Enquanto muitas companhias aéreas direcionam o seu foco para o continente europeu com uma perspectiva limitada pelas fronteiras nacionais, para a Ryanair, o mercado “é único” e considerado “doméstico”, considera a SkyExpert, empresa de consultoria em aviação, aeroportos e turismo, que fez uma análise sobre a operação da Ryanair para Portugal neste verão IATA.
A companhia olha para os seus aviões “como ativos financeiros pan-europeus que operam sem se prender a fronteiras”. Sem apego a uma bandeira específica, a Europa torna-se um tabuleiro estratégico onde a companhia estabelece as “suas bases comerciais, operacionais e administrativas de forma dinâmica e eficiente”. Um exemplo disso são os registos das aeronaves, situados em Malta, Irlanda ou Áustria, dependendo da eficiência regulatória, custos operacionais e flexibilidade oferecida por cada jurisdição, observa a SkyExpert. A empresa acompanha a evolução das leis e regulamentos em diferentes países, optando por aqueles que oferecem condições mais favoráveis.
Os aeroportos também desempenham um papel crucial nessa equação, com métricas que podem influenciar decisões. Se os aeroportos portugueses decidem aumentar suas taxas de forma pouco competitiva, a resposta da empresa é clara: retirar ou reduzir os investimentos nos mercados afetados e direcionar recursos para locais mais vantajosos. Essa abordagem reflete a estratégia adotada por Portugal em outras áreas, como os vistos Gold ou benefícios fiscais para nômades digitais, buscando atrair investimentos. Com a Ryanair, a dinâmica é semelhante.
Os atrasos na entrega das aeronaves Boeing 737 MAX alteraram parte dos planos de expansão da Ryanair. Apesar disso, para o verão IATA de 2024, a empresa planeia operar um total de 363 mil voos, um aumento de 13 mil em relação a 2023, o que representa 3 milhões de lugares adicionais, totalizando quase 70 milhões. Entretanto, em Portugal, o aviso de Michael O’Leary concretizou-se, com uma queda acentuada no número de voos e lugares disponíveis em comparação com outros destinos concorrentes.
Mercado | Verão 2023 – número de lugares | Verão 2024 – número de lugares |
Croácia | 1’181’195 (6484 voos) | 1’871’177 (10053 voos) |
Espanha | 23’221’410 (122224 voos) | 24’745’545 (129123 voos) |
Grécia | 3’124’930 (16492 voos) | 3’501’344 (18435 voos) |
Itália | 27’694’246 (145257 voos) | 29’178’543 (153183 voos) |
Portugal | 4’498’927 (23628 voos) | 4’162’708 (21737 voos) |
Marrocos | 1’762’589 (9256 voos) | 2’324’729 (12’077 voos) |
A sul, Portugal é claramente o único mercado que não cresce na Ryanair. O que vai mudar em Portugal, questiona a SkyExpert.
Verão 2023 – número de lugares | Verão 2024 – número de lugares | ||
Voos para Europa | 4’448’078 (23359 voos) | 4’049’025 (21146 voos) | |
Voos domésticos | 846’642 (4462 voos) | 737’556 (3844 voos) | |
Voos para Marrocos | 50’849 (269 voos) | 113’683 (591 voos) | |
Considerando a diferença de uma semana a menos no horário de verão de 2024 relativamente a 2023, os dois aeroportos nacionais que mais sofrem com a redução de voos da Ryanair são o Funchal e Faro. Na Madeira, o número de lugares desce de 266 mil (1407 voos) para 162 mil (852 voos) e em Faro a descida é de 1.5 milhões de lugares (7945 voos) para 1.3 milhões (7176 voos). Nos Açores, Lisboa e Porto a situação mantém-se aproximadamente estável – com ligeira tendência para quebra, mas pouco expressiva. Para o Inverno de 2024/25, os Açores poderão deixar de receber voos da Ryanair, alerta a SkyExpert.