Quinta-feira, Março 20, 2025
Quinta-feira, Março 20, 2025

SIGA-NOS:

Associados da APAVT representam mais de 80% do valor acrescentado bruto do setor

No ano em que comemora 75 anos, a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) vive “provavelmente o seu melhor momento de sempre”. A afirmação é do presidente, Pedro Costa Ferreira, que reiterou hoje, num encontro com jornalistas, aquilo que já havia dito no jantar com os corpos sociais na semana passada. A APAVT vive “uma situação financeira absolutamente estável e sólida, o que garante a grande independência da associação, face a toda a gente. Provavelmente com a capacidade de interação maior de sempre, boas relações com todos os stakeholders, uma presença importante na Confederação Europeia e na Confederação do Turismo Português, representando mais de mil balcões e um número recorde de sedes desde que há registros, sendo o primeiro de 2002. E não estamos apenas no nosso melhor momento no que toca à representação das agências de viagens, mas também com uma dinâmica constante, como demonstrado na última reunião de direção, na qual entraram 10 novas agências.”

“se falarmos de resultados líquidos médios, o resultado líquido médio das Agências associadas da APAVT é de 108 mil euros, contra 60 mil euros da média do setor e 25 mil euros das Agências não associadas”

A esta observação, o presidente da APAVT acrescentou: “Este é também um momento de liderança.” O responsável recorreu aos dados de um estudo da EY encomendado pela APAVT para avaliar a influência da associação no setor da distribuição. “Ficámos a saber que mais de 80% do valor acrescentado bruto do setor é construído por associados da APAVT. Além disso, a remuneração média anual das agências associadas da APAVT é de 21 mil euros, ao contrário dos 19 mil euros do setor em geral e dos 15 mil euros das não associadas. Ou seja, as associadas da APAVT pagam, em média, 10% a mais que o setor e 40% a mais que as não associadas.”

Por outro lado, “se falarmos de resultados líquidos médios, o resultado líquido médio das associadas da APAVT é de 108 mil euros, contra 60 mil euros da média do setor e 25 mil euros das não associadas. Em termos de capacidade de gerar valor, as associadas da APAVT estão 96% acima da média do setor e 369% acima das não associadas. Ou seja, do ponto de vista da nossa capacidade de criar valor, as associadas estão claramente à frente.”

“Como sabemos, é fundamental criar valor e ter rentabilidade. Não é por acaso que pagamos melhor, é também porque construímos melhor.”

As comemorações do 75º aniversário da APAVT em 2025 “encontram o setor no seu melhor momento de sempre”. O estudo realizado pela EY para a APAVT, que avalia o setor da distribuição, revela que, em 2022, considerando os efeitos diretos, indiretos e induzidos, a distribuição turística em Portugal gerou um valor de 5,8 mil milhões de euros, o que corresponde a 2,4% do PIB ou a 2,8% do VAB nacional. O setor é responsável por 126 mil empregos, representando 2,6% do total nacional, e por 3,9 mil milhões em remunerações, que correspondem a 2,8% do total nacional.

“São números impressionantes, mas talvez ainda mais significativos se os compararmos com 2019, quando o valor económico da distribuição turística era de 4,5 mil milhões de euros, representando 2,3% do PIB. Em 2022, o valor representou 2,4%, e o valor acrescentado no PIB aumentou de 2,5% para 2,8%. Ou seja, mesmo após a pandemia – durante a qual o setor foi completamente fechado, ao contrário de muitos outros setores da economia – já em 2022 o setor da distribuição turística se mostrou resiliente”, lembrou Pedro Costa Ferreira.

“As ambições da APAVT são simples, e têm sido as mesmas ao longo destes 75 anos: defender os interesses do setor.”

Questionado sobre as ambições da APAVT para os próximos anos, Pedro Costa Ferreira respondeu que são simples: “As ambições da APAVT são simples, e têm sido as mesmas ao longo destes 75 anos: defender os interesses do setor. Todos sabemos que a agenda desses interesses é bastante aberta. A APAVT tem três grandes campos e objetivos, e continuará a mantê-los: a defesa dos agentes de viagens, o turismo em Portugal e o turismo no mundo.”

Os desafios das agências de viagens

Atualmente, as agências de viagens enfrentam um ambiente de mercado em constante transformação. Pedro Costa Ferreira destacou que, “há 75 anos, as agências de viagens eram absolutamente imprescindíveis. Hoje, após várias revoluções e alterações no modelo de negócio, a competitividade e a concorrência desenvolvem-se ao longo de toda a cadeia de valor para conquistar o cliente.”

