Naqueles que são os primeiros sinais de uma retoma lenta, não nos cansamos de ouvir falar na capacidade de resiliência do Turismo e da sua necessidade de se reinventar. Ninguém duvida, efectivamente, dessa resiliência que nos caracteriza e nos faz continuar com garra e paixão contra todas as adversidades. Mas será que precisamos mesmo dessa reinvenção?
A nossa resposta é não. Tal como não precisamos de reinventar a roda. Na sua essência ela será sempre rendonda. O que podemos fazer apenas, é torna-la mais eficiente e mais potente. E o mesmo se passa com o turismo. A qualidade e diversidade da oferta do produto turístico nacional não foram afetadas pela pandemia. Toda a nossa riqueza paisagística, cultural, histórica e gastronómica continua disponível. E agora cada vez mais digital, mais acessível, com inovação e com a segurança necessária para recebermos todos os que nos queiram visitar.
Mas precisamos regenerar.
Talvez seja a maior lição destes ultimos 18 meses: os recursos não são inesgotáveis, e o turismo pode ser o seu maior inimigo, anulando-se na sua origem. Existe um outro caminho.
É dentro desta realidade que encontramos o Turismo Regenerativo como a solução mais sustentável para uma retoma eficiente da industria. Embora o conceito e definição já existam desde 2002, muitas duvidas subsistem e pouco se discute sobre o tema. Não falamos de um nicho de mercado, mas de uma solução global. Os tempos que vivemos nada têm a ver com um “novo normal”, com a tal necessidade de reinvenção. Mas com uma realidade que procura mais do que uma proteção da Natureza e dos ativos do sector, uma realidade que pede uma nova forma holística de pensar o Turismo, na sua forma de atuação e impacto.
O caminho que seguiamos…. estava errado. E não existe esse “novo normal”.
De acordo com Anna Pollock, “Com uma visão sistémica que abrange a relação do homem consigo mesmo, com o outro e com a natureza, o Turismo Regenerativo propõe uma mudança de valores que vão além da minimização de danos proposta pela sustentabilidade. É um upgrade ao verdadeiro conceito de Sustentabilidade. Partindo do conceito de desenvolvimento regenerativo, o Turismo Regenerativo procura não só preservar, mas sim recuperar, resgatar, regenerar, os diversos impactos negativos que já causamos nos ecossistemas, culturas e indivíduos enquanto actividade turística. Mais uma vez considera não só os impactos ambientais, mas também os pilares socio-cultural e económico.”
A sustentabilidade falhou. E vai continuar a falhar. Porque se baseia ainda num modelo economicista e de continuo crescimento apenas focado no turismo, esquece as comunidades onde este se insere. Mas o turismo depende da manutenção e preservação dessas mesmas comunidadades, pois é onde se constroi em todas as suas formas de subsistência.
O Turismo Regenerativo atua local. Impacta local. Constrói local. Em comunidade. E será este o caminho que cada um de nós terá de seguir, assumindo uma responsabilidade individual e colectiva, para garantir o sucesso e o futuro do Turismo nas próximas gerações e no agora.
Mas como podemos seguir esse caminho?
NOTA: nas próximas semanas iremos desenvolver a temática do Turismo Criativo Regenerativo, apresentando os seus benefícios, formas de actuação e como poderá ser este o caminho para uma recuperação da indústria.
Por Sandra Matos
Fundadora da Please Disturb Tourism Experts
Projecto Cocriativo de Consultoria 360º para Turismo Criativo Regenerativo
Pessoas – Planeta – Proveitos