Portugal levou à feira Ambiente, que decorreu de 7 a 11 de fevereiro na Messe Frankfurt, as tendências que vão marcar este ano. O TNews conversou com quatro fornecedores portugueses – a Vista Alegre, a Maria Portugal Terracota, a MP Drink e o Face Group – para conhecer as novidades para o canal Horeca.
Vista Alegre
A Vista Alegre, que celebrou 200 anos de existência no ano passado, é um fabricante de porcelana “muito reconhecido na feira”, começou por explicar ao TNews Denise Madeira, Marketing Manager Hotelware da empresa. “Trabalhamos durante todo o ano para podermos chegar aqui no início de janeiro ou fevereiro e podermos apresentar todas as novas coleções, porque acaba por ser uma feira muito internacional onde conseguimos contactar com os clientes de várias regiões”.
Este ano, a Vista Alegre aumentou a sua área de exposição na Ambiente, contando com um total de cinco stands. “Sabíamos que íamos ter mais produto para apresentar e, portanto, achámos que fazia sentido este investimento para a marca”, indicou a responsável.
No setor da hotelaria, os mercados mais “fortes” da Vista Alegre, sem contar com Portugal, são Espanha, França, Brasil e Estados Unidos. Trata-se de “um canal que todos os anos tem vindo a crescer e, atualmente, representa cerca de 40% do peso dentro da Vista Alegre, dentro do que é retalho, private label e outros”.


O fabricante apresentou uma série de novidades para o canal Horeca na feira Ambiente. Direcionada para o fine-dining, com um posicionamento “mais high-end”, a coleção Vita “vai buscar inspiração ao tronco da árvore para a textura nas abas dos pratos e, apesar de ser uma linha clássica, acaba por passar este conceito da natureza e mais orgânico”.
Outra novidade é a coleção Jane, que conta com cerca de 20 peças em três cores diferentes. “Notámos que existe uma tendência de os restaurantes irem buscar aquele prato mais clássico, mais estilo vintage, casa da avó, mas com uma componente mais atual”, explicou Denise Madeira.
A Vista Alegre apresentou ainda uma nova linha de buffet designada Medley. “Trabalhamos com muitas cadeias hoteleiras e, portanto, termos uma linha de buffet completa é importante para nós. Nesta nova linha, apresentamos shapes novas e uma mistura de materiais em que o cliente pode fazer uma mistura entre o grés, a porcelana, a madeira, e escolher ele próprio como vai fazer a apresentação do produto”, apontou.
A Chefs’ Collection – a coleção que tem a “melhor performance de vendas” e que “nos diferencia muito relativamente à concorrência” – recebeu duas adições. A Vista Alegre trabalhou em conjunto com o chef brasileiro Henrique Fogaça e com o chef alemão Matthias Diether para desenvolver os dois novos pratos.
Por fim, o fabricante português apresentou “uma extensão de linha em vidro dentro da coleção Art Made”, com cinco cores diferentes e “uma componente de manualidade muito interessante”.
No que diz respeito aos resultados de 2024, Denise Madeira adiantou que a Vista Alegre “manteve os mesmos valores, a mesma faturação do ano passado”, após ter registado “um crescimento enorme de 2022 para 2023”. Para 2025, o objetivo é “deixar respirar estas coleções que estamos a apresentar”, antecipou a responsável. “Vamos ter um ano bastante interessante nos vários segmentos, porque acabamos por tocar em todos os segmentos com uma oferta muito alargada”.





Maria Portugal Terracota
A Maria Portugal Terracota chegou à feira Ambiente com mais de 80% de novos produtos na sua área de exposição. Ana Santos, account manager para o mercado internacional, falou sobre a importância de “estar presente na feira, ver as reações dos nossos clientes às novas coleções, ter o feedback deles e perceber se estamos mais numa área mais clássica ou se devemos apostar em algo mais ousado”.
A Ambiente é a “principal feira” para o fabricante de cerâmica, que conta com um stand no Pavilhão 11, para o canal Horeca, e outro no Pavilhão 12, destinado “mais para o private level, mas ainda assim também no ramo de hotelaria”.
Atualmente, a empresa portuguesa planeia reforçar a sua presença no setor de hotelaria e restauração. “Na faturação da Maria, ainda é bastante residual. Os resultados são bons, mas ainda não superam a casa dos 30%”, disse a account manager. “A Maria ainda tem mais visibilidade no que diz respeito ao retalho. Demos início a esta parte hoteleira mais recentemente e estamos na feira pela terceira vez”.
“O investimento tem sido cada vez maior. Esperamos que durante o ano 2025 isto vá mudar, porque o foco é trabalhar com distribuidores, tanto no retalho, mas mais no que diz respeito à Horeca”, referiu Ana Santos.
Em 2024, o grupo ao qual pertence a Maria Portugal Terracota faturou “cerca de 25 milhões”, um “marco histórico” para a empresa, de acordo com Pedro Carvalho, comercial para Portugal e Espanha. O responsável juntou-se à equipa para reforçar a aposta no mercado português, visto que, em anos anteriores, “95% da nossa faturação era toda para o exterior”.
“Apesar de ter linhas que se mantêm a desafio para dar resposta aos clientes que compram e que querem continuar a comprar, a Maria tenta sempre inovar, tanto em formas como em texturas, cores e decorações”, destacou Ana Santos. “As duas linhas best-sellers são uma extremamente rústica e outra muito mais moderna”, acrescentou, referindo-se às coleções Terra e Luso, respetivamente.
Uma das novidades apresentadas na Ambiente é a coleção Ericeira, lançada no final de 2024. “Inspirámo-nos no mar e nas ondas, em tudo o que nos diz respeito ao nosso país”, indicou Pedro Carvalho, que destacou que esta linha tem tido “muita adesão”.



