Sábado, Dezembro 7, 2024
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Novas oportunidades para o Turismo

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No dia que escrevo este artigo, já foi comunicado o plano do Governo para nos “libertarmos” gradualmente do confinamento que vivemos desde janeiro. Com esse plano, abre-se uma janela de esperança para que até ao verão de 2021 a atividade económica, nomeadamente o Turismo e Restauração, possam iniciar um trajeto de retoma. E foco estes sectores porque eles foram particularmente afetados pela Pandemia do Covid-19.

Em outubro de 2020, a Associação Hotelaria de Portugal (AHP) estimava perdas de receitas para os hotéis nacionais em 2020 superiores a 3,6 mil milhões de euros. A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), por sua vez, revelou que quase metade (45%) dos espaços de restauração arrendados não pagaram a renda em novembro e 65% tem três, ou mais, meses de rendas em atraso. Um inquérito da associação revela também que 40% das empresas de restauração e bebidas pondera avançar para a insolvência. Ora, como o Orçamento de Estado e até a “Bazuca” de fundos europeus não chegam para cobrir todas as necessidades, há que efetivamente encontrar novas oportunidades para os sectores to Turismo e da Restauração.

Quando falo em novas oportunidades não me refiro apenas às mudanças nos padrões de consumo ou em aproveitar da melhor maneira as alterações do lado da procura. Qualquer hoteleiro ou dono de restaurante poderá encontrar muitos consultores, ou pesquisar sobre estes temas, mas, desculpem a “dureza” das minhas palavras, isso agora não é tudo o que interessa. Existem também necessidades urgentes de financiamento para que os hotéis e restaurantes se mantenham abertos e tenham tempo e recursos para se adaptarem ao mundo pós Covid-19. Esta é uma prioridade para todos nós, não só pelo peso do Turismo no PIB de Portugal, mas também pelo valor intangível do sector. Atenção, não confundamos as coisas, não se trata de defender um modelo de desenvolvimento onde o Turismo seja o sector chave. A realidade é a de que o Turismo é fundamental na criação da “Marca Portugal” e tem sabido fazer isso muito bem ajudando à captação de investimento direto estrangeiro no país.

É exatamente do investimento estrangeiro que se vislumbra uma oportunidade para o Turismo e Restauração no curto prazo. Falo das recentes alterações introduzidas à lei da Autorização de Residência para Investimento (vulgo “Golden Visa”) e que talvez tenham passado mais despercebidas do que é normal devido ao peculiar contexto mediático dos últimos dois meses. Essas alterações vão passar a impedir, já a partir de 2022, o acesso ao “Golden Visa” através do investimento imobiliário destinado à habitação no Litoral do país, nomeadamente em Lisboa e no Porto. No entanto, o investimento em imóveis destinados à exploração turística ou à restauração, mesmo no Litoral, continua a ser possível. Tendo em conta que a procura para o programa “Golden Visa” continua a existir, um dos esforços do sector do Turismo tem de ser o de conseguir criar condições para atrair este capital. Como? Olhemos para o perfil do investidor “Golden Visa” que nos últimos anos têm investido no imobiliário: são particulares de países fora da EU, disponíveis para investir entre os 280 e os 500 mil euros, que privilegiam a segurança ao invés do mero retorno, não fazem uma gestão ativa do seu investimento, e, muito importante, procuram a liquidez do seu investimento ao fim de 5 anos. Isto significa que um hoteleiro ou um dono de um restaurante não precisa de abdicar do controlo do seu negócio e pode ter financiamento a custo relativamente baixo.

Um exemplo concreto: um hoteleiro que explore e tenha a propriedade plena do seu edifício pode perfeitamente financiar-se através dos investidores “Golden Visa” alienando parte ou a totalidade do seu edifício, mas estabelecendo as condições de que ao fim de 5 anos há uma recompra obrigatória. Assim, fecha-se a equação: os investidores “Golden Visa” têm a sua liquidez ao fim do período mínimo que a lei estabelece para manutenção do investimento, o hoteleiro tem entrada de capital essencial para “sobreviver” no curto prazo, e no final volta a ter a propriedade plena do seu ativo. Tendo em conta que o sistema financeiro não tem a total inclinação para financiar a hotelaria e restauração tendo como garantias os ativos imobiliários deste sector, a oportunidade dos investidores “Golden Visa” é sem dúvida de não se desperdiçar. Para todos os empresários do Turismo e Restauração que acreditam no seu negócio e sabem que podem vencer os desafios colocados pelo mundo pós Covid-19, não é tempo de “baixar os braços”. Há efetivamente oportunidades de encontrar o financiamento que necessitam no imediato.

Por Vasco Rosa da Silva, CEO da Kleya

O confundador e CEO da Kleya é um líder empresarial com ampla experiência em operações de risco operacional, gerenciamento de serviços e investimento para clientes de elevado património financeiro.

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