Com o mote “Energia Positiva”, a Solférias apresentou esta semana a sua programação para a temporada de inverno 2023/2024 aos agentes de viagens. Em entrevista ao TNews, Nuno Mateus faz o balanço da operação de verão, que está prestes a terminar. Cabo Verde releva-se um destino veterano imbatível e Zanzibar, uma das apostas da Solférias este ano, será muito provavelmente para continuar, revela o diretor geral do operador.
Quais foram os pontos fortes e fracos da operação de verão deste ano?
A operação correu bem, já consigo fazer esse balanço, apesar do verão ainda não ter acabado. Temos operações a decorrer e a maioria vai terminar até ao final do mês. O que notamos em relação aos anteriores, e que para mim é o mais importante, é a antecedência com que os clientes aderiram às campanhas. É verdade que tem havido um esforço muito grande, nos últimos anos, para tentarmos antecipar as promoções de verão e também é verdade que nunca tínhamos conseguido antecipar tantas como em outubro e novembro de 2022, altura em que praticamente abrimos o verão. Foi já muito curioso ver o nível de vendas que houve em janeiro, em fevereiro e, principalmente, em março. A BTL foi, provavelmente, o ponto mais alto de vendas. Aí, realmente, houve uma grande antecipação. Essa antecipação levou a que, meses que eram muito fortes em termos de vendas, tivessem alguma quebra, principalmente maio e junho. A partir daí, entrámos numa normalidade e, nas últimas semanas, o nível de vendas tem sido mais ou menos igual ou superior ao ano passado, que tinha sido só o nosso melhor ano de sempre. As coisas têm estado a uma velocidade boa, se calhar um pouco inconstantes, é verdade, mas claramente que a antecipação fez a sua diferença. Em relação às dificuldades, teve muito a ver com o Aeroporto de Lisboa. A tendência devia ser os voos serem pontuais, o que infelizmente não tem acontecido. Isso, naturalmente, cria-nos problemas operacionais.
Mais do que no ano passado?
No ano passado existiu algo diferente. Tivemos muitos cancelamentos de voos regulares, algo que este ano não houve. O aeroporto está com uma ocupação muito mais elevada. As estatísticas assim o confirmam, já para não falar do período em que esteve cá o Papa. Temos sentido muita dificuldade no Aeroporto de Lisboa.
Vão superar as vendas este ano?
Estão acima do ano passado, mas os balanços fazem-se no final. A tendência é boa, se compararmos o período de hoje com o período de 2022 estamos acima, mas ainda temos a última parte do ano, que tem um peso relevante, ainda há muita coisa a vender. Nota-se, claramente, que há uma tendência de viajar ao longo do ano, com uma incidência no período escolar, mas o ano começa a ter algum equilíbrio, os períodos de viagens não tão defasados como no ano passado.
“Cabo Verde vai registar o melhor ano de sempre para a Solférias”
Até setembro, que destinos se venderam mais?
Cabo Verde foi o número um, está num nível fantástico. Aliás, neste momento, é um dos destinos mais equilibrados em termos de ocupações ao longo do ano. O Senegal vai ser o nosso destino número dois, o três a Disneyland Paris, quatro a Tunísia. No entanto, se considerar Portugal continental e ilhas, é o número quatro. Se for por destino é a Tunísia. O Brasil está num crescimento incrível. Depois temos Porto Santo, Zanzibar e Egito. Marrocos acaba por ser o último dos destinos de charter, não tanto pelo número de passageiros, mas pelo preço por passageiro, Saïdia é o destino mais económico. Marrocos acaba por estar na cauda das operações charter. Mas as operações charters correram francamente bem.
Qual a justificação para Cabo Verde continuar a ter um desempenho tão forte?
É um case study positivo. Não temos nenhum destino em que a taxa de repetição dos clientes seja tão elevada como em Cabo Verde. As pessoas gostam muito do destino, há quem vá todos os anos como destino principal de férias, há quem reserve uma semana para ir a Cabo Verde. O país tem uma proximidade ótima e consegue ter uma realidade completamente diferente do que estamos habituados. O tempo é completamente diferente, os serviços melhoraram, a hospitalidade dos cabo-verdianos é excecional, e as pessoas adoram. A taxa de repetição explica tudo. Este ano, voltámos a ter o charter da Boa Vista para descentralizar um pouco. Cabo Verde vai registar o melhor ano de sempre para a Solférias, tem batido recordes e não nos podemos esquecer que, durante a covid-19, foi um dos poucos destinos onde os portugueses se sentiram seguros e, na altura, teve muita relevância também.
“ZaNzibar: O retorno foi excecional. Em primeiro lugar, um grande obrigado às agências de viagens que confiaram em nós”
Qual o balanço que fazem do lançamento de Zanzibar? É para manter no próximo ano?
Zanzibar foi um dos grandes destinos que a Solférias lançou ao longo da sua história. Foi o destino mais arriscado, sem dúvida nenhuma. Estamos a falar de um voo de quase 10 horas. Ainda por cima, tivemos a dificuldade do espaço aéreo da Nigéria estar fechado, o que ainda acrescentou mais uma hora. O retorno foi excecional. Em primeiro lugar, um grande obrigado às agências de viagens que confiaram em nós. Sabíamos que o risco era grande. Falava-se muito se éramos capazes, ou não, de mantermos uma operação desta dimensão. A verdade é que foi um grande sucesso. O destino Zanzibar também foi uma grande surpresa. Porque, além de todas as qualidade naturais que o destino tem, tem uma riqueza humana fabulosa, ou seja, a hospitalidade dos locais é do melhor que alguma vez conheci, não há muitos destinos em que as pessoas sejam tão acolhedoras.
