O mercado hoteleiro português tem demonstrado “uma grande resiliência nos últimos cinco anos”, conforme destacado por Pierre Ricord, Head of Hotel Consultancy da Christie & Co. A sólida recuperação é impulsionada pelo ADR (Average Daily Rate), beneficiando da atração que Portugal exerce nos mercados internacionais emissores e de uma procura sazonal que proporciona oportunidades de rentabilidade “agressivas”. Esta realidade é evidenciada pelos principais indicadores compilados pela consultora internacional na análise das sete regiões do país: Norte, Lisboa, Centro, Alentejo, Algarve, Madeira e Açores.
O relatório da Christie & Co revela que, até o final de 2022, Portugal já tinha superado o impacto da pandemia, alcançando 99% das dormidas registadas em 2019. Além disso, o RevPAR (receita por quarto disponível) estava 14% acima dos níveis pré-covid. Este crescimento “impressionante” não apenas persistiu mas acelerou ao longo deste ano, como evidenciado pelos números até julho, que indicam um aumento de 22% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Embora algumas regiões, devido ao recente aumento da oferta ou à menor exposição à procura internacional, tenham registado um menor crescimento da ocupação este ano, o aumento constante da ADR traduziu-se em fortes prémios RevPAR anuais em comparação com os níveis anteriores à pandemia, atingindo 59% na Madeira.
Quanto ao futuro, a oferta hoteleira em Portugal mostra-se “promissora”, com mais de 11.000 quartos em várias fases de planeamento ou construção. Este número elevado reflete uma paisagem em evolução, com três das sete regiões a registarem reservas de mais de 12% da sua oferta atual, embora com diferentes graus de representação de marcas internacionais.
O turismo em Portugal, como sublinhou Nicolas Cousin, diretor-geral da Christie & Co para Espanha e Portugal, “está assim a contribuir significativamente para a recuperação económica portuguesa”.
Esta perspetiva, no entanto, como sublinhou Ricord, “deve ser qualificada pelos vários estágios de desenvolvimento e pelas diferenças entre regiões, embora as estatísticas de desempenho para o primeiro semestre de 2023 sugiram uma perspetiva muito positiva para o investimento hoteleiro”.