O Reino Unido avançou nas suas políticas de descarbonização da aviação ao comprometer-se a garantir que, a partir de 2030, todas as companhias aéreas que operem em solo britânico utilizem pelo menos 10% de combustível de aviação sustentável (SAF). Segundo as projeções do governo britânico, esta medida contribuirá com mais de 1,8 mil milhões de libras para a economia, equivalente a quase 3 mil milhões de euros, e resultará na criação de mais de 10 000 postos de trabalho em todo o país.
O novo regulamento, intitulado Sustainable Aviation Fuel Mandate, está pendente de aprovação parlamentar, porém espera-se que entre em vigor a partir de janeiro de 2025. Esta iniciativa segue-se ao primeiro voo transatlântico comercial 100% abastecido por SAF, que partiu de Heathrow em novembro, com apoio de um investimento público de até 1 milhão de libras.
Após uma consulta alargada ao setor, o governo comprometeu-se com “objetivos ambiciosos, mas alcançáveis, que possibilitarão o fornecimento anual de 1,2 milhões de toneladas de SAF ao setor aéreo do Reino Unido – o que seria suficiente para circundar o globo 3.000 vezes”, declarou o executivo britânico.
Medidas para mitigar impactos nos preços
Reconhecendo que o SAF pode apresentar custos mais elevados a curto prazo em comparação com o combustível tradicional, o governo britânico está empenhado em garantir que a descarbonização “não seja feita à custa dos consumidores. Este plano faz parte de nossa estratégia para evitar o racionamento de voos através da gestão da procura”.
Nesse sentido, o plano incorpora um mecanismo de revisão destinado a ajudar a controlar os preços e minimizar o seu impacto nas tarifas aéreas para os passageiros. O Governo também detém o poder de ajustar os principais limites do regulamento para evitar aumentos de preços em caso de escassez de SAF, visando minimizar o impacto sobre os consumidores.
“O combustível sustentável para a aviação protege o futuro da aviação britânica, os milhares de empregos britânicos que dela dependem e os voos de férias e de negócios de que todos dependemos”, afirmou Mark Harper, Secretário dos Transportes.
O SAF produz até 70% menos emissões de carbono do que os combustíveis fósseis tradicionais utilizados na maioria dos voos comerciais. É fabricado a partir de resíduos ou subprodutos, tais como resíduos domésticos, gases industriais ou óleos alimentares usados.
O regulamento também garantirá que o SAF seja fabricado de uma forma mais ecológica, incentivando técnicas que convertem energia renovável em combustível, conhecidas como power-to-liquid.
Além disso, incentivará o uso de diferentes tipos de resíduos para a produção de combustível, como serradura e casca de árvores, visando resolver questões globais como desflorestação, biodiversidade e competição com a produção alimentar, ao mesmo tempo em que limita o uso de óleo alimentar na fabricação de SAF, que é a forma mais barata e amplamente utilizada atualmente.
Por parte da ABTA, é valorizado de forma positiva que o governo britânico “partilhe a ambição da indústria de transitar para o SAF como parte dos planos de descarbonização da aviação e que, para que o regulamento se torne realidade, o Governo tenha que implementar a infraestrutura adequada”.
Sem que isto tenha impacto nos preços, Mark Tanzer, diretor executivo da associação, salienta a importância de voar “mantendo-se acessível ao mesmo tempo que se procura a descarbonização, pelo que é encorajador ver o governo reconhecer este facto ao incluir um mecanismo de revisão nos seus planos, para ajudar a gerir os preços e minimizar o impacto nos preços dos bilhetes”.