Os líderes da União Europeia (UE) decidiram solicitar às companhia europeias que evitem o espaço aéreo bielorrusso, enquanto banem as transportadoras da Bielorrússia na Europa, exigindo ainda mais sanções contra o regime de Lukashenko.
Em causa está o desvio forçado de um voo da Ryanair para Minsk (Bielorrússia) no domingo à tarde, a meio de uma viagem entre Atenas (Grécia) e Vílnius (Lituânia), que culminou com a detenção do jornalista e ativista bielorrusso Roman Protasevich.
Numa cimeira extraordinária em Bruxelas esta segunda-feira, dia 24, os líderes europeus decidiram, de forma unânime, “pedir ao Conselho para adotar as medidas necessárias para banir a entrada no espaço aéreo europeu de companhias aéreas da Bielorrússia e impedir o acesso dessas transportadoras aos aeroportos da UE”, segundo a informação divulgada à imprensa.
Decidiram, também, “pedir às companhias aéreas sediadas na UE para evitar sobrevoar a Bielorrússia” e ainda solicitar “ao Conselho para adotar novas sanções económicas específicas”.
Nessa tomada de posição, os 27 exigem ainda uma “investigação urgente” por parte da Organização da Aviação Civil Internacional ao incidente, bem como a “libertação imediata” de Roman Protasevich e da sua namorada, e ainda a sua “liberdade de circulação”.
Com base na decisão dos 27, várias companhias já suspenderam voos sobre o espaço aéreo bielorrusso, incluindo a Air France e Singapore Airlines.
Num comunicado, a Air France indicou que, com base na decisão tomada pelos líderes da União Europeia (UE) na noite de segunda-feira, “suspende até novo aviso o sobrevoo do espaço aéreo bielorrusso pelas das suas aeronaves”.
A companhia aérea acrescentou que acompanha permanentemente a situação geopolítica dos territórios para os quais as suas aeronaves voam ou sobrevoam e “faz cumprir estritamente os regulamentos”.
Também a Singapore Airlines anunciou esta terça-feira, dia 25, que mudaria a sua rota de voo para evitar a Bielorrússia.
“Estamos a mudar a rota dos nossos voos para a Europa para evitar o sobrevoo do espaço aéreo bielorrusso e continuaremos a monitorar a situação de perto”, disse à agência de notícias AFP um porta-voz da companhia de Singapura.
A holandesa KLM e a finlandesa Finnair tomaram já hoje decisão idêntica, enquanto a alemã Lufthansa, a escandinava SAS e a letã airBaltic o fizeram na segunda-feira.
Hoje, também a Ucrânia anunciou a suspensão de todos os voos de e para a Bielorrússia, encerrando o espaço aéreo do país vizinho para as suas companhias aéreas.
“A partir das 00:00 de 26 de maio, a Ucrânia suspenderá os voos para a Bielorrússia”, relatou o primeiro-ministro ucraniano, Denis Smigal, na sua conta na rede social Telegram.
A Lituânia anunciou também que vai proibir voos, de ou para o seu território, que cruzem o espaço aéreo bielorrusso.
Cerca de 2.000 aviões por semana efetuam voos comerciais que atravessam o espaço aéreo bielorrusso, segundo a organização Eurocontrol.
Vários países e organizações internacionais condenaram a ação das autoridades bielorrussas, que alegaram ter agido dentro da legalidade ao intercetar o voo comercial da Ryanair.
Reino Unido
Também o Governo britânico proibiu companhias aéreas bielorrussas de voar no espaço aéreo do Reino Unido.
O governo do Reino Unido disse às companhias aéreas para evitarem o espaço aéreo bielorrusso ao mesmo tempo que Autoridade de Aviação Civil suspendeu todas as autorizações de transportadoras estrangeiras detidas por transportadoras aéreas bielorrussas até novo aviso.
A suspensão aplica-se a ambas as operadoras regulares, incluindo a companhia aérea bielorrussa Belavia, bem como às companhias aéreas fretadas.
IATA
A IATA – Associação Internacional de Transporte Aéreo também já se pronunciou sobre o caso. Numa curta declaração, o diretor geral da IATA, Willie Walsh, afirma: “A IATA condena veementemente qualquer interferência ou exigência de aterragem de operações de aviação civil que seja inconsistente com as regras do direito internacional. Os detalhes do evento com o vôo FR 4978 não são claros. É necessária uma investigação completa por parte das autoridades internacionais competentes.”