Sexta-feira, Maio 23, 2025
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Grandes estratégias para grandes colaboradores dos pequenos hotéis

Com o fim da pandemia e o regresso de alguns resultados positivos, a prioridade #1 das empresas no turismo – hotéis, agências ou outros – é, de facto, reter as suas equipas talentosas, em quem já tanto foi investido.

Estima-se que, nalguns países, 20% a 25% da força de trabalho do Turismo tenha mudado de setor e que poucos serão aqueles que voltarão aos setor turístico, pelo menos no curto prazo.

Mais do que nunca e com colaboradores Millennial e Generation Z (dos 19 aos 40 anos), conciliar a vida profissional e pessoal é para uma prioridade, independentemente da sua forte ambição e desejo de rápida ascensão profissional. A empresa – hotel ou agência – poderá ter que se reinventar para atrair e reter estes colaboradores.

Acima de tudo, queremos ser a empresa de eleição das nossas equipas, hoje e amanhã.

O que podemos fazer, desde já, para atrair e reter os nossos melhores trabalhadores?

Reconhecer que muita coisa mudou

  • Estes 18 meses de isolamento e de incerteza mudaram a vida das pessoas. Ao reconhecerem isto, os hotéis procuram manter-se perto dos seus colaboradores, merecer a sua confiança, partilhar as suas dúvidas e assegurar que esta fase de “back to school” se realiza da melhor forma possível.
  • Reconhecer e premiar os colaboradores que foram extraordinários nestes últimos 18 meses, com louvores públicos, testemunhos e, sim, o pagamento de algum bónus excecional.
  • Algumas empresas optaram por pagar a todos os colaboradores um bónus único, no fim da desta última temporada alta, durante a qual se trabalhou arduamente na fase de reabertura e em condições muito desafiantes.
  • Há muitos colaboradores que viram as suas funções mudar de forma significativa. Há que discutir e formalizar estas novas novas tarefas, avaliando se as alterações são temporárias ou permanentes.

Fazer da Hotelaria uma opção de carreira atrativa (mesmo!)

  • Elaborar com cada pessoa um  Roadmap da sua carreira com perspetivas de evolução – e de ordenado – concretas, com horizontes temporais realistas, mas adaptadas à nova realidade – 1-2 anos entre progressões
  • Metas mais curtas – será que avaliação anual ainda faz sentido?

Mostrar-se tão compreensiva e flexível para os colaboradores quanto é para os clientes.  

1.Flexibilidade de pagamento de ordenados: conscientes dos desafios orçamentais que muitas famílias enfrentam neste momento, há hotéis que já estão a formalizar o adiantamento do ordenado. Passou de ser uma situação pontual, muito a pedido (especial e algo vergonhoso), para ser um benefício de fácil acesso – e muito apreciado.

Recorrendo à tecnologia (apps de bem-estar financeiro),  o processo pode ser rápido, assegurar o sigilo desejado e sem ter que ter a aprovação dos superiores hierárquicos.

2.Oferecer oportunidade de trabalho ocasional em unidades próximas, turnos complementares, ou mais curtos, para ajudar finanças pessoais. Aqui também, é fundamental automatizar as vagas e a candidatura às mesmas. Abre novas perspetivas de carreira – o trabalho não tem que necessariamente ser o mesmo que já faz no seu local de trabalho habitual; aumenta a experiência e o currículo dos colaboradores; e pode resolver problemas de momentos chave de hotéis vizinhos.

3.Flexibilidade nos horários 

Os turnos repartidos ou contínuos de oito horas parecia uma inevitabilidade na vida hoteleira. Já não o é.

Alguns hotéis estão (finalmente) a oferecer turnos de 3 ou 4 horas, para reforçar a sua resposta aos clientes unos momentos de grande procura (check-ins, check-outs, pequenos-almoços, entre outros).

Com isto, o hotel transforma-se num local de trabalho muito atrativo para outros “segmentos” de colaboradores – por exemplo, estudantes universitários ou de liceu, ex-colaboradores do hotel mais velhos e experientes, mas que não pretendem voltar a trabalhar a tempo inteiro.

Pode haver pequenas equipas a trabalhar em limpezas das 06:00 às 09:00 e outras das 11:00 às14:00, se são estas as tranches horárias que os colaboradores têm disponível.

Aumentar os benefícios e os ordenados

Os colaboradores de hoje estão especialmente sensíveis às empresas que se preocupam com o seu bem-estar mental e físico. Alguns hotéis optaram por oferecer benefícios tangíveis, mesmo aos colaboradores em part-time, como um seguro de saúde, ou acompanhamento e “coaching” profissional como parte do seu trabalho.

Outros desenvolveram incentivos que se traduzem em aumentos de ordenado – por exemplo, um(a) empregado(a) de quartos que consegue limpar mais do que o seu número de quartos, pode receber um valor adicional por cada quarto que limpar.

Tal como em muitas fábricas que trabalham com turnos de 24 horas, os hotéis podem também premiar os colaboradores que trabalham os turnos da noite, com um preço por hora significativamente mais elevado. Também podem aumentar os turnos da noite para 10 horas (com um preço por hora mais elevado, naturalmente) e oferecendo três dias contínuos de folga por semana, em contrapartida. Haverá colaboradores que valorizam receberem mais por hora do que durante o dia, e poderem trabalhar noutro local, durante um ou dois dias da sua folga.

Uma das soluções adotadas tem sido o regresso dos bónus mensais ou mesmo quinzenais para encorajar a retoma da atividade e dos ritmos habituais de trabalho.

Criar a vontade de voltar ao (que era) normal

Em Setembro, em muitos países, chegou o momento de  procurar um regresso, embora parcial ou condicionado ao mundo do escritório. Equipas mais coesas, trabalhos em grupo mais fáceis e entusiasmantes, e simplesmente a vontade de recuperar a alegria e o calor humano no trabalho.

No entanto, os clientes dos hotéis – especialmente empresas e agências – têm sentido a pressão de reservas de última hora, datas em constante alteração, eventos alterados, adiados ou adiantados, datas limite muito curtas para a organização de um evento, entre outros. Todos estes fatores têm trazido uma complexidade acrescida à vida dos hotéis e dos seus colaboradores.

Para recuperar a alegria contagiante no trabalho e nas equipas, para além de alguns aumentos de ordenados bem merecidos, há empresas a aumentar o número de dias de férias dos seus colaboradores; a oferecer fins de semana compridos para ajudá-los a manter um melhor equilíbrio nas suas vidas; ou simplesmente a organizar almoços, jantares ou outras formas de convívio simples com a sua equipa – tudo para tentar voltar ao (que era) normal.

Por Rita Alves Machado, vice president Sales and Marketing da Great Hotels of the World

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