O grande desafio, afirmou o presidente da APAVT, “é criar valor. Esse é o grande desafio. Não há como afirmar se estamos a criar valor ou não sem olhar para os números. Quem não cria valor acaba por desaparecer do mercado. O que sabemos, com base nos números, é que o setor continua a criar valor.”

Sobre os diferentes modelos de negócio, Costa Ferreira explicou: “Os modelos de negócios são absolutamente diversos e podem focar-se no preço, na dimensão, em um produto específico ou em um segmento de mercado. Cada empresa ou agente de viagens representa um modelo de negócio que pode variar.” No entanto, sublinhou, “o que é sempre comum em qualquer modelo de negócio são os recursos humanos.” O presidente ressaltou que o setor conta com “recursos humanos altamente qualificados, não só no turismo, mas também no contexto da economia nacional.”

Referindo-se à adaptação às novas tecnologias, Pedro Costa Ferreira comentou: “Apesar de as agências de viagens serem, em grande parte, microempresas, já utilizam tecnologia há muito tempo, principalmente através dos sistemas de reservas. Não tenho grandes preocupações quanto à tecnologia, as agências têm-se adaptado bem.” No entanto, o presidente reconheceu que a inovação pode representar um desafio para o setor: “A inovação exige grande capacidade financeira, e sabemos que o setor não é composto por empresas de grande dimensão, e a economia nacional também não o é.”

Quanto ao impacto da inteligência artificial, Costa Ferreira afirmou: “Não podemos perder o comboio da inteligência artificial. Embora haja muitas dúvidas sobre seu impacto, sabemos que quem já utiliza a inteligência artificial vai sair à frente. E não foi por acaso que, no último congresso, iniciamos o diálogo sobre inteligência artificial. Teremos certamente mais desenvolvimentos no nosso congresso de Macau.”

Por fim, o presidente da APAVT ressaltou que o foco no cliente nunca deve ser perdido: “Se as agências de viagens conseguiram adaptar-se a tantas inovações e alterações ao longo dos anos, é porque nunca perderam o foco no cliente.”

Guerra de campanhas e rentabilidade

Quando questionado sobre a atual guerra de campanhas e a rentabilidade das agências de viagens, Pedro Costa Ferreira afirmou com naturalidade: “O mercado é assim mesmo. O que estamos a assistir é apenas a interação natural do mercado. Fujo sempre de tentar dar passos atrás em algumas alterações profundas nos modelos de negócios, que já não voltarão atrás. Há muitos anos, o modelo de negócios exigia características técnicas, um capital social mínimo, um diretor técnico, etc. Tudo isso foi alterado há décadas e foi substituído pela proteção ao cliente. Estas mudanças visavam dinamizar a concorrência. Portanto, discutir comissões mínimas e outros aspectos é um debate estéril”. “Temos a obrigação de explicar às pessoas que não existem soluções fáceis, nem no campo jurídico nem no mercado. A resolução está na competitividade do negócio. Não estou a minimizar os problemas ou preocupações, mas estou a dizer com coragem que as soluções estão no modo como fazemos o negócio e como somos competitivos”, defendeu.

“Temos a obrigação de explicar às pessoas que não existem soluções fáceis, nem no campo jurídico nem no mercado. A resolução está na competitividade do negócio. Não estou a minimizar os problemas ou preocupações, mas estou a dizer com coragem que as soluções estão no modo como fazemos o negócio e como somos competitivos”

O aeroporto e o impacto no turismo

Por fim, o presidente da APAVT foi questionado sobre o impacto das obras no aeroporto de Lisboa e o possível atraso na construção do novo aeroporto. Costa Ferreira mostrou-se pessimista, destacando que “o turismo em Portugal está muito dependente dos aeroportos devido à sua localização estratégica.” Apesar de considerar a situação estratégica vantajosa, especialmente na atração de mercados da América do Norte, reconheceu as limitações: “Estamos muito dependentes dos aeroportos. Sou muito pouco otimista em relação a todas as notícias sobre o novo aeroporto. Não foi tomada a decisão de fazer o novo aeroporto, mas sim a decisão de tentar fazer o novo aeroporto.”

Pedro Costa Ferreira expressou ainda a sua preocupação sobre o impacto das obras em Lisboa: “O que nos separa de recebermos melhor os turistas são as obras no aeroporto de Lisboa.

“É absolutamente crucial para o turismo que melhoremos as condições de acolhimento. Estamos a resolver algumas questões utilizando mais o aeroporto do Porto, o que é viável para mercados de longo curso. Para mercados de curto curso, porém, é mais difícil deslocar turistas por três ou quatro horas dentro de Portugal para depois fazer um voo de uma hora”, concluiu.

DEIXE A SUA OPINIÃO

Por favor insira o seu comentário!
Por favor, insira o seu nome aqui

-PUB-spot_img
-PUB-spot_img