Domingo, Dezembro 8, 2024
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As não novidades do setor turístico

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“O mundo pós-pandemia realmente viu grandes mudanças económicas e sociais no setor turístico”

André Oliveira

Este cenário atual porventura é o estado que muitos dos profissionais do turismo
sempre viveram, a resiliência deste setor é talvez única, seja nos aspetos positivos ou menos
positivos. Mas o que revela desconstruir o futuro?

Realmente é uma tarefa complexa e requer colaboração de todo o setor turístico,
podemos ter diversas visões sejam elas mais ou menos tecnológicas no posicionamento, mas
será que podemos prever em que medida está o turismo num espaço temporal de 10 ou 20
anos? O tema da atualidade é, sem dúvida, o turismo sustentável, autêntico e inclusivo que
beneficie tanto os turistas do ponto de vista da experiência como as comunidades locais. O
setor do turismo, na minha opinião, é cada vez mais complexo, seja na distribuição
online/offline ou com a integração de AI/Blockchain nos hotéis, distribuição e outros ramos de
atividade, o que podemos afirmar é realmente que a tecnologia é e será parte integrante do
futuro, assim como a agenda da sustentabilidade.

Questiono-me qual será a maior certeza que temos do futuro? Sem dúvida, por mais
cataclismos que aconteçam ao nosso redor seja de saúde pública, conflitos ou crises
financeiras/económicas (infelizmente) que possam acontecer no mundo, todos querem viajar,
explorar e ter experiências autênticas e esta constatação é, per si, significativa, porque o
turismo a nível mundial não vai desacelerar, porventura algumas regiões do globo possam
estagnar, mas os mercados emergentes asiáticos estão cada vez mais a trabalhar do ponto de
visto do incoming e não só outgoing.

A questão ADR/REVPAR é sensível e divergente para o futuro, uns dizem que somos
value for money” face à nossa qualidade outros que vendemos caro versus os nossos
concorrentes, defendo que não aprecio o termo “value for money” (temos uma oferta única
num país da nossa dimensão desde as ilhas ao continente), falta sim, em muitos casos, criação
de valor no setor, porque aumentar os preços exacerbadamente somente pelo aumento da
procura não pode ser justificação. É necessário acompanhar os aumentos dos preços com
investimento para posicionar o produto/serviços, mas não só, e aqui talvez temos que
aprender com os nossos concorrentes de Espanha, Grécia e Itália, onde a capacidade de criar
regional brands” poderá ser crucial para serem diferenciadores. Pergunto-vos quantas marcas
turísticas regionais e nacionais tem alcance internacional com uma perspetiva de qualidade ou
ultra qualidade?

Digo isto, porque considero que somos brilhantes comerciais, mas a nível de marketing temos
de repensar algumas dimensões (apesar de estarmos a melhorar em diversos quadrantes tanto
de imagem e produto), caso contrário os números não batiam records.

Existem alguns temas que são “trendy” do momento, como o turismo comunitário,
sustentabilidade, autenticidade, consciencialização do impacto do turismo, filas intermináveis
no Aeroporto Internacional Gago Coutinho (Faro) ou Aeroporto Internacional de Lisboa
Humberto Delgado onde se realça a identificação biométrica e mais recursos de gestão,
trabalho em rede internacional, robótica na hotelaria, bem-estar holístico, conexão emocional,
”story telling”. Porventura, todos já ouvimos palestras, vídeos “talks” sobre estes temas,
realmente a roda já foi inventada faz imenso tempo e, muitas vezes, esquecemos o elemento
mais básico e pilar da setor, somos e seremos sempre uma atividade de pessoas para pessoas.
Este enriquecimento tem de ser ultra valorizado e não esquecido, num país com a nossa escala
temos que fazer como Espanha fez algumas décadas atrás, reposicionar o destino Portugal
como o Hub turístico da Europa e atrair o “tech players” turísticos a possuírem as sedes neste
nosso belo destino, aqui não queria enfatizar o desconstruir o futuro mas sim construir o
futuro de uma forma orgânica, claro que terá que existir políticas públicas para regulamentar e
ter incentivos para atrair este tipo de investimento mas ao mesmo tempo avaliar e monitorizar
o impacto no tecido económico e impacto global deste posicionamento.

O turismo do presente todos sabemos como está mas em contraste, o caminho que
vemos para o turismo do futuro direciona mais para a fusão entre litoral e interior,
preservação do ambiente (gestão de resíduos, eficiência energética, conservação e
regeneração dos ecossistemas), experiencias únicas e imersivas no destino de escolha, mas é
importante ressalvar o papel dos “stakeholders” seja os governos, área empresarial, turistas e
as próprias comunidades locais, para garantir que este setor que amo possa ser uma força
positiva para o desenvolvimento social e económico como global, nós somos a INDÚSTRIA DA
PAZ.

Em suma, desconstruir as nossas abordagens atuais abre caminho para um turismo de
futuro que celebra a singularidade de cada destino, valorizando o equilíbrio entre humanidade, natureza e valorização cultural.

Por André Oliveira

Exerceu diversos cargos na área de vendas de grupos internacionais e nacionais, criação de projetos empreendedorismo, fundador do VOIGHT,e atualmente é diretor de vendas da Ontravel Solutions S.A, representante em Portugal do maior Tour Operador do UK: Jet2Holidays & Jet2.com. É licenciado em Marketing Turístico pela Universidade do Algarve, Pós-Graduação em Direcção Hoteleira (EHTA) e especializações em Harvard, London Business School e Wharton em gestão estratégica e “corporate finance”.

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