É para repetir no próximo ano?
Temos vontade de manter, claramente. Aliás, queremos manter pelo menos tudo o que fizemos este ano. O que acontece é que só podemos falar sobre as operações quando temos contratos assinados. Estamos numa fase de conclusão de quase tudo, mas ainda não está tudo encerrado. A nossa intenção é clara, estamos a trabalhar para voltar a programar Zanzibar em 2024.
“Penso que ninguém tem a ganhar em haver destinos com preços desequilibrados”
A grande oferta para as Caraíbas pode ter pressionado os preços dos pacotes turísticos. Isso teve impacto na procura e nos preços para os destinos de médio curso que a Solférias opera?
Os destinos das Caraíbas são muito relevantes no nosso mercado, nomeadamente a República Dominicana e o México. Acredito que, juntamente com Cabo Verde, formem o top 3 da procura dos portugueses. Claro que, quando um destino tão importante deixa cair os valores, tem naturalmente impacto. No nosso caso, o impacto não tem sido muito grande, porque temos vendido com muita antecedência. Não estou a dizer que não faça alguma mossa, claro que pode fazer, mas a verdade é que temos tido boas ocupações. As partidas não vão todas cheias, de vez em quando há uma que corre menos bem. Só que a análise das operações faz-se pelo global e não por uma ocupação. Se gostava que os preços fossem todos equilibrados? Claro que sim. Penso que ninguém tem a ganhar em haver destinos com preços desequilibrados. Agora, não sou eu a que controlo a oferta e a procura, limitamo-nos a fazer parte do trade, da operação e tentar colocar os nossos produtos da melhor maneira possível. É verdade que há muita procura pelos nossos destinos. A Solférias tem uma política de privilegiar a reserva antecipada, por isso é que na Solférias não veem preços mais baixos em campanhas de última hora do que na campanha antecipada. Creio que é pela confiança que os agentes têm em nós, a verdade é que as nossas ocupações estão muito bem vendidas.
“Analisando as vendas da Solférias, claramente que o Algarve perde para os destinos charters”
Porque razão o Brasil está a ganhar força no mercado português?
O Brasil neste momento é o nosso número cinco e, não tenho dúvidas, que passará a número quatro no final do ano. Já não me recordava de ver o Brasil no top quatro da Solférias.
Não posso deixar de referir o relacionamento positivo com a TAP. A verdade é que, nas questões de fundo, temos estado de acordo. Principalmente o Nordeste, que é o destino que mais vendemos, tem bons hotéis, com grande destaque para a cadeia Vila Galé. A Vila Galé, ao ter várias unidades em estados diferentes, ajuda-nos. Depois temos conseguido que a TAP nos dê acesso a tarifas mais competitivas, e este é o resultado.
Em destinos portugueses, como a Madeira e Algarve, que impacto é que os preços tiveram na escolha de férias para este verão?
No caso da Madeira, apesar das tarifas hoteleiras terem aumentado, hoje há muito mais concorrência nas tarifas aéreas, o que nos equilibra mais os pacotes. Já tivemos época em que a tarifa média aérea era mais elevada. Aliás, para nós vai ser um excelente ano para a Madeira.
Em relação ao Algarve, foi mais difícil, os aumentos deste verão foram extremamente elevados e as famílias fizeram as suas contas. O Algarve não faz parte dos nossos top de destinos de venda. No ano passado reduzimos as vendas e este ano vamos reduzir novamente. Para mim é uma questão fácil de fazer as contas, um casal com filhos começa a fazer contas quanto é que é preciso gastar, por isso é que se calhar temos as operações todas cheias de Cabo Verde até ao Norte de África. Analisando as vendas da Solférias, claramente que o Algarve perde para os destinos charters.
Programação inverno 2023/2024
Quais são os destaques da programação de inverno e fim de ano?
A nossa programação de final do ano tem duas componentes: charters e voos regulares. A bandeira dos destinos de final de ano é o Brasil, sem dúvida. Temos quatro voos, dois para Salvador (Lisboa e Porto), dois para Maceió (Lisboa e Porto). A ocupação no Brasil está num nível muito elevado, mas isso tem acontecido todos os anos. Depois temos, para Cabo Verde, dois voos em sequência, e mais dois voos extra no final do ano. Cabo Verde também se está a vender muito bem. Em termos de ocupação, normalmente é o destino a seguir ao Brasil. Depois temos quatro voos para o Funchal. Isto é a operação charter. Nas garantias em voos regulares, temos Havana, Dubai, Tailândia, Maurícia, Maldivas e Bali. A oferta é vasta.
Que mensagens passaram aos agentes nestes dois eventos de apresentação da programação?
A primeira mensagem é de agradecimento pelo voto de confiança. Estivemos envolvidos em 19 charters este verão, é verdade que não estivemos sozinhos – sozinhos só temos o Senegal. Mas é preciso um grande apoio do mercado para se conseguir comercializar tanto avião. Isto não vale só para os charters, mas também para os voos regulares. Estes eventos são importantes, não tanto pela mensagem que se diz no palco, mas acima de tudo pela conversa que conseguimos ter com os agentes de viagens. É notório, sempre tivemos uma grande cumplicidade com o mercado, a nossa filosofia é estar próximos dos agentes de viagens.