Barcelona, um dos destinos turísticos mais populares de Espanha, anunciou uma medida drástica para proibir o aluguer de apartamentos para turistas até 2028. Esta decisão visa controlar o aumento dos custos de habitação para os residentes.
O presidente de câmara Jaume Collboni declarou na sexta-feira, dia 21, que, até novembro de 2028, Barcelona irá revogar as licenças dos 10.101 apartamentos atualmente autorizados para aluguer de curta duração.
“Estamos a enfrentar o que acreditamos ser o maior problema de Barcelona”, afirmou Collboni durante um evento do município. Isso significa que “a partir de 2029”, se tudo correr conforme o planeado, “os apartamentos turísticos, como os conhecemos hoje, deixarão de existir em Barcelona”.
O crescimento do aluguer de curta duração na cidade, que é a mais visitada por turistas estrangeiros na Espanha, fez com que muitos residentes não conseguissem pagar um apartamento, já que o aluguer de uma casa aumentou 68% nos últimos 10 anos e o custo de compra de uma casa subiu 38%, explicou Collboni. O acesso à habitação tornou-se um fator de desigualdade, especialmente para os jovens, acrescentou.
Desde 2014, Barcelona tem vindo a suspender a emissão de novas licenças, limitando o número a 9 600 unidades. Ao longo da última década a cidade registou aumentos significativos nas rendas de habitação, correlacionados com uma diminuição da disponibilidade de habitação para os residentes locais. Embora reconheça que os efeitos não serão imediatos, Jaume Collboni quer “garantir o direito de viver em Barcelona e resolver efetivamente a crise de habitação que enfrentamos há anos”.
Javier Delgado, Managing Partner & CEO EMEA da Mirai, afirmou que a “situação atual, com uma legislação pouco clara e uma oferta ilegal/não regulamentada que aumenta exponencialmente, cria um ecossistema desequilibrado e injusto para o sector do alojamento e tem um efeito negativo nas comunidades locais”.
“A solução ideal seria um regulamento europeu que estabelecesse regras e restrições claras que garantissem a sustentabilidade e a equidade. Em todo o caso, temos de reconhecer que é fácil de dizer e difícil de fazer”, acrescentou.
Vanessa de Souza Lage, da Sustonica, empresa que oferece certificação de sustentabilidade para aluguer de curta duração, comentou que “a proposta de proibição dos aluguer de curta duração (RTS) em Barcelona terá consequências negativas significativas a longo prazo que o atual governo está a ignorar. O aluguer de curta duração são essenciais para dispersar o turismo pela cidade. A sobrelotação é sobretudo um problema nas zonas densamente povoadas por hotéis, enquanto muitos outros bairros de Barcelona acolheriam mais turistas”.
Acrescentou ainda que como os turistas “cozinham no alojamento, é mais provável que façam compras nos mercados locais, comprem produtos locais e, por conseguinte, contribuam diretamente para a economia local. Esta despesa local impulsiona a economia do bairro, criando empregos e promovendo a resiliência económica. Em contraste, os turistas que se hospedam em cadeias de hotéis normalmente canalizam seus gastos através de corporações internacionais, com grande parte da receita deixando a economia local”.