Com um aumento de faturação superior a 100% e vendas que ultrapassam 125%, a DS Travel, parte do Grupo DS, posiciona-se no mercado da distribuição. Em entrevista, Marta Almeida, coordenadora nacional da DS Travel, fala sobre a recente criação de uma rede de Consultores de Viagens Associadas, bem como a estratégia de personalização dos serviços para atender às necessidades específicas dos clientes.
Quais têm sido os principais destaques e desafios para a DS Travel em 2024?
O ano de 2024 tem sido um ano para solidificar e consolidar as operações. Estamos já com um crescimento superior a 100% em termos de faturação e mesmo em relação às vendas estamos a falar de um crescimento acima de 125%. Portanto, a evolução da DS Travel está a acompanhar o crescimento e a dinâmica do setor.
Como a empresa avalia o seu desempenho em relação ao mesmo período do ano anterior?
Inauguramos a primeira agência em junho de 2023. Estes valores dizem respeito a um semestre inteiro do ano passado e um semestre inteiro deste ano. Acreditamos que, a continuar esta tendência, vamos acabar o ano com um crescimento muito interessante.
Quantas agências têm atualmente?
Estamos com 20 lojas e o objetivo é chegar o mais rapidamente possível às 100 agências. Só nos primeiros meses do ano inauguramos seis novas lojas e temos ainda algumas em fase de inauguração. Estamos satisfeitos porque há aqui uma dinâmica muito interessante e a DS Travel felizmente está a conseguir acompanhar, apesar de ainda ser uma marca muito recente no mercado.
Apesar de estarmos num mercado muito competitivo, mas muito em alta, aquilo que queremos fazer é marcar pela diferenciação. Fizemos uma reestruturação, reforçámos a equipa, para conseguirmos dotar cada vez mais as nossas equipas, com formação especializada, muito nas vertentes técnicas, comerciais, mas também comportamentais e trazendo até elas um plano estratégico inovador. Não queremos ser mais uma marca, queremos acrescentar um valor diferente ao setor, e estamos a trabalhar nesse sentido.
“Estamos com 20 lojas e o objetivo é chegar o mais rapidamente possível às 100 agências. Só nos primeiros meses do ano inauguramos seis novas lojas e temos ainda algumas em fase de inauguração”
Com base nas análises da DS Travel, quais são as tendências de destinos de férias mais destacadas para este ano?
Não foge muito aos dados do primeiro semestre. Por um lado, temos mais famílias a quererem comprar pacotes de viagens. Cada vez mais temos a família ou o grupo de amigos que vem para criar uma viagem personalizada. Temos levado muito esse serviço. Não só é um pacote que está ali, do operador, mas vamos criar nós a viagem, o sonho. As tendências continuam a ser as mesmas: as Caraíbas, Cuba está em alta agora, vendemos muito no verão o sul do país; e a ilha de Djerba. Uma tendência que notamos é as pessoas virem cada vez mais cedo para encontrar melhores preços. Neste momento já se começam a vender os mercados de Natal e os destinos de verão para o nosso inverno, portanto começamos a ter alguma procura nisso.
E não há abrandamento?
Não, pelo contrário. Acredito que o pós-pandemia fez com que as pessoas ponderassem mais e refletissem mais sobre os objetivos de vida. E a verdade é que a viagem é o sonho. A viagem é criar memórias, é poder proporcionar memórias aos filhos, à família. Por aquilo que se vai vendo, as pessoas estão a viajar mais e a querer proporcionar mais aos filhos, às famílias essas tais experiências. A prova disso é que o valor médio de venda este ano está superior em relação àquilo que foram os preços e os valores que se venderam em 2023. Este ano está a oscilar entre os 4.000 e 4.500 euros para uma família de 4 pessoas. Em 2023 andava entre os 3.500 e 3.800 euros. Não chegava aos 4.000 euros, nas nossas agências.
Até o final deste ano de 2024, quais são as vossas apostas, ao nível de produto?
Este ano estamos numa fase de reestruturação interna da marca. Criámos, através da academia de formação do grupo DS, um canal específico de formação para as lojas e para as equipas da DS Travel. Temos uma formadora com muitos anos de experiência que vai ministrar formações quer em loja, quer em sala. Tudo isto vai ao encontro daquilo que foi o recente lançamento do Consultor de Viagens Associado da DS Travel. Porquê? Para já é uma oportunidade para as equipas das lojas crescerem e passarmos a ter um serviço muito mais próximo da população. Não queremos ter apenas o serviço de loja, queremos ter um serviço mais próximo da população e acreditamos que a proatividade destes novos elementos vai permitir que os nossos clientes possam usufruir de um serviço mais personalizado e diferenciado que vai ser adaptado às necessidades específicas de cada pessoa. Pretendemos também ter um maior enfoque nos produtos e serviços mais direcionados, por exemplo, com criação de experiências com viagens de grupo.
