Para assinalar o 4º aniversário do TNEWS, lançamos uma rubrica especial que reúne vozes do setor do turismo. Convidamos personalidades a refletirem sobre o futuro do turismo em Portugal, respondendo à seguinte questão: “Se tivesse poder sobre o país por uma hora, qual seria a decisão que tomaria para o setor do turismo?”
Por Carlos Costa, Executive Partner da IHSP e da SobreTUR, e presidente do Conselho Geral da ESHTE
Para ter efetivo poder sobre o país teria de ser Primeiro-Ministro, algo que nunca acontecerá, pelo que me reconduzo ao mero exercício teórico.
Questões de partida: O Turismo é realmente estratégico e de importância transversal para o desenvolvimento da economia portuguesa? Sim. O Turismo em Portugal tem vantagens competitivas face a outros setores? Sim. O Turismo é a 1.º atividade exportadora nacional? Novamente sim.
Então temos de ser consequentes: a decisão que tomaria seria a de outorgar ao Turismo o peso político que lhe é devido (não confundir com Ministério do Turismo). A ação política do Governo assumiria, sem complexos, o Turismo como prioridade económica, conferindo à constelação de sectores que integram esta atividade económica os instrumentos legais, os meios humanos e os recursos financeiros necessários ao seu desenvolvimento sustentável e de qualidade.
Um Executivo que, no seu todo, encarasse o Turismo como o alfa e o ómega da ação governativa – sem menosprezo pelas demais áreas da governação – estaria capacitado para aprovar medidas e implementar decisões em tempo útil com efeitos sobre as suas múltiplas dimensões: nas infraestruturas de transporte aéreo, viário e ferroviário; na qualificação da oferta de alojamento; no marketing/promoção; na formação inicial de recursos humanos e contínua de profissionais turísticos; no ambiente, planeamento e ordenamento do território; nos transportes e acessibilidades; na fiscalidade; no património cultural.
Fica a dever-se à subestimação política desta atividade, ao longo de décadas, o adiamento de decisões estratégicas, de que são exemplo, entre outras, a localização do novo aeroporto de Lisboa, o abastecimento vital de água à região do Algarve, a construção de alojamento em destinos turísticos ou o lançamento de uma campanha de valorização e dignificação social dos profissionais de turismo, visando a retenção e atração de novos talentos.
Em Conselho de Ministros nenhuma decisão seria tomada sem avaliação de impacto, na salvaguarda dos interesses do Turismo.
Nota de editor
Também queremos ouvir a sua voz! Envie sugestões e ideias sobre o futuro do turismo em Portugal para cmonteiro@tnews.pt e faça parte deste debate crucial para a transformação da nossa indústria.
De forma sucinta, está aqui um bom texto que qualquer programa de governo deveria aproveitar.
Antes de tudo um muito obrigado ao Dr Carlos Costa.
Uma reflexão profunda sobre o passado com um olhar virado para o futuro. Erros admitem-se da parte dos governos mas acumulados já é outro assunto. Desejo que alguém leia esta reflexão e aproveite para fazer alguma coisa. Como disse no início e por outras palavras não matem a galinha dos ovos de oiro