A Estação Sul e Sueste e a Doca da Marinha, em Lisboa, abriram ao público no passado dia 1 de maio, depois de uma reabilitação que custou de 30 milhões de euros, 75% dos quais provenientes das taxas turísticas e os restantes 25% de verbas asseguradas pela Associação Turismo de Lisboa.
Os novos espaços apresentam condições para a atividade marítimo-turística, o transporte fluvial entre as duas margens, novos espaços de lazer, esplanadas e um centro de promoção do rio.
Coube a Associação Turismo de Lisboa (ATL), por incumbência da Câmara Municipal de Lisboa (CML), realizar o projeto que integra várias iniciativas, todas elas interligadas, nomeadamente a reconstrução do Muro das Namoradeiras, a retirada do aterro do Cais das Colunas, a reabilitação e equipamento da Estação Sul e Sueste, a criação do Centro Tejo, a reabilitação da Doca da Marinha com quiosques, esplanadas e uma obra artística de Julião Sarmento, bem como a instalação das embarcações tradicionais do Tejo. Faz ainda parte desta renovação o Centro Interpretativo da História do Bacalhau, localizado no Torreão Nascente do Terreiro do Paço.
Estação Sul e Sueste alberga serviços turísticos
A Estação Sul e Sueste, da autoria de Cottinelli Telmo (1897-1948), foi inaugurada oficialmente a 28 de maio de 1932. Projetada para ligar Lisboa ao Barreiro por via fluvial, assegurando a ligação ferroviária entre o norte e o sul, foi, durante muito tempo, a porta de entrada para quem vinha do sul do país.
É um exemplo da arquitetura modernista em Portugal e está classificada como Monumento de Interesse Público. “Depois de ter sido bastante adulterado ao longo dos anos, o edifício emblemático recupera agora o traço e a sua função original, pelas mãos da arquiteta Ana Costa, e transforma-se no ponto central da atividade marítimo-turística do Tejo”, informa a ATL.
No interior da sala principal encontram-se oito bilheteiras de operadores que disponibilizam passeios turísticos, táxi barcos e viagens Hop On Hop Off no Tejo. São eles a Blue Cruises/Veltagus, a Douro Acima, a FRS, a Hippotrip, a Lisboat, a Nosso Tejo, a Pacífico Cruises e a Yellow Boat. Utilizarão também a Estação para embarque e desembarque dos seus passageiros, embora sem bilheteira no local, os operadores Sea View e Land Ahoy, esperando-se ainda a adesão de outros interessados.
Ficará também instalada na Estação Sul e Sueste a caravela Vera Cruz, que pertence à Aporvela, réplica da caravela de Pedro Alvares Cabral, que foi construída no âmbito das comemorações dos 500 anos da chegada ao Brasil. A caravela Vera Cruz ficará aberta a visitas.
A sala de espera da 1.ª classe passa agora a ser uma cafetaria, com esplanada e entrada pelo interior e exterior da estação, tendo sido restaurados os antigos azulejos, da autoria do pintor Alves de Sá (1878-1972). Completa a oferta um quiosque com esplanada e uma zona de estadia junto ao rio.
No projeto foi assegurada a articulação e ligação física com o terminal fluvial da Transtejo/Soflusa que faz ligação ao Barreiro, bem como a sinalética exterior a partir da estação da Transtejo e da Estação do Metro e um WC público.
A Estação Sul e Sueste acolhe também o Centro Tejo, que tem como objetivo promover o rio e a oferta dos municípios da região de Lisboa que estão em seu redor. Aqui, o visitante é convidado a descobrir o Tejo através de várias salas que se interligam entre si com temáticas diferenciadas.
O Centro Tejo tem ainda um Posto de Informação e Loja dedicados à disponibilização de informação útil sobre passeios para descoberta do Tejo e venda de artigos alusivos ao rio. A entrada é gratuita e está aberto ao público todos os dias, das 10h00 às 19h00.
Doca da Marinha
A Doca da Marinha foi também reabilitada e aberta ao público pela primeira vez na sua história, tornando-se um grande espaço aberto para fruição de todos, com ciclovia, arborizado, com quiosques e esplanadas, áreas de lazer e lugar para eventos culturais, incluindo um vasto relvado, recebendo ainda pontões flutuantes para acolher embarcações tradicionais. Este é um projeto da autoria do arquiteto João Luís Carrilho da Graça, onde os peões e as vistas sobre a cidade e o rio recuperam prioridade face ao automóvel.
Nos quiosques concebidos no projeto de Carrilho da Graça foi feita uma instalação artística de Julião Sarmento, um conjunto de pinturas retro-iluminadas nas cores primárias (azul, amarelo e vermelho, a que se adiciona o branco) que se encontra visível nas faces dos três quiosques de apoio a esplanadas e no de informação e venda de bilhetes para os passeios nas embarcações tradicionais, que também dispõe de WC público.
A concessão dos três quiosques/esplanadas foi atribuída ao grupo BANANACAFE que, para além de ficar responsável pela oferta gastronómica de refeições rápidas e ligeiras, irá implementar um programa de animação anual e eclético. O quiosque de informação e venda de bilhetes será gerido pela ATL.