O fosso entre a procura das companhias aéreas e a capacidade do espaço aéreo europeu parece destinado a persistir, pois, em 2022, os Estados-Membros da União Europeia não conseguiram, mais uma vez, providenciar uma capacidade de espaço aéreo adequada. Conforme apontado no mais recente relatório anual do Organismo de Análise do Desempenho do Céu Único Europeu (PRB), os atrasos ultrapassaram “significativamente as metas estabelecidas”, com um aumento de 400% no atraso médio por voo.
O órgão de análise do desempenho da Comissão Europeia divulgou o seu relatório anual de acompanhamento para 2022, que avalia o desempenho dos Estados-Membros do Céu Único Europeu e dos respetivos prestadores de serviços de navegação aérea (ANSP) em áreas-chave, como segurança, ambiente, capacidade e eficiência de custos.
O relatório destaca a continuidade da incapacidade dos Estados-Membros em cumprir os planos de desempenho acordados para o espaço aéreo europeu.
A Airlines for Europe (A4E), a principal associação de companhias aéreas da Europa, afirma que é pouco provável que a situação melhore a curto prazo. O PRB reitera uma recomendação feita no ano anterior, instando os países da União Europeia a tomar medidas imediatas para evitar futuras carências de capacidade.
“Associado ao aumento do tráfego aéreo e à robusta procura de passageiros, estamos a enfrentar uma tempestade perfeita que continua a afetar as operações das companhias aéreas e a causar perturbações desnecessárias a milhões de passageiros.”
A A4E sublinha que esta situação poderia ser facilmente evitada se os Estados-Membros usassem todos os recursos disponíveis para melhorar os sistemas e reduzir a crescente discrepância entre a procura e a capacidade no espaço aéreo europeu.
“As companhias aéreas estão a fazer progressos na sua recuperação, enquanto o espaço aéreo europeu continua praticamente paralisado. Não podemos permitir que os atrasos médios nos voos aumentem mais 400%. Os passageiros europeus merecem uma experiência melhor”, afirmou Ourania Georgoutsakou, diretora-geral da A4E.
A A4E gere uma frota de mais de 3.300 aeronaves, que no ano passado transportaram mais de 610 milhões de passageiros para quase 2.000 destinos.
“Este não é apenas um relatório; é um apelo à ação. Precisamos reforçar a capacidade do espaço aéreo europeu, reformar as suas operações e facilitar a operação mais eficiente das companhias aéreas. Isso não só proporcionará uma melhor experiência as passageiros, mas também permitirá às companhias aéreas reduzir o seu impacto ambiental”, acrescentou Georgoutsakou.