“Queremos, num curto espaço de tempo, liderar também este mercado, à semelhança do que já acontece com outras áreas do grupo”
Tratam-se de viagens de assinatura?
Não vamos chamar viagens de assinatura mas vamos criar esse produto cá dentro. Vamos querer ter viagens especializadas e direcionadas para alguns públicos-alvo e acreditamos que trabalhar com uma estratégia vai permitir consolidarmos e complementarmos o trabalho que já realizamos com o cliente da loja. Queremos ir mais além para ter maior personalização e especialização. Os nossos consultores, sejam os consultores de loja ou consultores associados, serão os responsáveis por oferecer recomendações mais personalizadas aos seus clientes, levando em conta o perfil de cada cliente viajante, bem como também as suas preferências e expectativas. Acreditamos que, ao permitir a criação de pacotes de viagens exclusivos, vamos melhorar a satisfação e fidelizar o nosso cliente. Não temos grande dúvida disso. Tivemos a estratégia de loja até agora e agora queremos dar um passo em frente. Vamos querer que o consultor ofereça um serviço de acompanhamento completo, desde o planeamento da viagem, a presença como team leader durante a viagem e o acompanhamento pós-venda. Só assim vamos garantir uma experiência que, à partida, será sem contratempos e, com isto, vamos aumentar a confiança do nosso cliente.
Também estamos a fazer uma forte aposta em tecnologia e em inovação, com plataformas de comunicação digital, para criar uma experiência mais eficiente e ágil para todos. Isso vai permitir chegar a um público muito maior, mais exigente, que quer cada vez mais viagens únicas, exclusivas, expandir a operação de cada loja, mas sem perder aquele toque humano do nosso serviço.
Resumindo, uma forte aposta no digital, em tecnologias, em novas plataformas, mas sem perdermos também muito esta experiência do one-to-one. Queremos que as pessoas saibam quem é a pessoa que planeou e que vai acompanhar a viagem. Acreditamos que esta estratégia, que combina a existência de consultores associados a lojas existentes, com a abertura de novas agências, formação e evolução tecnológica, vai ser fundamental para o crescimento e consolidação da DS Travel. Queremos, num curto espaço de tempo, liderar também este mercado, à semelhança do que já acontece com outras áreas do grupo.
Quantas lojas vão abrir até ao final do ano? E no próximo ano?
Se queremos chegar às 100, rapidamente temos que chegar às 50, porque é o primeiro passo. Temos o departamento de expansão a trabalhar nesse objetivo. Portanto, queremos muito que, até o final do primeiro semestre de 2025, esteja já bem acima das 50 lojas. Estamos a criar algumas estratégias de marketing e de comunicação para que as pessoas nos conheçam e percebam que têm aqui uma oportunidade de empreender numa área que é agradável para tanta gente.
Consultor de Viagens Associado: “queremos proporcionar a essas pessoas a possibilidade de se juntarem a uma marca de referência, com um plano, uma estratégia, ferramentas e condições para que eles possam continuar a trabalhar de uma forma independente, mas associados à rede e com muitos benefícios para eles”
A criação da figura do Consultor de Viagens da DS Travel não canibaliza a expansão de lojas?
Não. Para já, há pessoas que têm perfil de empreendedor e querem ter loja e a sua equipa de consultores. Portanto, a abertura de novos espaços nunca vai parar. Depois temos pessoas que, por si só, já estão a trabalhar de forma isolada, por paixão às viagens. E nós queremos proporcionar a essas pessoas a possibilidade de se juntarem a uma marca de referência, com um plano, uma estratégia, ferramentas e condições para que eles possam continuar a trabalhar de uma forma independente, mas associados à rede e com muitos benefícios para eles. Posso dizer que tenho dezenas de candidaturas e pedidos de informação, dos quais 30 com reunião marcada para conhecerem a figura do consultor.
Destas candidaturas que já receberam, qual é o perfil dos candidatos?
