Sexta-feira, Outubro 11, 2024
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Profissionais têm boas perpetivas para os próximos 3 anos, mas aumento de custos é fator de preocupação

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A maioria dos profissionais de turismo em Portugal apresenta uma perspetiva positiva (93%) relativamente à atividade do setor para este ano e para os próximos três anos, revela o Barómetro 2023, uma iniciativa do IPAM, da Área de Turismo e Hospitalidade da Faculdade de Ciências Sociais e Tecnologia (FCST) da Universidade Europeia, com o apoio do TNEWS. O questionário, que decorreu entre os meses de abril e maio de 2023, pretendeu avaliar os níveis de confiança dos profissionais no setor do turismo para este ano e para daqui a três anos.

Segundo a análise, 53% dos profissionais que participaram no questionário tem uma perspetiva boa e 40% tem uma perspetiva muito boa para o setor do turismo para este ano. Apenas 6% dos profissionais que responderam ao inquérito tem uma perspetiva má ou muito má para o setor do turismo para este ano.

Quanto às perspetivas para a atividade do setor daqui a três anos, a maior parte dos profissionais tem um sentimento positivo também. Apenas 5% tem uma perspetiva negativa enquanto 67% têm uma perspetiva boa e 28% muito boa.

Maioria perspetiva aumento dos níveis de investimento

A maioria dos participantes do estudo afirma que as suas empresas irão aumentar os seus níveis de investimento. Apenas 8% afirma que as suas empresas irão diminuir os seus investimentos. Em comparação a 2019, ano pré-pandemia, verifica-se uma melhoria nos planos de investimento. Existem mais empresas a planear aumentar os seus investimentos quando se comparando com 2019.

O relatório salienta que os planos de investimentos variam consoante a dimensão das empresas, ou seja, existem menos microempresas a planear aumentar os seus investimentos quando se compara com empresas de maior dimensão. Mais de 81% das grandes empresas irá aumentar os seus investimentos, e apenas 3% afirmam que irão diminuir os seus investimentos. Relativamente às microempresas 14% afirmam que irão diminuir os seus investimentos.

Quanto às pequenas e médias empresas (PMEs), verifica-se que existe também uma diferença entre estas e as microempresas e as grandes empresas. As PMEs estão mais propensas ao investimento dos que as microempresas, contudo há menos a afirmar que irão aumentar os seus investimentos quando se compara com as grandes empresas.  

Apenas 13% recomendaria uma profissão no setor do turismo

Quando questionados se recomendariam, a um familiar ou a um amigo, uma profissão numa empresa a operar no setor do turismo, apenas 13% dos participantes responde de forma afirmativa.

“O indicador com a pior performance no estudo é aquele que avalia o potencial de uma carreira profissional numa empresa a operar no setor do turismo. De acordo com os resultados, 53% dos inquiridos são detratores, ou seja, apresentam reservas na altura de recomendar uma carreira profissional em empresas no setor do turismo. Apenas 13% recomendaria uma profissão no setor do turismo. Desta forma, o valor do Net Promoter Score (NPS) é -40, o que sinaliza que os participantes, globalmente, não recomendam uma carreira profissional numa empresa do setor do turismo”, revela o estudo.

Comparativamente a 2019 os valores do NPS em 2023 pioram. Em 2023 existem menos pessoas a recomendar e mais a desaconselhar uma carreira profissional no turismo quando se compara com 2019.

Aumento dos custos é o maior fator de preocupação

Os principais focos de preocupação de quem trabalha no setor do turismo foram medidos através da qualidade do sono dos participantes do estudo, utilizando uma escala de likert com 5 pontos para avaliar a qualidade do sono.

O fator que provoca mais preocupação nos participantes do estudo é o potencial aumento dos custos. Do total da amostra, 73% afirma que dorme mal ou perde totalmente o sono ao pensar num cenário de aumento dos custos. Apenas 27% diz que dorme OK, muito bem ou que nem um anjo quando pensa na possibilidade do aumento dos custos.

