O secretário regional de Turismo e Cultura e presidente da Associação de Promoção da Madeira (APM), Eduardo Jesus, fez um balanço dos 10 anos do ciclo governativo, destacando um crescimento de 67,5% nas dormidas e de 133% nos proveitos totais do setor durante este período. Sobre a atual Estratégia de Turismo, em vigor até 2027, sublinhou que “o facto de termos atingido as metas não nos obriga a rever a visão da Madeira”.
“Estamos a completar dez anos deste ciclo governativo e entendemos que é uma data que deve ser lembrada”, começou por sublinhar Eduardo Jesus. Nestes dez anos, as dormidas registaram um crescimento de 67,5%, face às 11.7 milhões de pernoitas contabilizadas em 2024.
No ano passado, os proveitos totais do setor atingiram 756 milhões, o que, segundo Eduardo Jesus, representa um crescimento de 133%. “Em dez anos, crescemos o dobro em valor relativamente ao crescimento da quantidade. Este é o grande propósito de sustentabilidade deste setor: criar valor”, disse.
Em 2024, a Madeira recebeu 317 navios de cruzeiros, mais 37 face ao ano anterior, e foram transportados 716 mil passageiros, um aumento de 16,4% em relação a 2023. Já o número de escalas cresceu 13%.
Eduardo Jesus indicou ainda que o alojamento local “tem vindo a crescer e hoje já está par e par com o alojamento tradicional”. O governante destacou a importância de “reabilitar um prédio para explorar em alojamento local”, mas assumiu que, “nos pontos onde [o número de AL] massacra, é preciso atuar sem dúvida alguma”.
“Hoje, trabalhamos com 54 companhias, com 114 aeroportos, 32 países e 139 ligações diretas. Os quatro indicadores andam todos a crescer à volta de 40% em dez anos”, frisou o secretário regional de Turismo e Cultura da Madeira.
Estes resultados tornaram “possível investir nas infraestruturas”, acrescentou. “Durante a pandemia, cerca de 96% da oferta hoteleira da Madeira foi intervencionada. Modernizou-se, atualizou-se e incorporou tecnologia”.
Ao mesmo tempo, o desenvolvimento do setor permitiu aumentar a remuneração dos colaboradores. “Nos últimos dez anos, os colaboradores do setor do alojamento viram o seu poder de compra acrescido em 12,6% em termos reais, deduzidos da inflação. Talvez isto justifique o crescimento do número de pessoas afetas ao alojamento, que passou de 6.100 pessoas para 8.100 pessoas, o que significa um crescimento de 30%”, disse.
Estratégia do Turismo 2022–2027: “Entendemos que a estratégia não deve ser alterada”
A dois anos de terminar o período em que vigora a Estratégia do Turismo da Madeira, Eduardo Jesus adiantou que, “em termos de indicadores, superamos já os indicadores de 2027, o que poderia acelerar uma tendência para antecipar a nova estratégia”.
No entanto, “entendemos que a estratégia não deve ser alterada, porque foca muito nesta tendência que estamos aqui a referir, da criação de valor no setor. Os princípios são os mesmos. O facto de termos atingido as metas não nos obriga a rever esses princípios, nem a visão da Madeira”, sublinhou.
O desenvolvimento da nova Estratégia do Turismo “tem de ser iniciado eventualmente no segundo semestre de 2025, durante o ano de 2026”, indicou, acrescentando que “a atual estratégia começou a ser trabalhada um ano e meio antes de estar em vigor”.
“Vamos respeitar as datas que temos assumidas. Estamos acima de tudo a monitorizar a evolução da Madeira relativamente àquilo que tínhamos perspectivado”, disse.
10 anos de ciclo governativo: as decisões mais “importantes”
Eduardo Jesus destacou as principais “decisões importantes” em matéria de turismo que marcaram este ciclo governativo nos últimos dez anos.
O governante referiu “a concentração de toda a promoção na Associação de Promoção da Madeira”, antigamente dividida entre a APM e a Direção Regional. O orçamento da entidade associativa foi também reforçado, sendo que “hoje está nos 16 milhões de euros por ano”.
Frisou também o lançamento de uma nova marca e de novos produtos, bem como “a grande aposta da Associação de Promoção no que diz respeito ao digital”.
“Iniciámos e estamos a dar continuidade ao processo de certificação da sustentabilidade do destino. Há uma semana atrás, fizemos auditoria de acompanhamento para ganhar mais um nível dentro do âmbito da prata que já temos, visando para o ano estarmos no nível ouro”, indicou Eduardo Jesus.
Em 2021, foi criado o Observatório do Transporte Aéreo, cuja “informação sobre a acessibilidade”, como “aviação, desempenho de companhias e ocupação das operações”, “determina muito as decisões ao nível da promoção”.
Eduardo Jesus destacou também a introdução de “novos modelos de gestão”, nomeadamente o PRISMA, um repositório de informação sobre a Madeira, e o chatbot Zarco. “São ferramentas que estão à disposição de todo o setor através da Associação de Promoção e que permitem conhecer as origens, a oferta de acessibilidade e até estudos de mercado de determinadas áreas que vêm dar conforto às decisões dos nossos associados”, explicou.
Além disto, a pandemia foi “uma grande oportunidade para o setor turístico” e um “acelerador da adoção de medidas e decisões”, defendeu o secretário regional de Turismo e Cultura.
Este ciclo governativo viu também nascer o Posto de Informação e Turismo da Madeira na cidade de Lisboa, local onde “não se presta apenas a informação do destino com a entrega de panfletos ou brochuras publicitárias; temos produtos da Madeira que servem embaixadores à nossa mensagem”. “Queremos conquistar as pessoas para irem à Madeira através dos sentidos e a gastronomia presta-nos um grande serviço”, acrescentou.
Eduardo Jesus apontou também o estabelecimento de “algumas parcerias que se revelaram extraordinariamente importantes”, destacando a APAVT, a nível nacional, e a Universidade da Madeira, a nível regional.
Por fim, o governante referiu o “trabalho feito a nível dos cartazes turísticos”, nomeadamente o prolongamento do período em que decorrem a Festa da Flor e as festividades do Fim de Ano.
“A Festa da Flor era um fim de semana e hoje é um mês. Ativou-se e estendeu-se o programa, complementando com outras atividades. A ideia é fazer com que esse momento de atração seja prolongado no tempo e permita mais estadias e mais impacto económico”, explicou.
“As festas do Fim de Ano começam agora em dezembro e acabam no Dia dos Reis em janeiro, e muito provavelmente ainda vão crescer”, disse Eduardo Jesus. “Estamos a trabalhar no Festival do Atlântico, no mês de junho, para este ano já ser um festival de um mês muito cultural e com oferta diferenciada”.