Há sete anos que há muito mais a unir as regiões da Extremadura, Centro e Alentejo, do que a separá-las. Além de partilharem cerca 400 quilómetros de fronteira, as três regiões têm trabalhado em projetos de promoção conjunta que agora pretendem alargar, releva o diretor geral do Turismo da Junta da Extremadura.
Em entrevista ao TNews, à margem do evento Meet Extremadura, uma bolsa de contactos entre empresas estremenhas e agentes de viagens e operadores turísticos, que decorreu na passada quinta-feira, em Lisboa, Francisco Martin explica que as três regiões estão a estudar um mecanismo jurídico de gestão conjunta de projetos, tratando-se de uma evolução dos sete anos de trabalho de cooperação. “Estudamos algum tipo de agrupamento económico dos três territórios para fazer promoção e gerir projetos”, conta. A vinda a Portugal, pela segunda vez com o evento Meet Extremadura, permitiu a realização de reuniões com Filipe Silva, administrador do Turismo de Portugal, com Vítor Silva e António Lacerda, do Turismo do Alentejo, e Jorge Loureiro, do Turismo do Centro de Portugal.
Juntas, as regiões da Extremadura, Centro e Alentejo têm cerca cinco milhões de visitantes por ano, dez milhões de dormidas e e cerca 85 mil empregos diretos, recorda o responsável. “O turismo e a hotelaria são uma potência e uma grande oportunidade de emprego”, realça Francisco Martin.
“O que queremos na realidade é fomentar o turismo ibérico. Não podemos estar de costas viradas, temos de estar juntos”. Em matéria de trabalho conjunto, dá vários exemplos do que já foi feito, desde a presença das três regiões em mercados internacionais, como Bruxelas, Paris, Londres ou até Pequim, até à produção de material promocional conjunto e o lançamento de uma campanha digital para o mercado ibérico no ano passado, cuja segunda edição vai ser lançada até ao final do outono . “Temos estado a promover os 24 patrimónios mundiais da UNESCO que têm estas três regiões, que são mais do que tem o Brasil. Estamos a fazer rotas e produto turístico em torno do património mundial, turismo espiritual (Fátima e Guadalupe), Turismo Judaico, cicloturismo. Temos três projetos europeus em marcha: observação de aves, grande Lago Alqueva, Tejo Internacional. Esta experiência de coordenação e ação não existe entre outras regiões de Espanha e Portugal”, constata.
No próximo ano, Francisco Martin revela que pretendem desenhar novos projetos de cooperação transfronteiriça e realizar o segundo Congresso Ibérico Bandeira Azul em praias do Interior em Portugal (a primeira edição realizou-se em Mérida, Espanha, nos dias 23 e 24 de maio e contou com a participação de entidades públicas e empresas de Espanha e Portugal. Também pretende realizar a terceira campanha de promoção digital das três regiões.
Portugal, mercado número um para a Extremadura
Portugal é o principal mercado da Extremadura. Em 2019, o destino recebeu 65.500 visitantes de Portugal, o que coloca o nosso país à frente da França, Alemanha e Reino Unido. A importância do mercado português justifica a vinda a Lisboa do evento Meet Extremadura, que passa por várias cidades dentro e fora de Espanha.
“A Extremadura já não tem fronteiras com Portugal, durante muitos anos a fronteira foi uma barreira, com quase 400 quilómetros desde a Serra da Gata até ao sul. O facto de já não existirem fronteiras converteu-se numa grande oportunidade, com o Grande Lago do Alqueva, o Rio Tejo, com as cidades Badajoz-Elvas, com o norte de Extremadura, é um grande destino de qualidade do Interior”, realça.
Depois de se ter realizado pela primeira vez em Portugal em outubro de 2020, a Meet Extremadura regressou este ano e trouxe a Lisboa 35 empresas da Extremadura que se reuniram com cerca 50 agências e operadores de Portugal.
Francisco Martin acredita há potencial para aumentar os números do mercado do português. “Temos potencial de crescimento, sobretudo por duas razões fundamentais: pela proximidade, não é preciso avião. Muitas vezes não valorizamos o que temos perto, a Extremadura é um destino de passagem para ir a Madrid ou outra parte de Espanha. Por outro lado, hoje pensamos que temos produto turístico para fazer escapas desde Lisboa, Porto, Évora, de dois, três dias, de natureza, familiares, viagens de carro – há muitos viajantes que vão à Extremadura de moto, está perto, não é preciso gastar muito e apanhar um avião”, afirma. “É uma grande oportunidade, também no sentido inverso é igual, os estremenhos podem vir a Évora, Castelo Branco, ir às praias do litoral Alentejo”.
Comparativamente a 2019, Francisco Martin diz que o turismo da Extremadura está a ter, globalmente, “uma recuperação sólida e rápida dos principais indicadores turísticos”. Em julho e agosto de 2022, a região registou as mesmas dormidas de igual período em 2019, que já tinha sido o melhor ano turístico dos últimos 30 anos. “Em setembro, tivemos 27554 afiliados na Segurança Social, que são 1050 empregos mais do que em setembro de 2019, no indicador de emprego superámos 2019”.