A Europa teve um primeiro trimestre “saudável” em termos de investimento hoteleiro, atingindo 4,1 mil milhões de euros, de acordo com um relatório da Cushman & Wakefield. Embora o número de hotéis e quartos transacionados tenha sido menor do que no ano passado, o volume de investimento registou um aumento significativo de 18% em relação ao período de janeiro a março de 2022. Destaca-se que Portugal desempenhou um papel fundamental nesse cenário, liderando o crescimento percentual de investimento hoteleiro na Europa.
O relatório da consultora destaca o crescimento do investimento “apesar dos altos custos de financiamento e das preocupações económicas e geopolíticas”. Entre as transações mais relevantes estão o The Westin Paris, comprado pela Dubai Holding; o Le Richemond Geneva, adquirido pelo Jumeirah Group e o Mandarin Oriental Bodrum.
No primeiro trimestre, foram transacionados 154 estabelecimentos, menos 44 do que no mesmo período de 2022, e um total de 16.817 quartos (-16%).
De um total de 4.121 milhões de euros investidos, 76% vieram de compradores europeus, 10% das Américas, 8% da região APAC e 5% do Médio Oriente e África.
Se analisarmos o tipo de investidor, os investidores institucionais foram responsáveis por 49% das compras no trimestre (-15%) e os investidores privados por 44% (-18%).

Tendência nos últimos 12 meses
Analisando a evolução dos últimos 12 meses até março de 2023, o volume de transações reflete um ligeiro aumento de 3%, passando de 17.995 milhões de euros para 18.564 milhões de euros. Foram transferidos 779 estabelecimentos (+6%).
Por sua vez, a Cushman & Wakefield detalha que 27% do investimento foi direcionado para hotéis do segmento Upper Upscale, em segundo lugar estão os hotéis Upscale (23%) e em terceiro os de luxo (18%).
O investimento em hotéis económicos aumentou 46%, em upper upscale 44%, em luxo 16% e em midscale 3%. Enquanto os estabelecimentos upper midscale e upscale sofreram uma queda de 44% e 31%, respetivamente.

A consultora afirma que, no futuro, “o pipeline sugere uma retoma da atividade no segundo semestre de 2023”. A empresa espera que o perfil de rentabilidade dos hotéis prime nos principais mercados se mantenha, “sendo provável encontrar maiores descontos em localizações secundárias”.
O interesse dos investidores deve-se à “sólida recuperação” observada em 2022 e que continuou no primeiro trimestre, apoiada pela procura reprimida e pela recuperação do segmento corporativo e de grupos. A Cushman & Wakefield recorda no sei relatório que, embora os níveis de ocupação no primeiro trimestre tenham ficado 5% abaixo de 2019, o crescimento da ADR (+19%) fez com que o RevPAR superasse os níveis de 2019 em 13%.
Os países com mais investimento hoteleiro
Nos últimos 12 meses até março de 2023, o Reino Unido, França, Espanha, Alemanha e Itália continuam a ser os cinco principais países de investimento hoteleiro, embora com fortes variações homólogas.
O investimento hoteleiro no Reino Unido sofreu uma contração de 25% nos últimos 12 meses, passando de 4.931 milhões de euros para 3.687 milhões. Por outro lado, a França subiu do quinto para o segundo lugar, graças a um aumento de 122% no investimento, que passou de 1.490 milhões para 3.303 milhões de euros. Já a Espanha desceu para o terceiro lugar, com um total de 2.654 milhões de euros, representando uma diminuição de 14%.
É importante mencionar que Portugal ficou em sexto lugar e registou o maior crescimento percentual em termos de investimento hoteleiro. O país passou de 364 milhões de euros em 2022 para 1.063 milhões de euros em 2023, o que representa um aumento de 192%.
