“A indústria de MICE atravessa, hoje, transformações impulsionadas por mudanças nas expectativas das empresas e dos profissionais”
Para os hotéis, já não se trata apenas de proporcionar espaços e soluções para reuniões e eventos corporativos, mas sim de criar experiências imersivas, personalizadas e alinhadas com a cultura das organizações. Mais do que uma tendência passageira, esta evolução é um reflexo das novas exigências do mundo do trabalho e da forma como as empresas do nosso tempo encaram as interações profissionais.
Os eventos corporativos passaram a ser vistos como momentos estratégicos, nos quais identidade, criatividade e personalização desempenham um papel fundamental. As empresas procuram agora soluções que traduzam a sua essência, que promovam o envolvimento genuíno e que ofereçam uma componente experiencial diferenciadora. Isso significa espaços com personalidade, formatos mais informais e dinâmicos, bem como uma forte aposta na componente artística, no storytelling e em ofertas complementares de F&B e entretenimento.
O conceito de bleisure – a fusão entre negócios e lazer – ganha relevância num mundo onde o equilíbrio entre vida profissional e pessoal é cada vez mais valorizado. Mais do que nunca, os profissionais e as empresas querem integrar momentos de descoberta, lazer e descontração nas suas agendas de trabalho. Neste contexto, cidades como o Porto e Lisboa tornam-se destinos privilegiados, onde a oferta cultural e gastronómica pode ser perfeitamente incorporada nos eventos, criando valor tanto para as empresas como para os participantes.
A personalização é outro fator essencial. A era dos eventos padronizados está a dar lugar a experiências feitas à medida e ajustadas às preferências dos participantes. Graças a ferramentas como a inteligência artificial, é cada vez mais prático e intuitivo desenhar agendas personalizadas, antecipar necessidades individuais e oferecer um nível de serviço que promove uma ligação mais autêntica e impactante. A tecnologia é uma aliada indispensável nesta jornada, mas não substitui o fator humano – a verdadeira essência da hospitalidade continua a residir na atenção ao detalhe e na criação de ligações verdadeiramente impactantes.
Neste contexto de procura por experiências com significado, é impossível não falar igualmente da sustentabilidade, um pilar essencial para o futuro da indústria MICE. Mas não basta pensar na pegada ecológica dos eventos – é fundamental integrar práticas responsáveis que respeitem as comunidades locais e que gerem um impacto positivo nos destinos que os acolhem. A escolha de fornecedores locais, a redução do desperdício e a implementação de soluções eco-friendly são passos necessários para garantir que o setor se adapta às exigências de um público cada vez mais consciente e exigente.
Para a hotelaria, o futuro do MICE está na capacidade de inovar sem perder de vista aquilo que realmente importa: a criação de experiências autênticas, com significado e impacto. Neste novo paradigma, espaços com conceitos criativos, mobilizadores e diferenciadores assumem um papel central, oferecendo um ambiente onde trabalho, cultura e lazer se encontram de forma harmoniosa, permitindo que cada evento seja não apenas um momento de networking, mas uma experiência verdadeiramente memorável.
É tempo de repensar o MICE e de abraçar um futuro onde cada evento ou reunião é uma oportunidade para contar histórias, inspirar e deixar uma marca nos participantes. E a hotelaria – uma indústria de pessoas para pessoas, que se alimenta da cultura e da identidade locais – está particularmente capacitada para assegurar isso mesmo.
Por Inês Castro
Diretora-geral do Outsite Mouco
Com mais de uma década de experiência no setor do luxo, Inês Castro assumiu a direção do Outsite Mouco no final de 2024. O seu percurso inclui passagens por algumas das marcas hoteleiras e turísticas mais prestigiadas do Porto, como o The Yeatman, as Caves da Croft, o The Independente Collective e o Le Monumental Palace, em funções de Concierge, Front Office e liderança de equipas. Esta experiência legou-lhe um conhecimento profundo da oferta hoteleira da cidade, dos principais desafios e oportunidades, bem como do perfil do viajante que escolhe o Porto – know-how que levou a Outsite a confiar-lhe a missão de liderar as operações do Mouco para consolidar o projeto como uma referência no panorama hoteleiro e cultural da cidade.
As simple as that… Obrigada Inês por colocar por escrito o que tantas vezes é difícil comunicar às equipas operacionais.
O Alentejo tem uma excelente oferta nesta área, natural e endógena.