Se há destinos que só começaram a sentir uma recuperação efetiva do turismo este ano, no caso da Madeira isso tem vindo a acontecer desde 2021. Em agosto do ano passado, a Madeira bateu a barreira dos 50 milhões de euros de proveitos num só mês, o que foi algo de inédito na história do turismo no arquipélago. Já este ano, alcançou um novo recorde: em julho de 2022, o destino atingiu mais de um milhão de dormidas num só mês.
O sentimento positivo vivido até aqui não parece esmorecer com as notícias do aumento da inflação, das taxas de juro e de uma crise anunciada.
Com seis unidades no destino, a cadeia de hotéis Savoy Signature espera que, à semelhança do restante ano, o “inverno seja muito bom”. “Temos indicadores que nos dão segurança de que isso vai acontecer”, afirma Graça Guimarães, diretora de vendas do grupo ao TNews. “Felizmente o destino Madeira nunca foi um destino barato, ou seja, a faixa etária e o tipo de clientes que atraímos não vão ser tão afetados pela inflação e pela crise”, defende. “Acreditamos que a Madeira, ainda sendo um destino de nicho e tendo tantas camas no segmento médio alto, não vai ser tão afetada como outros destinos que têm muitas camas de uma gama inferior cujo os clientes são mais sensíveis ao preço”.
Uma das tendências que a responsável observa em 2022 é uma procura ao longo de todo ano. Por sua vez, a pandemia também trouxe novos mercados, alguns emergentes e um perfil de turistas nacionais que não era habitual no destino.
“Além dos mercados tradicionais terem aumentado a sua capacidade para a Madeira, há novos mercados. Mesmo para o próximo inverno estamos a ver essa tendência”, aponta.
Relativamente aos novos mercados, Graça Guimarães constata que a pandemia “abriu uma janela” para os países do Báltico, mas também para mercados transatlânticos, como é o caso dos EUA, Canadá e Brasil.
“Estamos a ver uma maior procura por parte do mercado americano, brasileiro, canadiano, que ainda não tem muita expressão na Madeira, mas que estamos a observar um crescimento, muito fruto também do empenho e do trabalho de marketing da Associação de Promoção da Madeira e do nosso grupo”, refere. Já quanto aos mercados tradicionais, onde se inclui o mercado nacional, a responsável sublinha que “o aumento das frequências semanais é também de salutar”. “Recentemente a Ryanair abriu-nos alguns ‘gateways’ que não tínhamos, nomeadamente o voo direto de Dublin e de Milão, algumas cidades de França em que não existia voo direto, a que acresce a easyjet, e outras operações charters”, recorda.
Os bons resultados são transversais a todas as unidades do grupo. À exceção do Hotel NEXT, que não estava ainda aberto em 2019, e portanto não é possível estabelecer comparação, nas restantes unidades as taxas de ocupação e o preço médio estão agora “muito mais elevados” do que antes da pandemia, e a crescer a dois dígitos.
No mercado nacional, Graça Guimarães realça que a pandemia trouxe um mercado “que não era habitual vir para a Madeira, sobretudo nos segmentos mais altos e uma faixa etária mais jovem, que aprendeu a descobrir a Madeira com outros olhos; aconteceu em 2020 e 2021, e este ano vemos muito mercado nacional nos hotéis mais caros, e não só, a fazer programas tailor made. É um cliente mais independente”.
Hotéis que respondem aos diversos perfis de procura
Com um portefólio de seis unidades, o grupo apostou na segmentação e diferenciação de cada hotel indo ao encontro dos vários perfis de turistas que hoje procuram a Madeira. Segundo Sílvia Dias, diretora de Marketing da Savoy Signature, “há uns anos a Madeira tinha um posicionamento mais para seniores, mas com o trabalho de reposicionamento que o destino foi fazendo, realmente conseguimos potenciar e mostrar que a Madeira é muito mais que um destino para seniores e tem uma oferta muita diversa”.
“Um dos princípios básicos na definição dos conceitos dos nossos seis hotéis é posicionarmos cada uma das unidades para um segmento específico, tendo em conta a abrangência de públicos que o destino conseguiu conquistar”, refere. Nesse sentido, a responsável dá o exemplo do Hotel NEXT: “Fomos bastante audazes com a abertura do NEXT em plena pandemia – já tínhamos um conceito mais ou menos preparado para pessoas mais novas, mas depois adicionámos a componente tecnológica que foi altamente valorizada e conseguimos posicionar o hotel num segmento mais jovem”. Mas há outros exemplos, o Hotel Calheta Beach “é muito mais vocacionado para famílias e conseguimos perceber que o segmento de luxo aqui para a Madeira poderia ter um potencial imenso e daí um produto como o Savoy Palace”. Já no caso do Saccharum, a ideia é que esteja posicionado como um ‘retreat’ que alia a sustentabilidade ao bem-estar, uma vez que acreditam que esse é o conceito de “novo luxo”. Outra das aposta do grupo tem sido a oferta de restauração, com o objetivo de captar os hóspedes do hotel, mas também de outros hotéis e a população local.