“No meio da dificuldade, mora a oportunidade” é com esta frase de Albert Einstein que abro todos os dias a porta da agência onde trabalho e das salas de aula onde leciono. É dessa forma que, orgulhosamente peço à minha equipa da Travel Feeling e aos meus alunos que encarem a vida.
O “Dia C” – Dia Covid, ficará para sempre marcado nos próximos livros de história como o dia em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto da doença COVID-19. O dia em que nos começamos a aperceber que a COVID não seria apenas uma gripe. Seria no entanto apenas a partir do dia 18 de março 2020, quando foi decretado o estado de emergência em Portugal, que refletiríamos na gravidade da situação e nos víamos a braços com algo até então reservado ao mundo cinematográfico, um lockdown. Nesse dia os mais atentos perceberam que nunca mais nada seria igual na sociedade, na economia, no mundo…na vida.
Nas agências de viagens, uma coisa era certa: o pânico estava instalado. Nunca, tantas desistências, cancelamentos, foram feitos num tão curto espaço de tempo. O que até ao dia anterior fazia querer que seria o melhor ano de sempre para o negócio, rapidamente passou ao pior. Não existia qualquer dúvida que momentos sombrios se iriam viver e que nem todos os negócios iriam resistir. Lentamente, ainda que de forma análoga, se percebeu que os cursos de turismo esvaziariam no ano seguinte. Dois fenómenos reais, mas incoerentes. O turismo parou do dia para a noite, sim! É um facto incontestável, contudo nada faria prever que as pessoas não voltassem / não quisessem voltar a viajar. Seria lógico que após um período de enclausuramento a vontade de viajar fosse exponencialmente maior. Seriam então precisas apenas três premissas para que tal pudesse acontecer: ser legal, existir confiança e, por último, existir poder de compra. Voltando a estar reunidas essas condições, o turismo voltaria sem dúvida a crescer e passaria a liderar novamente o ranking dos sectores com mais importância económica mundial…teoricamente. No entanto o Mundo mudou, a forma de viajar mudou e esta mudança será para sempre. Testes, quarentenas, formulários e outras dificuldades serão cada vez mais usuais. É também aqui para que os serviços de consultoria, como o aconselhamento da melhor rota, destino ou hotel passaram a ser ainda mais valiosos. Quanto mais difícil, mais importante é o know how dos agentes de viagens, mais nos devemos superar. Existe assim uma janela única de oportunidades para as agências e os agentes de viagens voltarem a afirmar a sua importância.
Se há algo que a pandemia trouxe de bom às agências de viagens foi novamente a valorização da profissão, o demonstrar do valor acrescentado que as agências e os agentes têm para quem as procura.
As agências de viagens terão, impreterivelmente, de inovar e apresentar-se de forma renovada ao mercado (incluindo às novas gerações que tinham fugido para o agendamento online). Mais serviços, melhores atendimentos, mais rápidas soluções e, sobretudo, um serviço individualizado ao dispor dos seus clientes. A internet é uma ferramenta indispensável nos dias de hoje, mas, por si só, não substitui o “desenrascar” humano e não resolve o repatriamento de clientes bloqueados, pois não? Se há algo que a pandemia trouxe de bom às agências de viagens foi novamente a valorização da profissão, o demonstrar do valor acrescentado que as agências e os agentes têm para quem as procura.
Resta-me deixar-vos com um pedido, uma pergunta e uma resposta. O pedido: que os profissionais do sector saibam valorizar o que oferecem, não caindo na armadilha do “é só uma informação”. A pergunta: estaremos preparados para nos reinventarmos tão profundamente? A resposta é simples: quanto maior o desafio, maior a superação, não tenho dúvida que sairemos vencedores.
Por Pedro Cardoso
Licenciado em Gestão de Empresas pela Faculdade de Economia do Porto, é diretor geral da Travel Feeling – Agência de Viagens e Professor Universitário na Universidade Lusófona do Porto e de Lisboa, no ISLA – Gaia e formador do IEFEP do Porto, em disciplinas ligadas ao Turismo e a Gestão.