Nas últimas décadas do século XX e neste início do XXI, os eventos ganharam um enorme peso no meio social, sendo uma estratégia de comunicação, promoção e sociabilização muito utilizada pelos mais diversos agentes económicos, institucionais e governos.
Os eventos atravessam transversalmente toda a sociedade, sendo promovidos pelos mais diversos sectores da sociedade o que lhes confere por um lado, uma grande importância económico-social e por outro, grandes problemas de enquadramento legal e conflitos entre as várias tutelas onde se situa a sua área de atuação.
Ao serem tão impactantes nos vários sectores como o Turismo, o Desporto, a Cultura, os Espetáculos entre outros, levantam a necessidade de existir capacidade de contextualizar esta indústria de uma maneira criativa que não impeça as suas principais características como a criatividade, flexibilidade, heterogeneidade de produtos, criação de conteúdos e resposta eficaz às necessidades dos clientes.
A adaptação aos desafios desta indústria é inegável, como se pode observar durante a pandemia com o reforço dos eventos virtuais, híbridos e presenciais, sendo claramente um dos sectores que melhor sobe construir soluções perante o grande desafio da paragem provocada pelo Covid19.
Em conformidade com estas características os eventos necessitam de ter um enquadramento que potencie a sustentabilidade e eficácia, existindo muitos problemas de contexto e de ordenamento. As associações que os representam, ainda não conseguiram encontrar por parte das entidades governativas uma estratégia unificadora que consiga ser suficientemente flexível e ao mesmo tempo facilitadora deste sector.
Um dos problemas, para além de uma delimitação conceptual é conseguir medir e quantificar os impactos do mesmo, assim como, a produção de enquadramento legal e fiscal que consiga dar alguma sustentabilidade de políticas quer na promoção do desenvolvimento, quer em linhas de apoio. Uma das soluções é conseguir ter um Registo de Empresas de Eventos, incluindo o maior número de CAE´s, enquadrando a diversidade de origem das muitas empresas de eventos. Esta proposta já foi apresentada pela APECATE à tutela da Economia, visando a integração desse Registo no atual Registo Nacional do Turismo, com a necessária articulação e ligação às outras tutelas.
Com esse registo dos eventos seria possível estudar e quantificar, sendo possível articular com as Universidades e criar linhas de investigação e desenvolvimento com melhor acesso a dados e com isso evoluir o conhecimento de uma forma mais consistente. A ligação às Universidades é essencial, quer na maturação e sistematização do conhecimento, quer na ajuda à construção do saber. Esta ligação estreita permite, também, um melhor conhecimento mútuo e a criação de respostas formativas que vão de encontro às necessidades do sector e à sua permanente evolução.
Está na hora de iniciar a mudança apostando na estruturação da indústria dos eventos, criando o Registo Nacional de Empresas de Eventos (RNEE) e continuar a desenvolver e potenciar um dos sectores da economia mais dinâmico e de qualidade que são as empresas de eventos portuguesas.
Por António Marques Vidal
Docente convidado na Universidade Lusófona e presidente da Associação das Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos, APECATE