A seguir ao aumento dos custos, surgem outros problemas como a falta de mão-de-obra que retira o sono a 61% dos participantes, a evolução da economia que retira o sono a 51% e a imprevisibilidade legislativa com impacto negativo no sono em 50% da amostra. A incerteza fiscal preocupa menos de metade da amostra, retira o sono a 40% da amostra, a oportunidade de carreira profissional tem um impacto negativo no sono em 33% da amostra, a segurança do emprego tem um impacto negativo em 30% da amostra. Em contraponto, o aumento da concorrência impacta o sono em apenas 12% da amostra.

74% dos participantes prevê investimentos em práticas sustentáveis

Relativamente às práticas sustentáveis é “aparente o esforço que a maior parte das empresas tem encetado”, revela o relatório. A maior parte dos participantes, 74%, afirma que é provável ou extremamente provável que as suas empresas invistam em práticas sustentáveis. Apenas 10% dos participantes afirmam que as suas empresas não vão investir em práticas sustentáveis.

“É interessante verificar que a propensão das empresas a investir em boas práticas sustentáveis afetam a prospeção dos participantes a recomendar uma profissão no setor do turismo. De facto, existem diferenças estatísticas entre os detratores, passivos e promotores do setor do turismo em função do grau de investimento das suas empresas em práticas sustentáveis. Os maiores promotores de um futuro profissional no setor do turismo são aqueles que trabalham em empresas que estão mais propensas a investir em práticas sustentáveis. Inversamente os participantes que trabalham em empresas menos propensas a investir são os que menos recomendam um futuro profissional no setor do turismo”, aponta o estudo.

Investimento em tecnologia

Verifica-se também que a maior parte dos participantes afirma que as suas empresas estão propensas a investir em novas tecnologias, tais como robotização, realidade aumentada, realidade virtual, chatbots, entre outras, de facto 58% afirma que as suas empresas irão investir nessa área.

Porém, o relatório salienta que as empresas do setor do turismo estão mais propensas a investir em práticas sustentáveis do que em novas tecnologias. “O foco é bastante superior nas práticas sustentáveis do que em novas tecnologias. De facto, 74% dos participantes afirma que as suas empresas irão investir em práticas sustentáveis, enquanto ao nível do investimento em novas tecnologias o número é de 58%”.   

É possível tirar outra conclusão deste relatório: “Os participantes que trabalham em empresas menos propensas a investir em tecnologia estão menos confiantes relativamente aos seus postos de trabalho e à sua progressão de carreira. 43% dos participantes que trabalha em empresas não propensas ao investimento em tecnologia afirma perder o sono quando pensa nas suas carreiras profissionais e 35% perde o sono por causa da segurança do seu emprego. Relativamente aos participantes que trabalham em empresas que investem em tecnologia, apenas 25% dos participantes afirma perder o sono quando pensam nas suas carreiras profissionais e 24% perde o sono por insegurança no seu posto de trabalho”.

O relatório conclui que “as empresas mais dinâmicas ao nível do investimento em novas tecnologias são as que garantem melhores perspetivas de trabalho aos seus colaboradores.

A amostra do estudo é composta por 245 profissionais que trabalham em diferentes regiões de Portugal. Os participantes da região de Lisboa representam 55% da amostra e os residentes do Porto e Norte de Portugal representam 15% da amostra. Os participantes da região Centro de Portugal representam 11% da amostra e os do Algarve representam 6% da amostra. Finalmente, participantes dos Açores e Madeira representam 2% e 1% da amostra respetivamente. Os participantes são maioritariamente mulheres (56%), com idades compreendidas entre os 35-54 anos (62%).

Por:

João Freire, Professor e Diretor da Licenciatura Marketing Global no IPAM

Sofia Almeida, Professora e Coordenadora Vertical da Área Turismo & Hospitalidade da Faculdade de Ciências Sociais e Tecnologia 

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