Quarta-feira, Outubro 16, 2024
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Os (reais) planos da Arábia Saudita que estão na origem da criação de uma nova companhia aérea

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O governo da Arábia Saudita propôs, no início deste mês, planos para a construção de uma transportadora aérea global, com sede no reino, para enfrentar as potências regionais Emirates, Qatar Airways e Etihad. 

De acordo com a Airline Weekly, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, governante da Arábia Saudita, pretende que a nova companhia aérea faça parte dos 130 mil milhões de dólares em investimentos que o mesmo está a liderar, para transformar o reino num centro global de transporte e logística. O investimento faz parte de seu plano para afastar a Arábia Saudita do petróleo e diversificar a sua economia.

No entanto, “há mais na nova transportadora aérea do que apenas turismo. Recentemente, a Arábia Saudita encobriu as suas tensões com o Qatar ao encerrar um bloqueio regional de anos, que obrigou a Qatar Airways a voar em rotas tortuosas, por forma a evitar o espaço aéreo dos países bloqueadores. Mas as tensões permanecem, uma vez que o Qatar não atendeu a todas as exigências da Arábia Saudita, entre as quais estava a contenção do seu meio de comunicação frequentemente crítico, a Al Jazeera”, informa a Airline Weekly.

As tensões também têm vindo a aumentar com um dos aliados da Arábia Saudita no bloqueio, os Emirados Árabes Unidos. A OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), que inclui 10 países liderados pela Rússia que não são membros formais do cartel do petróleo, teve como objetivo limitar a produção para manter os preços do petróleo altos enquanto o mundo recupera da pandemia de Covid-19. Os Emirados Árabes Unidos resistiram ao cartel, dizendo querer aumentar a produção, acusando a Arábia Saudita de ceder às exigências da Rússia, de acordo com o apurado pela Airline Weekly.

Estas divergências com os Emirados Árabes Unidos servem de pretexto para a busca de uma nova companhia aérea saudita que, idealmente, retiraria ao Qatar e ao Dubai os seus lugares de prestígio no que concerne ao mercado de transporte aéreo.

Assim sendo, entende-se que a nova companhia aérea seria um “premium global superconnector”, como as transportadoras Emirates, Qatar e Etihad. A adição de outra companhia aérea aumentaria o número de destinos internacionais da Arábia Saudita para mais de 250 e dobraria a capacidade de carga aérea para mais de 4,5 milhões de toneladas, segundo o relatório da SPA (Saudi Press Agency).

O que se destaca das ambições anteriores das transportadoras aéreas da Arábia Saudita é que a nova companhia suplantaria a Saudia, concentrando-se no tráfego religioso, faria o transporte dos peregrinos aos locais sagrados do país, especialmente durante a peregrinação Hajj. As companhias aéreas de baixo custo Flynas e Flyadeal concentrar-se-iam em viagens domésticas e regionais. Ainda não está claro se alguma das três companhias aéreas existentes alimentaria o tráfego para a nova transportadora aérea.

De acordo com a SPA, tornar o reino um centro de logística global, incluindo o desenvolvimento de portos, ferrovias e rodovias, aumentaria a contribuição do setor de transporte e logística para o produto interno bruto de 6% para 10%.

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