A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) estima que faltem 15 mil trabalhadores no setor da hotelaria. A conclusão decorre dos resultados preliminares de um inquérito realizado pela associação entre 21 de setembro e 30 de outubro de 2021 e cujas respostas representam cerca de 60% dos associados, ou seja, o equivalente a 35 mil quartos.
“As necessidades atuais para esta amostra são de 7200 trabalhadores”, avançou Cristina Siza Vieira, CEO da AHP, num encontro com a imprensa, à margem do congresso nacional da associação que teve início esta quarta-feira, dia 10 de novembro. No entanto, extrapolando para o total de associados, a necessidade de recursos humanos estimada é de 15 mil trabalhadores. As primeiras conclusões do inquérito permitem ainda aferir que, para dois terços dos respondentes, as principais áreas onde faltam trabalhadores são receção, mesa e cozinha, seguidas da área de andares (59% dos inquiridos).
Siza Vieira disse ainda que as necessidades diferem no território, afirmando que a região de Lisboa aponta também “carências fortíssimas nos departamentos administrativos, de RH e e manutenção”, enquanto a região norte apontou também necessidade na área dos Spa. “Não podemos uniformizar”.
O tema recursos humanos, considerado já o tema mais desafiante da hotelaria, vai estar em destaque num dos painéis do 32º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, que decorre até sexta-feira, em Albufeira. “Este é um tema cadente, não apenas em Portugal. É um problema do mundo ocidental. Podemos digitalizar parte da nossa operação, mas sem pessoas para o serviço, isto não vai lá”. Cristina Siza Vieira defende o debate dos temas da retenção, da captação de talento e motivação. “Já não são tanto as empresas que têm de se adaptar aos trabalhadores, mas o contrário, vamos ver o que isso vai acarretar em termos de contratação coletiva, de configuração das relações com os sindicatos. Tudo isto está a mudar profundamente.”