Na grande maioria dos casos são pessoas que já estão a trabalhar na área, só que estão sozinhas. Veem aqui uma oportunidade de se juntarem à rede, vão ter melhores condições, vão poupar algum dinheiro em termos de licenças de seguros, de questões legais obrigatórias, RNAVT, e por aí fora. Vão poder trabalhar e usufruir daquilo que a loja já tem. Portanto, é trabalhar de forma independente, mas inserido numa equipa, numa família que também tem interesse nos resultados dessas pessoas. Vamos trabalhar todos em função do mesmo.
Quantos consultores gostariam de ter na rede?
Temos condições para ter, até ao final do ano, 30, 40 pessoas.
Surpreenderam-se com o número de candidaturas?
Não, porque também andamos lá fora, vamos vendo e ouvindo. Pareceu-nos ser certeira esta ideia porque, de facto, cruzavamo-nos com imensa pessoas que nos diziam que gostavam de trabalhar connosco, estar na rede, mas continuar a trabalhar de forma independente. Nós fomos de encontro disso e também porque queremos levar este serviço mais personalizado e estar mais perto das populações, com a criação das viagens de assinatura.
Relativamente às agências físicas, são lojas já existentes e que mudaram de marca ou abrem lojas de raiz? Qual é o perfil?
Temos um mix. Como temos no grupo da DS uma complementaridade muito grande de áreas, temos várias pessoas que já estão no grupo com outras áreas de negócio e que com esta possibilidade de terem também a consultoria em viagens, acabam por perceber que podem dar um serviço ainda mais benéfico aos seus clientes. As pessoas compram casas, carros, fazem crédito e também viajam.
O nosso objetivo é que cada loja do nosso grupo possa ter o seu consultor de viagens integrado, sempre associado a uma loja da DS Travel para poder proporcionar ainda mais este serviço de consultoria nas viagens.
Por outro lado, também temos pessoas com muita experiência na área e que estavam a trabalhar de forma isolada e que veem aqui, no grupo DS, a possibilidade de estarem integrados numa família profissional que lhes dá outras condições para poderem desenvolver a atividade que tanto gostam.
“O processo de expansão está em curso um pouco por todo o país. Já temos algumas lojas espalhadas e queremos estar em todas as localidades onde ainda não estamos. Também é fundamental haver uma aposta forte no interior do país”
Em que regiões do país pretendem expandir a vossa presença?
O processo de expansão está em curso um pouco por todo o país. Já temos algumas lojas espalhadas e queremos estar em todas as localidades onde ainda não estamos. Também é fundamental haver uma aposta forte no interior do país, para podermos levar este serviço às famílias, porque sabemos que é um recurso mais escasso, não há tanta oferta. Olhando para aquilo que o grupo já fez e onde estamos com presença física, acreditamos que há margem para crescer e para estar em todos os distritos do país em força e é esse o nosso objetivo.
Este setor da distribuição turística é dinâmico, temos os grupos de gestão, redes de agências, agências independentes. Equacionariam expandir-se através da compra de alguma rede?
Todas as situações que nos chegam são analisadas com cuidado, não fechamos as portas a nenhuma oportunidade que seja benéfica para o grupo e para a rede e, em última instância, benéfica para quem poderá ponderar juntar-se a nós.
Portanto, há sempre aqui uma análise cuidada de todas as situações que nos chegam. Estamos sempre abertos a sugestões, não fechamos as portas a nenhuma oportunidade.
Quando lançaram a DS travel integraram um grupo de gestão de agências, a DIT? Vão manter esta ligação?
Neste momento, a DS ainda está associada ao grupo de gestão da DIT. Acreditamos que é importante ter um parceiro para esta fase que ainda é de lançamento de marca. Queremos evoluir e vamos evoluir já no próximo ano com o desenvolvimento de uma plataforma de CRM, e quem sabe se não poderemos depois agregar diretamente toda esta gestão juntamente com os operadores. Para já é estratégico estarmos associados à DIT.
Reforçaram a equipa?
Sim, estamos neste momento com a academia de formação e uma das vantagens é que é uma formação certificada, tivemos de ir buscar alguém ao mercado que tem muitos anos de experiência, a Fátima Sorte, para poder dotar as nossas equipas de formação especializada, focada na área comercial, de dinamização, criação e criatividade.
Vão estar presentes na Bolsa de Turismo de Lisboa?
Sim, em princípio tudo aponta para que tenhamos um stand próprio, estamos em negociação ainda.