Em 2019, os 3,9 milhões de turistas que viajaram com a Ryanair gastaram 2.109 milhões de euros em Portugal, demonstra um estudo da PwC. Até 2027, a companhia aérea britânica prevê aumentar o tráfego de passageiros para Portugal em 36%, de 11 para 15 milhões de passageiros por ano, e aumentar os gastos anuais “para três ou quatro mil milhões de euros”. No entanto, Michael O’Leary, CEO do grupo Ryanair, sustentou esta terça-feira que existem desafios para o crescimento da companhia aérea no país.
“A contínua má utilização de slots na Portela, tanto a TAP como a easyJet que têm slots na Portela não as estão a utilizar, estão a bloquear essas slots e a impedir a Ryanair de crescer, de criar mais emprego e de trazer mais passageiros para Lisboa”, afirmou o CEO durante um evento que decorreu esta terça-feira e que assinalou os 20 anos da chegada da transportadora aérea a Portugal, acusando a companhia aérea nacional de não usar cerca de 30% dos slots no Aeroporto de Lisboa. “Até ao último inverno, a Ryanair tinha sete aeronaves baseadas na Portela durante o inverno, mas tivemos de reduzir para quatro este verão porque a TAP recuperou essas slots e, no entanto, não as está a utilizar”, ressalvou.
Para a companhia aérea crescer nos próximos anos em Portugal, necessita, segundo Michael O’Leary, “de mais slots na Portela, de abrir um aeroporto no Montijo e de inverter a taxa ambiental em Portugal (…) isto permitiria à Ryanair colocar mais aeronaves no país, criar mais emprego e, durante o período dos próximos quatro ou cinco anos, aumentar os gastos anuais dos passageiros da Ryanair em Portugal de dois mil milhões para três ou quatro mil milhões de euros”.
No entanto, Eddie Wilson, CEO da Ryanair DAC, ressalva que não é contra os impostos ambientais, avançando que a companhia aérea encomendou 150 novos aviões Boeing 737, que são mais ecológicos e que reduzirão o combustível e as emissões de CO2 em 16%. “Queremos que todos paguem a sua quota-parte. Investimos 20 mil milhões de euros em novas encomendas de aeronaves que utilizam 8% menos combustível, emitem 40% menos emissões sonoras e têm capacidade para 8% mais passageiros”.
De acordo com o estudo da PwC, nos últimos 20 anos, a Ryanair e os seus passageiros contribuíram com mais de 15 mil milhões de euros para a economia portuguesa; e transportadora aérea contribuiu com 80.000 postos de trabalho, por ano, no país. Atualmente, a companhia aérea opera 160 rotas, a partir de 6 aeroportos portugueses.
Até 2027, a Ryanair quer aumentar os passageiros anuais em Portugal de 11 milhões para 15 milhões; criar até 600 postos de trabalho em Portugal, entre pilotos, pessoal de cabine, profissionais de tecnologias da informação, engenheiros; e potencialmente investir 50 milhões de euros numa instalação de manutenção no Porto, que criará 250 postos de trabalho.
Michael O’Leary destaca que a Ryanair é a única companhia aérea na Europa que está a transportar agora mais passageiros do que antes da pandemia. “Estamos a operar este verão a 115% da nossa capacidade pré-covid, a TAP está a operar a cerca de 70% da capacidade pré-covid e a easyJet a cerca de 80%”.
Quando questionado sobre a inflação, O’Leary defendeu que a mesma pode ser positiva para o crescimento da companhia, notando que historicamente os períodos de inflação elevada foram bons para o crescimento da empresa. “As pessoas não param de voar, começam é a voar em companhias mais baratas e ficam muito mais sensíveis ao preço”, notou O’Leary, destacando que o aumento de preços beneficia as companhias low-cost e que “a procura e as reservas continuam muito fortes”.
A secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques, presente na cerimónia de aniversário, sublinhou o “grande contributo” da companhia aérea para a retoma do turismo, após a pandemia. “Felizmente, temos várias companhias aéreas a crescer com este ritmo e com esta dimensão, naturalmente a Ryanair é um excelente exemplo por ter dado um contributo muito relevante durante estes 20 anos, espero que continue assim, mas temos outras companhias aéreas com quem temos trabalhado, temos 65 companhias aéreas, servimos mais de 160 cidades nas nossas rotas, que temos vindo a dinamizar e que, neste momento, já estão com um nível muito idêntico ao de 2019”, disse a governante.