“Hoteleiros sem Fronteiras” consiste numa série de entrevistas com profissionais portugueses que desenvolvem a sua atividade no estrangeiro, procurando explorar os seus percursos profissionais e as experiências que têm adquirido em diferentes mercados.
Cláudio Cardoso
Com apenas 15 anos, Cláudio Cardoso mergulhou no estudo da cozinha e pastelaria, moldando assim as bases de uma carreira promissora. Após completar os seus estudos na Escola de Hotelaria do Estoril e posteriormente na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE), viajou pelo mundo para desenvolver a sua investigação culinária e passou a maior parte da sua formação a trabalhar em hotéis de cinco estrelas e restaurantes de topo de gama, como o Le quarter Français na Cidade do Cabo, o Armani Hotel no Dubai, o Bvlgari em Milão, ou o “Midori” no no Penha Longa, onde foi chef de restaurante. Mais tarde, em Londres, destacou-se como Chef Executivo de Grupo da marca global SUSHISAMBA.
Atualmente, desfruta de uma posição de liderança no Leylaty Group, onde tem a responsabilidade de supervisionar e orientar uma equipa de mais de 400 chefs. A sua trajetória desde os bancos da escola até aos restaurantes é um testemunho não apenas da sua habilidade culinária, mas também da sua visão estratégica e liderança inspiradora.
Como começou a sua carreira até ter cargos de liderança na área de F&B?
A minha carreira começou bastante cedo, visto que aos 15 anos de idade já estava no meu primeiro ano do curso de cozinha e pastelaria da Escola de Hotelaria do Estoril. Mas penso que tudo começou bem antes disso, mesmo sem querer. A minha família está envolvida em diferentes áreas do setor, portanto, desde muito novo sempre estive envolvido em torno de produtos culinários ou cozinhas. Depois de três anos na Escola de Hotelaria, e com os respectivos estágios, continuei por mais quatro anos no curso superior em Produção Alimentar em Restauração na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE). Entre este tempo, trabalhava e ia às aulas, e conseguia pôr em prática a parte teórica que ia aprendendo de manhã na escola; isso ajudou-me bastante. Com poucas horas de sono, continuei a trabalhar e estudar até que, quando acabei a universidade, decidi viajar. Quando regressei a Portugal, tive a primeira oportunidade de chefiar de verdade a minha primeira equipa de cozinha, isto foi na Penha Longa aos 26 anos de idade.
Houve alguma experiência específica que o inspirou a seguir esta carreira?
O tempo passado com a minha família no campo, nas suas panificações ou pastelarias. Sempre tive curiosidade pelo produto e acho que aí foi onde tudo começou.
Como surgiu a oportunidade de trabalhar no exterior e como essa experiência tem impactado a sua carreira?
Comecei desde cedo a viajar, sempre me ajudou a inspirar-me, mas quando parti para Londres aos 29 anos, tive a oportunidade de trabalhar no Sushisamba, em Londres, e o meu posto era a nível global, o que me proporcionou visitar diferentes países enquanto trabalhava. Todas essas experiências ajudaram-me nas características que me ajudam a ser quem sou hoje em dia.
Quais foram os desafios e as recompensas de trabalhar em diferentes contextos culturais?
Desafios considero apenas um: o facto de estar longe da família, mas acredito que estou a desenvolver a minha história e felizmente os meus pais compreendem isso. Recompensas imensas, desde oportunidades únicas de viajar, conhecer diferentes culturas e ter um estilo de vida que se adapta ao trabalho que tenho desempenhado.
Como integrou o Leylaty Group?
Depois de muitas entrevistas e de muito ponderar, o facto de ter completa autonomia em tudo o que é desenvolvido em termos de F&B teve um grande peso na decisão. Foi um namoro de quase um ano, e agora estou feliz por poder contribuir para o contínuo sucesso do grupo.
Como se mantém atualizado sobre as últimas tendências gastronómicas e como as incorpora no seu trabalho?
Tento sempre fazer um trabalho único às minhas ideias e compreender o público para o qual cozinhamos. Mas mantenho-me sempre informado, visto que tenho facilidade em viajar pelo mundo e ver o que está a acontecer, mas também com a era da tecnologia estar na palma das nossas mãos também ajuda bastante.
Tendência: “Para mim sempre foi a preservação do produto, a proximidade e o foco na sustentabilidade. Tudo tem que fazer sentido para preservar o planeta e as próximas gerações, não há mais nenhuma tendência que seja prioridade ou mais importante que essa”
Há alguma tendência emergente na gastronomia que considere particularmente interessante?
Para mim sempre foi a preservação do produto, a proximidade e o foco na sustentabilidade. Tudo tem que fazer sentido para preservar o planeta e as próximas gerações, não há mais nenhuma tendência que seja prioridade ou mais importante que essa.
Quais são os princípios fundamentais que guiam a sua abordagem como líder na área de F&B/Gastronomia?
Respeito, compreensão e ser um mentor para os mais jovens no futuro e importância de boas práticas nas cozinhas.
Que conselhos daria a jovens profissionais que aspiram seguir uma carreira semelhante?
Para mim, em qualquer carreira, não só na cozinha, dá o teu melhor todos os dias e nunca ponhas limites no que podes atingir. Trabalho árduo sempre traz boas recompensas.
Quais habilidades e qualidades são essenciais para ter sucesso na indústria da hotelaria e restauração?
Respeitar o próximo, respeitar o produto e respeitar o planeta. Acredito que ter bons princípios é também importante quando se lida com grandes equipas e muitas nacionalidades. A minha equipa neste momento tem mais de 400 chefs; ter o mínimo de conhecimento em relações interpessoais é chave para um bom ambiente e bons resultados em qualquer indústria.