Domingo, Novembro 3, 2024
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Bernardo Trindade pede agilização nos apoios do Banco de Fomento

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Apesar de reconhecer que o “turismo vive um momento de regresso”, Bernardo Trindade afirmou esta sexta-feira, dia 22 de abril, que o setor continua a precisar de ajuda e apelou a uma agilização dos apoios do Banco de Fomento. O novo presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) falava no discurso da tomada de posse dos novos órgãos sociais da associação, eleitos na passada terça-feira.

Bernardo Trindade recordou que, os últimos dois anos, foram “de muita dificuldade e sem paralelo” na atividade turística, “com hotéis fechados e colaboradores em casa”. “Aquilo que sentimos foi uma paralisação da atividade que, felizmente, foi acompanhada e apoiada pelas instituições públicas com um conjunto de medidas. Mas não nos iludamos, foi apenas um esforço. A qualidade dos nossos balanços deteriorou-se bastante”, defendeu.

Embora o setor esteja “animado com este regresso”, Bernardo Trindade não deixou de sublinhar a “inflação de preços da cadeia de produção sem precedentes” que está a ser sentida atualmente em resultado da guerra na Ucrânia. “Precisamos de ser ajudados, o que queremos fundamentalmente, neste nosso apelo, é trabalhar em conjunto com as instituições públicas para que os nossos balanços e a qualidade da nossa produtividade possa prosseguir”.

Dirigindo-se à secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques, que também esteve presente no evento, o presidente da AHP, fez um apelo: “Chegou o ponto de agilizarmos os apoios, essa é a nossa expetativa. O Banco de Fomento faz todo o sentido existir do ponto de vista de política pública, e precisamos agilizar por completo a sua atuação. Sé assim faz sentido.

“Chegou o ponto de agilizarmos os apoios, essa é a nossa expetativa”.

Recursos Humanos, Contrato Coletivo de Trabalho e acordos de mobilidade

A falta de mão de obra no setor foi um dos temas abordados por Bernardo Trindade no discurso de tomada de posse. O presidente da AHP lembrou que, até 2019, era o turismo que liderava a criação de riqueza e emprego em Portugal. “Chegámos a ter mais de 400 mil pessoas a trabalhar no setor do turismo em Portugal”, afirmou.

No entanto, a pandemia inverteu este cenário. “Entre dezembro de 2019 e dezembro de 2021, a família do turismo perdeu 45 mil registos na Segurança Social”, sublinhou o responsável da AHP, para quem não é nos salários que está o problema. “A hotelaria liderou sempre, na família do turismo, a melhor remuneração”, defendeu.

“Entre dezembro de 2019 e dezembro de 2021, a família do turismo perdeu 45 mil registos na Segurança Social”

A relação com os sindicatos também foi abordada no discurso. Depois de ter assinado com a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços, Comércio, Restauração e Turismo (SITESE/FETESE), o novo Contrato Coletivo de Trabalho, a AHP está disponível para fazer o mesmo com a Fesaht – Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal.

“Estamos disponíveis para rever as carreiras e as remunerações das categorias do setor hoteleiro. Mas também fazemos desde já um aviso: a base de partida dessa negociação foram os ganhos de causa que trouxemos no acordo com o SITESE. Queremos estar completamente alinhados com uma tendência que é normal e natural: quanto mais rígidos ficarmos em relação ao trabalho mais dificuldade vamos ter em recrutar. Esse é um apelo que faço ao Governo e aos sindicatos e a todos os parceiros. Temos de nos atualizar, isso é algo que é reclamado pelas novas gerações”, afirmou o responsável.

Os contratos de mobilidade com a CPLP, que permitem trazer trabalhadores para Portugal, também foram recordados por Bernardo Trindade, que apelou a uma simplificação dos processo. “Entendemos que é suficiente um contrato de trabalho, comprovativo de morada e uma folha limpa em sede de registo criminal não é preciso complicarmos”.

SEF e Aeroporto de Lisboa

Bernardo Trindade deixou para o final dois temas recorrentes do setor turístico relacionados diretamente com a procura turística. A questão do SEF e das entradas nos aeroportos portugueses e a construção do novo aeroporto de Lisboa.

Começando pelo SEF, o presidente da AHP repetiu o apelo já anteriormente feito pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP): acabar com as filas nos balcões do SEF à chegada de passageiros do longo curso. “Chegam a Portugal de manhã, entre 7h e as 10h00, e esperam três horas. É um belíssimo cartão de visita que Portugal está a dar às milhares de pessoas que querem visitar-nos”, constatou.

“Aquilo que estamos a pedir não são as 16 de box, com agentes do SEF 24h disponíveis, são as 16 box disponíveis das 7h às 10h da manhã, que é o tempo em que normalmente os voos de longo curso chegam, para não darmos esta imagem péssima de um país que quer singrar no Turismo”, apelou.

Bernardo Trindade deu ainda outro exemplo de um problema que se arrasta no Aeroporto da Madeira. “Estamos há anos para comprar os equipamentos que permitem fazer a monitorização da aproximação à pista do aeroporto. Os equipamentos atuais datam da abertura do aeroporto. É um investimento que andará à volta de 3 a 4 milhões de euros, para perceberem o ridículo desta situação.”

“[AEROPORTO DE LISBOA] estamos há mais de 50 anos nesta discussão, é tempo de decidir e decidir sem receio”

Por último, o presidente da AHP destacou o tema da construção do novo aeroporto de Lisboa. “Queremos ser a solução neste objetivo que o Governo tem quanto ao contributo do turismo, mas sabemos bem que os clientes são a peça fundamental no cumprimento deste objetivo, estamos há mais de 50 anos nesta discussão, é tempo de decidir e decidir sem receio”.

Bernardo Trindade fez referência ainda à conjuntura política do país, para dizer que “as últimas eleições legislativas deram confiança a um partido através de uma maioria absoluta, essa confiança deve ser interpretada para reformar sem receios”. “É também o tempo de retirar a centralidade do debate do parlamento para trazê-lo para a concertação social”, defendeu.

O presidente da AHP termino o discurso de tomada de tomada de posse com o compromisso de dizer “presente” aos desafios que o setor tem pela frente. “Dizemos presente, sobretudo, por uma razão muito simples: faremos isso pelo turismo e pela hotelaria, mas faremos, sobretudo, porque entendemos que Portugal merece um contributo do turismo que vá de encontro às expetativas de milhares de pessoas que optaram por fazer carreira neste setor”.

Por sua vez, a secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques, reconheceu, durante o seu discurso, os desafios apresentados anteriormente por Bernardo Trindade. “Os desafios mantém-se oportunos e têm de ser respondidos com brevidade”. “É verdade que trabalhámos bem até 2019, fizemos muito, mas a partir de hoje, em que se assiste, não ao regresso aos valores de 2019, mas sobretudo ao renascimento de um novo ciclo do turismo, temos de fazer melhor”, disse Rita Marques, afirmando a sua confiança de que o setor será capaz de “reclamar o posicionamento e o protagonismo que merece e deseja” ter em Portugal.

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