A secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques, reiterou, esta sexta-feira, dia 1 de abril, confiança na retoma do setor turístico em Portugal já este ano, mas alertou que a recuperação total “não será imediata”.
“A retoma está a acontecer e os números são promissores. Temos esperança de que possamos terminar este ano com 85% das receitas que tivemos no setor em 2019, antes da pandemia. A retoma total não será imediata, mas há uma trajetória clara de crescimento”, disse a governante.
Rita Marques, que esta sexta-feira participou na abertura do XVIII Congresso Nacional da Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal (AHDP), realizado em Vila do Conde, distrito do Porto, reconheceu os desafios do setor, que, depois de dois anos problemáticos pelas incidências da pandemia da covid-19, tem de lidar com as complicações provocadas pelo conflito no leste da Europa.
“O Governo tem apresentado várias medidas para mitigar os problemas decorrentes do conflito na Ucrânia, nomeadamente com o aumento dos custos dos combustíveis, da eletricidade e do gás. Além disso, o setor do Turismo tem uma linha de apoio específica, de 150 milhões euros, através do Banco de Fomento, que pode ser uma ferramenta interessante para as empresas”, disse Rita Marques.
A secretária de Estado com a pasta do Turismo frisou, ainda, progressos no combate à sazonalidade e à distribuição geográfica dos fluxos turísticos, assumindo a conectividade área como “fundamental” para a retoma do setor.
“É uma das grandes forças motorizes do setor do turismo. 90% dos turistas chegam por via área. Tem sido feito, por parte do Turismo de Portugal, um grande trabalho junto das companhias para recuperar as rotas perdidas durante a pandemia, e talvez juntar outras que não tínhamos no passado”, disse a governante.
Sobre o facto de nesta nova legislatura acrescentar as pastas do Comércio e Serviços à do Turismo na secretaria de Estado que comanda, Rita Marques preferiu “não comentar o modelo orgânico adotado pelo primeiro-ministro”, mas prometeu que o turismo “não ficará a perder”.
“Como não me posso dividir, vou ter de me multiplicar por três no meu trabalho. Esse é o meu compromisso. O turismo nunca pode ficar a perder, é um dos motores da nossa economia e com a concentração de pastas podemos até criar sinergias interessantes”, disse Rita Marques.
Já Francisco Calheiros, presidente da Confederação de Turismo de Portugal, reiterou a ideia de que o setor devia ter um ministério exclusivo, e apesar de se congratular com a continuidade governativa de Rita Marques, considerou que “um dia não tem 72 horas para a secretária de Estado se multiplicar pelas várias pastas”.
Sobre a recuperação do setor após “dois anos muito difíceis de pandemia”, o dirigente mostrou-se “confiante”, mas, ao mesmo tempo, “preocupado” com a guerra no leste da Europa e nas suas repercussões.
“É algo que pode retrair os nossos clientes. Sabemos, por exemplo, que os alemães, que constituem o nosso segundo maior mercado, quando surgem estas situações de conflito fecham-se no seu país”, disse Francisco Calheiros.
O líder da Confederação de Turismo de Portugal acredita, ainda assim, que situação de guerra “não será sustentável durante muito mais tempo”, e espera que possa, também, criar algumas “oportunidades” para o turismo em Portugal.
“Acredito que depois de dois anos de pandemia, as pessoas querem de novo viajar. Talvez possamos cativar alguns turistas do norte da Europa, que muitas vezes iam para destinos próximos de onde se desenrola o conflito, e talvez queiram optar por esta zona ocidental, mais tranquila, onde estamos”, concluiu Francisco Calheiros.