As eleições deste ano, por todo o mundo, estão a levantar muitas questões no setor de viagens devido às alterações que poderão impactar as empresas. Variados líderes de toda a cadeia de valor do turismo foram questionados sobre o que achavam que os novos governos deviam considerar fazer no turismo.
A indústria do turismo não é regularmente mencionada nos tópicos e promessas das campanhas eleitorais, de acordo com o WTTC. No entanto, a sustentabilidade tem vindo a ser um dos temas abordados nos debates políticos.
Para Martin Eade, da Vibe, um fornecedor de tecnologia de pesquisa e reserva para vendedores de viagens online, está é uma “oportunidade de ouro” para criar cálculos e relatórios de emissões normalizadas.
“O que o setor das viagens precisa é de uma forma normalizada, clara e consistente de calcular as emissões nos transportes e no alojamento. Sem isso, como é que podemos esperar que os viajantes dêem prioridade à sustentabilidade quando fazem as suas reservas?”, salienta.
Martin Eade diz ainda que fornecer aos viajantes “informações claras e exatas sobre a sustentabilidade em todas as fontes de reserva permitir-lhes-á fazer escolhas informadas e responsabilizar todos os vendedores e fornecedores pelas mesmas normas, o que neste momento não acontece, mesmo a nível de um país como o Reino Unido, quanto mais a nível global”.
Sami Doyle, diretor executivo da TMU Management, defende que existe uma necessidade urgente de uma legislação global consistente sobre as viagens organizadas. “Esperamos ver um esforço concertado das partes para fazer progredir a legislação que protege os direitos dos passageiros e dos vendedores de viagens, com enfoque nas opções de proteção financeira disponíveis ao abrigo dos respetivos regulamentos sobre viagens organizadas. A maioria dos turistas está a optar por férias organizadas, pelo que a proteção dos viajantes em caso de cancelamento ou insolvência da transportadora aérea está no topo da agenda do setor das viagens”, afirma.
“A indústria das viagens procura clareza, coerência e harmonização transfronteiriça na abordagem legislativa da proteção financeira. Este facto coloca vários desafios às empresas de viagens, introduzindo potencialmente barreiras ao comércio e proporcionando uma vantagem competitiva a uma região legislativa em relação a outra. O recente e repentino colapso do gigante FTI, o terceiro maior operador turístico da Europa, só demonstra a importância de se fazer tudo corretamente”, acrescenta o diretor executivo da TMU Management.
No que diz respeito ao espaço de aviação, Maxim Sevastianov, da Trava, destaca os desafios das perturbações das companhias aéreas, ao dizer que a regulamentação atual sobre os reembolsos e as remarcações das companhias aéreas são difíceis de se compreender, especialmente nos EUA, visto que “não obrigam as companhias aéreas a reembolsar ou a cobrir os custos de bolso nos casos em que as condições meteorológicas contribuíram para o atraso, ao passo que a UE o faz“, comenta.
Além de uma maior coordenação e coerência para proteger os consumidores e os agentes de viagens quando os voos são cancelados ou sofrem atrasos, Maxim Sevastianov defende que é necessário estabelecer quadros acordados sobre a forma de processar os pedidos de indemnização ou de prestar apoio durante os atrasos. Temos de continuar a trabalhar para restabelecer a confiança dos consumidores nas viagens, o que deve ser uma prioridade para qualquer governo”, sugere.
O excesso turístico tem sido uma temática na agenda noticiosa, na qual são abordados os alugueres de curta duração (STR). É esperado, por muitos, um cenário mais justo e regular entre hotéis e STR, segundo comunicado.
Adam Harris, CEO da Cloudbeds, explica que “não é justo para nenhum setor que as mudanças de jurisdição ocorram com muita frequência. Quer se trate de alugueres de curta duração, de um parque de campismo de hotel, de um hostel ou de um grupo hoteleiro com várias propriedades, os operadores merecem transparência, um conjunto duradouro de normas e um campo de jogo justo”, afirma.
O CEO da Cloudbeds defende ainda que o setor necessita de uma política que se mantenha durante algum tempo, “com boas políticas que não mudem de seis em seis meses, os sistemas podem adaptar-se e criar uma aplicação universal, o que significa que a inovação pode acelerar para criar um setor mais saudável e um hóspede mais feliz. Neste momento, estamos bloqueados. Muitos eleitores preocupam-se com esta questão e esperamos que os políticos se apercebam disso durante este ciclo eleitoral”, acrescenta.