A nível global, segundo “UNWTO”, o colapso em viagens internacionais representou uma perda de mais de 1 trilhão de dólares em 2020, onze vezes mais que a perda na última crise económica.
No caso português estamos a falar de vinte e um mil milhões de euros que evaporaram da economia. Segundo diversos estudos económicos, somente em 2024 iremos atingir os valores pré-pandemia, e a curto-prazo uma grande esperança está na operacionalização do plano de vacinação, que deverá ajudar no normal funcionamento dos mercados. Mas, atualmente ainda estamos na primeira fase, em que todos os “players” estão em modo de sobrevivência financeira, onde o “burn rate” tem sido enorme devido a “cash flow” negativos. A nível da procura, o dito “efeito chicote” é um movimento natural (caso exista corredores aéreos verdes), pois todos nós estamos a necessitar de viajar e descomprimir desta esquizofrenia. Mas independentemente da nossa visão de curto prazo e de sobrevivência financeira, podemos/devemos ter uma visão estratégica de longo prazo, e analisar as tendências globais.
Hoje, o mundo é cada vez mais digital e a sua influência na sociedade, não é uma realidade do futuro, mas do presente. A nível estratégico, Portugal pela sua dimensão e fragmentação do tecido empresarial turístico será difícil posicionar-se rapidamente para o “salto tecnológico” do turismo 5.0. Nesta nova dimensão que será uma revolução na distribuição turística, existem diversos estudos a falar sobre inteligência artificial e “Big Data”, mas o próximo cataclismo tecnológico do turismo passará pela simbiose de 4 prismas: realidade aumentada, inteligência artificial, “blockchain” e computação quântica. É verdade, que nem todos estão na mesma fase de desenvolvimento, mas observamos durante a pandemia, a um salto tecnológico de uma década.
Em 2019, um dos maiores TO`s do mundo, já realizava testes tecnológicos com óculos de realidade aumentada em Espanha para maximizar a experiência turística. Mas esta tecnologia sensorial, irá permitir que os turistas explorem virtualmente destinos turísticos, no conforto do seu lar. Poderá este novo meio de comunicação ajudar na tomada de decisão das próximas férias ou estaremos prontos para esta mudança? Fica a questão no ar! Teremos que ter em atenção “players” como a Google/Amazon, que já estão a desenvolver formas disruptivas do ecossistema turístico, em particular na distribuição turística, não só pela enorme quantidade de recursos, mas por possuírem enormes quantidades de “big data”, que podem mudar o panorama atual das OTAs e TOs.
O turismo do futuro terá como pilares estratégicos a inovação, tecnologia e a investigação em combinação com uma revolução do sistema educativo em Portugal. Esta sinergia de fatores é crucial para termos valor acrescentado e sermos competitivos face aos nossos concorrentes seja a nível humano, hoteleiro e distribuição turística. Mas não podemos ter ilusão, o turismo depois de diversos momentos de quarentena no mundo, fará o “rebound” e as experiências serão cada vez mais valorizadas. Iremos continuar sonhando com as férias do próximo ano, é algo intrínseco ao ser humano. Estas ferramentas tecnológicas vão simplesmente maximizar o potencial da indústria turística a nível mundial, numa busca por serviços altamente personalizados e de qualidade, onde a palavra hospitalidade será sempre a força motriz de qualquer destino como elemento diferenciador.
Por André Oliveira
Exerceu diversos cargos na área de vendas de grupos internacionais e nacionais, criação de projetos empreendedorismo, fundador do VOIGHT,e atualmente é diretor de vendas da Ontravel Solutions S.A, representante em Portugal do maior Tour Operador do UK: Jet2Holidays & Jet2.com. É licenciado em Marketing Turístico pela Universidade do Algarve, Pós-Graduação em Direcção Hoteleira (EHTA) e especializações em Harvard, London Business School e Wharton em gestão estratégica e “corporate finance”.
[…] nível estratégico, Portugal pela sua dimensão e fragmentação do tecido empresarial turístico terá dificuldade em posicionar-se rapidamente para o “salto tecnológico” do turismo 5.0. Esta nova etapa irá representar uma […]