A Índia está a afirmar-se como um destino turístico proeminente no panorama global, impulsionada por um crescimento significativo no setor do turismo. Tendo-se tornado recentemente o país mais populoso do mundo, a Índia desperta especulações sobre o seu potencial para superar a China em várias áreas.
O setor do turismo está no centro das atenções, à medida que a Índia vive um verdadeiro “boom” nessa área. De acordo com relatórios recentes, prevê-se que os indianos gastem mais de 42 mil milhões de dólares (38,8 mil milhões de euros) por ano em viagens internacionais até 2024.
Omri Morgenshtern, CEO do site de reservas de viagens Agoda, destaca que a Índia é atualmente “o destino com maior crescimento no turismo internacional”. Embora alguns países recebam um maior número total de viajantes, nenhum deles está a registar um crescimento tão rápido como a Índia.
Especialistas afirmam que este crescimento está a ser impulsionado por melhorias na infraestrutura e pela expansão do setor de aviação. O governo indiano anunciou um plano de investimento de 980 bilhões de rúpias (cerca 11,9 mil milhões) até 2025 para a construção e modernização de aeroportos no país.
Esses investimentos incluem a construção do Aeroporto Internacional de Noida, na cidade de Jewar, no estado de Uttar Pradesh. Com inauguração prevista para 2024, este aeroporto será o maior da Ásia e impulsionará a conectividade entre a região metropolitana de Délhi e o oeste de Uttar Pradesh.
Gary Bowerman, fundador da Check-in Asia, uma empresa de pesquisa e marketing focada no turismo, afirma que “o trabalho que (a Índia) tem feito dentro do país está a começar a dar frutos. Tem mais aeroportos, mais terminais, mais infraestrutura do que há uma década”.
O crescimento no setor de aviação também é impulsionado pelas companhias aéreas de baixo custo. Bowerman acredita que as transportadoras lowcost, como a Go First, têm sido “vitais para o crescimento” no mercado indiano que é “muito sensível ao preço”. “Mas as margens têm sido muito baixas e a concorrência acirrada, o que resultou no fracasso de algumas companhias aéreas de baixo custo de destaque, o que abala a confiança do consumidor e impacta o equilíbrio geral do mercado”, acrescenta.
Apesar dos desafios, a Air India, empresa de aviação totalmente controlada pelo conglomerado indiano Tata Sons, está a expandir-se e a diversificar as suas ofertas. Recentemente, a companhia adquiriu quase 500 novas aeronaves numa única encomenda, aumentou a frequência de voos em rotas existentes e adicionou novos destinos na Europa e nos Estados Unidos.
A Air India não é a única companhia aérea a intensificar os seus esforços. No início de junho, a transportadora de baixo custo IndiGo anunciou a adição de 174 novos voos semanais e seis novos destinos na África e Ásia.
A Índia também está a tornar-se um mercado emissor de turistas mais diversificado. Os indianos estão a explorar uma gama mais ampla de países, como França e Suíça, além de destinos populares como Tailândia, Malásia e Indonésia. O Sudeste Asiático tem sido uma região especialmente procurada pelos viajantes indianos.
Índia versus China
Apesar dos avanços, a Índia ainda está atrás da China em termos de turismo internacional. No entanto, especialistas acreditam que, com investimentos contínuos e uma estratégia de diversificação, a Índia poderá eventualmente superar a China, embora possa levar cerca de duas décadas para alcançar essa meta.
De acordo com Gary Bowerman, um fator que tem contribuído para o crescimento mais lento da Índia em comparação com a China é a estrutura do setor de aviação. Enquanto a Índia possui predominantemente companhias aéreas privadas, que competem entre si, a China conta com três principais grupos de companhias aéreas desenvolvidos e consolidados pelo governo. Cada um desses grupos opera em regiões específicas do país: a Air China é baseada em Pequim, a China Eastern é baseada em Xangai e a China Southern é baseada em Guangzhou.
Como resultado, a presença desses grupos na China permitiu ao governo “controlar o volume e a frequência das rotas”, especialmente para o Sudeste Asiático e Nordeste Asiático, indica Bowerman.
Apesar dos obstáculos, os países do Sudeste Asiático estão a reconhecer a Índia como um mercado em crescimento e estão a procurar diversificar as suas fontes de turistas. O aumento do número de viajantes indianos para destinos como Vietnam, Singapura, Indonésia e Malásia é um exemplo desse movimento.
Para aproveitar plenamente o potencial do mercado indiano, os especialistas destacam a importância de facilitar as restrições de visto e aumentar o número de voos diretos da Índia para outros países. Quando essas duas condições forem atendidas, acredita-se que ocorrerá um crescimento significativo no mercado indiano.