“A easyJet foi muito prudente e conservadora na ocupação dos slots para Lisboa”, defendeu Pedro Castro, diretor da SkyExpert, empresa de consultoria especializada em transporte aéreo, aeroportos e turismo.
Em termos de novo destino, nunca antes testado no aeroporto de Lisboa, a easyJet traz apenas uma única novidade: Limoges, que “não representa um risco elevado”, de acordo com Pedro Castro. O diretor da empresa de consultoria defendeu que o mercado francês é “, em vários momentos do ano, o mais importante para a hotelaria lisboeta”, sublinhando que os franceses são grandes investidores na região e que “temos toda uma história de emigração, por isso qualquer rota para França é um valor seguro”.
Pedro Castro referiu, ainda, que a rota de Birmingham é um regresso muito esperado e anunciado. “Apesar de ser a segunda ou terceira cidade do Reino Unido, Birmingham falha pela sua relativa proximidade de alguns aeroportos londrinos com múltiplos voos diários para Lisboa, mas é uma ligação que faltava claramente.”
Todas os outros destinos e reforços anunciados correspondem a destinos já servidos de Lisboa, para onde passarão a existir mais frequências e/ou mais companhias. Pedro Castro constatou que todos esses destino têm algo em comum: estão num raio de voo de aproximadamente duas horas. “Em tempos de guerra, inflação, custos altos do petróleo, o maior rendimento vem justamente de mercados estabelecidos e de proximidade, mais resilientes, com um misto saudável de tráfego de negócios, lazer e de laços familiares”.
O diretor da SkyExpert referiu que os voos curtos permitem um regresso rápido do avião à sua base, ocupando mais slots e realizando mais voos durante o dia. “Se a easyJet colocasse o avião a voar para Copenhaga em vez de Madrid, esse avião só regressaria a Lisboa após nove horas. Quando vai a Madrid e volta, em apenas três horas esse mesmo avião já está pronto para fazer outros voos e render mais. Ou seja, um terço do tempo. Não estou seguro que a tarifa média para Copenhaga seja 66% mais alta do que para Madrid – é assim que uma companhia faz as contas. Não é por acaso que os destinos mais distantes estão na Suiça para onde a tarifa média é alta, isto é, compensa as horas de voo extra”, referiu.
Uma grande novidade é a existência de voos diretos para Porto Santo no inverno que permitirá, segundo Pedro Castro, uma “escapadela” durante a época baixa, o que ajudará a combater a sazonalidade da ilha. “Em conjunto com o voo semanal de Londres para Porto Santo, esta é uma excelente notícia para a economia
da ilha, para o aproveitamento anual e sustentável dos recursos existentes e para a descentralização do turismo nacional – é triste isso não ter sido um desígnio da TAP enquanto companhia também propriedade do contribuinte Portosantense, mas o importante é o acesso aéreo estar resolvido independentemente da companhia aérea que opera a rota”, comentou.
Aproveitando este anúncio e faltando ainda conhecer 11 rotações adicionais ainda em estudo, Pedro Castro referiu que existe uma pergunta que continua por responder: “com esta expansão, a eayJet vai continuar no terminal 2 ou vai passar para o terminal 1?” Para o gestor existe um constrangimento de portas de embarque e de espaço de estacionamento no atual terminal 2, que é difícil de conciliar com esta operação alargada da easyJet.
Para terminar, Pedro Castro refletiu sobre aquilo que se consegue fazer com apenas 5% dos slots da TAP em Lisboa: “100 novos empregos diretos, 13 rotas, três aviões baseados e a clara sensação de uma maior utilidade pública. Atualmente, existem 13 pares de slots em Lisboa ocupados com voos totalmente inúteis para Porto e Faro – à luz deste exemplo da easyJet, imagine-se apenas qual seria o potencial uso desses 13 pares de slots se, à semelhança de outros países, esses voos domésticos fossem proibidos?”, concluiu.
