O presidente do Turismo de Portugal, Carlos Abade, considera que a Inteligência Artificial (IA) e o conhecimento serão dois dos principais aceleradores do crescimento do turismo nos próximos anos. “Não tenho dúvidas de que um dos grandes aceleradores do crescimento do turismo será a inteligência artificial, assim como a transformação na forma como abordamos o tema do conhecimento”, afirmou Carlos Abade.
Num encontro com a imprensa, realizado esta quarta-feira, dia 27, o presidente do Turismo de Portugal fez um ponto de situação sobre a Estratégia Turismo 2035, que atualmente está em fase de elaboração. O presidente do Turismo de Portugal enumerou alguns dos principais desafios que o setor enfrenta e destacou que, com a nova estratégia, é necessário “evoluir nas receitas e crescer em valor”. O responsável acrescentou ainda que a tecnologia e a inteligência artificial desempenham um papel fundamental neste processo. “Se formos mais avançados tecnologicamente e utilizarmos melhor a inteligência artificial, seremos mais assertivos nas ações que realizamos”, afirmou.
Carlos Abade também defendeu a importância de uma abordagem mais proativa e preditiva para o futuro do turismo. “Temos que parar de olhar só para o retrovisor. Precisamos começar a olhar para a frente e desenvolver um conhecimento preditivo sobre o que pode acontecer. A inteligência artificial tem um papel crucial nesse sentido, ajudando-nos a entender os mercados e a antecipar tendências, para que nossas ações e recursos sejam mais eficientes”, explicou.
O responsável sublinhou que a palavra-chave para o sucesso será “eficiência”, ou seja, “como é que conseguimos maiores resultados por unidade de recurso que colocamos nas nossas ações.”
Estratégia Turismo 2035 e o futuro do setor
A Estratégia Turismo 2035, que sucederá a atual Estratégia Turismo 2027, é uma das principais iniciativas do governo no âmbito do programa “Acelerar a Economia – Crescimento, Competitividade, Internacionalização, Inovação e Sustentabilidade”, apresentado em julho deste ano. De acordo com Carlos Abade, a construção desta nova estratégia é necessária por dois motivos principais: em primeiro lugar, porque os objetivos da Estratégia Turismo 2027 estão “praticamente atingidos”; e, em segundo, porque a realidade do turismo mudou significativamente desde 2016 e 2017, quando a atual estratégia foi criada.
Carlos Abade detalhou os avanços do setor, destacando que, de acordo com as projeções, o turismo em Portugal deveria alcançar 27 mil milhões de euros em receitas até 2027. “No entanto, já em 2023, alcançamos 25,1 mil milhões de euros. Até setembro deste ano, as receitas turísticas cresceram 9,2% em relação a 2022, o que nos coloca muito próximos da meta de 27 mil milhões, e com a expectativa de ultrapassá-la até o final do ano”, afirmou.
O responsável também observou que o crescimento das dormidas está a superar as expectativas. “No ano passado, as dormidas somaram 77 milhões, e a meta para 2027 era de 80 milhões. Este ano, com um crescimento de cerca de 4%, provavelmente ultrapassaremos essa meta”, disse Abade. Ele acrescentou que, apesar de alguns mercados, como o Brasil e a França, apresentarem resultados menos positivos, o crescimento geral tem sido significativo, especialmente com mercados como o Canadá, Estados Unidos e Irlanda.
O impacto da Inteligência Artificial e a perceção do valor do turismo pelas pessoas
Carlos Abade também abordou a crescente importância da inteligência artificial no setor. “A percepção do impacto da IA é algo que agora está muito presente no nosso léxico, e o risco de ficar de fora é real. Precisamos aproveitar esta dimensão para impulsionar o crescimento do setor e aumentar a nossa competitividade”, afirmou.
Abade referiu que existem desalinhamentos pontuais, como a diferença entre a percepção de valor do turismo para a economia e a percepção que o público tem sobre esse valor. “Não era algo tão visível em 2016, mas agora, sobretudo em países como Espanha ou Itália, já se começa a sentir com alguma frequência. Portanto, isto é um tema que nos deve levar a refletir e nos deve levar também a reposicionar face à realidade que se alterou”, explicou Abade.
O presidente do Turismo de Portugal finalizou destacando a necessidade de maior rigor e eficiência nas metas do setor. O mundo que está cada vez mais rápido, do ponto de vista de mudanças e, sobretudo, cada vez mais exigente. Isto exige-nos também um maior rigor, uma maior inteligência, uma maior eficiência ou eficácia na definição dos objetivos que queremos atingir. Porque na verdade os objetivos vão definir muito daquilo que é a nossa visão do futuro”, concluiu.