitar a profissão”, apenas fazer o seu reconhecimento.

“O turismo é o futuro do país e para acolhermos bem temos que ter bons profissionais e profissionais constantemente formados. As escolas (cursos superiores) começam a ter muito menos alunos, não só pelo decrescimento demográfico, mas também por não ser atrativo”, afirmou.

“Nesta profissão as pessoas estão sempre a aprender coisas novas, é extremamente motivador e interessante, mas a verdade é que isso é difícil de passar para os futuros profissionais do meio”, lamentou.

É também por este motivo que a associação mantém o processo da criação da ordem dos diretores de hotel, aguardando pelos desenvolvimentos quanto ao regime jurídico das associações públicas profissionais.

“Estamos confiantes que [vai acontecer a criação da ordem], mas temos feito um caminho mais ou menos paralelo. Embora ainda não tenhamos a ordem, temos um selo de certificação” que reconhece as escolas e os profissionais diretores de hotel, referiu.

“O que queremos é que os profissionais que pertençam a esta associação, e a esta ordem, tenham um desenvolvimento formativo, que saibamos que são pessoas que estão em constante evolução e permanentemente a conhecer novas formas de trabalhar, que possam dar o melhor para o mercado e constituir um destino [turístico] forte. Se o administrador ou dono quiser meter qualquer outra pessoa é uma responsabilidade dele”, considerou.

Ao nível da formação, Fernando Garrido adiantou que para contribuir para a qualificação do trabalho, a associação desenvolveu nos últimos anos a sua própria academia de formação.

“Somos uma entidade certificada pela DGERT [Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho] para formação e apostamos fortemente neste campo. Temos um curso que visa formar profissionais de direção, como se fosse uma pós-graduação em que formamos profissionais que já estejam normalmente no ativo e que queiram evoluir dentro da profissão. É uma formação extremamente reconhecida”, explica.

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