MP Drink
A MP Drink participou na feira Ambiente com um stand no pavilhão dedicado ao canal Horeca. A empresa portuguesa foi reconhecida no evento com o selo Ethical Style, que identifica os expositores que apresentam bens produzidos ecologicamente e socialmente responsáveis.
“Iniciámos a nossa atividade a efetuar copos inquebráveis de grau alimentar e que respeitem todas as normativas ambientais”, começou por explicar Miguel Matos, CEO da MP Drink. “Começámos a fazer outros produtos, como tábuas de corte, baldes de gelo, pratos, caixas herméticas, e temos uma política de investimento de fazer produtos novos todos os anos”.
“Nós temos na nossa gama também a certificação MID, certificação essa que nos permite fazer a graduação dos copos. Somos os únicos no mundo que temos, sobre o âmbito do MID, a garantia de que os nossos copos podem ir à máquina de lavar industrial 500 vezes”, destacou Miguel Matos.
Para o CEO, a feira Ambiente “tem uma componente internacional muito importante que abrange mais de 40 países”, o que “é bom porque alargamos o mercado a uma grande parte do planeta e a nossa marca começa a ser conhecida e reconhecida, não só pelo preço mas também pelo valor”. Entre os principais mercados estão França como “o país mais forte”, seguindo-se Holanda, Bélgica, Espanha, Suíça, Itália, Áustria, Dinamarca, Noruega, mas também Marrocos e Egito.
A MP Drink trouxe à Ambiente uma gama nova de copos. “Criámos vasos antiderrapantes, que estão catalogados em sete cores para escolha do próprio cliente”, indicou. “Esta gama está direcionada essencialmente ao circuito náutico, porque é um copo que não escorrega tão facilmente”.
Em 2024, “o nosso ponto de faturação subiu ligeiramente, única e exclusivamente porque aumentamos o leque de clientes”, revelou o CEO. Atualmente, o peso do canal Horeca na faturação da MP Drink “andará na casa dos 90%”.



Face Group
A fabricante de cutelaria Face Group marcou presença na Ambiente. O diretor-geral Ricardo Mota destacou que “os compradores vêm especificamente para esta feira porque, sendo a melhor do setor e realizando-se uma vez por ano, é onde se poderá apresentar as novidades, onde se poderá verificar quais são as novas tendências e a importância é tremenda para a evolução de uma empresa”.
Neste momento, a hotelaria corresponde a 50% da faturação do Face Group, enquanto o retalho representa a outra metade. A empresa portuguesa exporta para mais de 30 países, tendo como principais mercados a América do Sul, a Europa, o Norte de África e, em particular, a Rússia.
Relativamente às tendências, “principalmente na nossa área da hotelaria, vai muito por parte do gosto do chef”, defendeu Ricardo Mota. “Se o chef tiver uma tendência mais vanguardista, vai escolher um talher mais vanguardista. Se o restaurante tiver uma tendência mais tradicional, vai escolher um talher mais tradicional”.



No entanto, o best-seller do Face Group “ainda é um clássico”, de acordo com o diretor-geral. “Apesar de haver uma tendência de os chefes serem um bocadinho mais vanguardistas, a grande maioria deles ainda são muito tradicionalistas”.
O talher Novara foi uma das novidades apresentadas no stand da empresa. “É inspirado na opinião de dois ou três chefes que são conhecidos nossos e que nos ajudaram a fazer o design deste talher”, explicou Ricardo Mota. “É um talher que mistura alguma tradicionalidade, mas também alguma modernidade. O feedback que temos tido dos nossos clientes é muito bom, por isso apostámos no modelo certo”.
*Viajou a convite da Messe Frankfurt