Tendo em conta o avanço do processo de vacinação, a massificação dos testes e o conhecimento adquirido, a Associação Turismo de Lisboa defende que a estratégia de combate à pandemia deve passar “a obedecer a um novo paradigma”, que tenha por base “o princípio de abertura de todas as atividades, sem restrições de horários e lotações, sendo que os estabelecimentos não poderão ser responsabilizados pela realização de qualquer tipo de testes, ou ato sanitário especializado”.
Num documento enviado à imprensa, a ATL considera que o prolongamento da crise pandémica está a colocar o tecido económico do Turismo em Lisboa “em risco de colapso” e propõe diversas medidas para “a sobrevivência do setor”, numa iniciativa que resulta da criação de um grupo de trabalho da Direção da ATL, composto por Álvaro Covões, Bernardo Trindade, José Manuel Esteves e Vítor Costa.
Este grupo de trabalho considera “que a preservação do tecido económico do Turismo e dos requisitos estruturais para o seu exercício são condições essenciais para que o setor possa retomar o seu papel determinante para a recuperação e o desenvolvimento do País, mantendo uma força de trabalho qualificada, garantindo os serviços essenciais e assegurando a boa experiência dos turistas. Acresce que, independentemente da crise pandémica, o posicionamento da marca Lisboa não foi afetado e que o desejo de viajar se mantém”.
Além de defender a abertura de todas as atividades, sem restrições de horários e lotações, a ATL considera que “a isenção de taxas às esplanadas deve prolongar-se até ao final da pandemia e os cafés e restaurantes devem poder transformar as esplanadas provisórias em permanentes”.
“Este novo paradigma deve romper com o princípio que ainda se verifica por inércia desde o primeiro confinamento, que é a ideia contrária do princípio da limitação de atividades e sua reabertura progressiva, permitindo assim manter a oferta a par dos destinos europeus que concorrem diretamente com Lisboa”, considera a associação .
Por outro lado, “as medidas reclamadas pelas associações setoriais e pela CTP, às quais o governo já se comprometeu a dar respostas, para preservar as empresas e o emprego devem ser rapidamente aprovadas e postas em prática, com vista a preservar o tecido económico do Turismo, a assegurar o emprego e a evitar que a força de trabalho se afaste da atividade turística, comprometendo a sua recuperação futura”.
Deverá ainda, na opinião da ATL, “manter-se o apoio à retoma até abril de 2022, a todas as empresas com quebras de vendas acentuadas como forma de ajudar o emprego ativo, os apoios à tesouraria e à capitalização das empresas, permitindo a recuperação económica das empresas e economia e oportunidade de formação profissional. As medidas de capitalização e combate ao endividamento devem ter uma forte componente a fundo perdido”.
Relativamente ao programa “Lisboa Protege” da CML, essencial para a resistência à atual crise, considera-se que o mesmo deve ser mantido e, se possível alargado, nomeadamente ao nível dos apoios concedidos.
No que concerne à questão aeroportuária reafirma-se a urgência em encontrar e iniciar a implementação de uma solução adequada para servir uma cidade e região capital europeia, moderna e competitiva.
Sublinha-se também a necessidade de considerar a especificidade geográfica de Lisboa e do País, que torna a questão aeroportuária mais decisiva que noutros casos, situação que tem que ser tida em conta nas opções estratégicas nacionais e europeias, nomeadamente em relação às questões ambientais.
Há que haver “um esclarecimento cabal do tema acessibilidades que permita o aumento de competitividade relativa face a outros destinos europeus concorrentes localizados mais perto dos mercados emissores e aos quais se pode aceder por outras alternativas, exigindo compensações para que as restrições não resultem na criação ou aprofundamento de desigualdade relativa”.
A ATL destaca ainda que, nos anos que antecederam a pandemia, Lisboa tinha sido a região com maior crescimento dentro do núcleo de destinos equivalentes e, em termos nacionais, foi o destino que mais cresceu, ganhando quota de mercado.
Nesta crise do turismo originada por fatores exógenos à atividade, Lisboa foi o destino europeu que mais sofreu, sendo também o destino nacional mais afetado. Esta situação é devida a vários fatores, nomeadamente à estrutura de produtos e ao facto de o destino ser sobretudo acedido por via aérea.
Acresce que, “durante o período de pandemia não só não foi feito qualquer avanço relativamente à resolução do principal problema estrutural do Turismo, que é a inexistência de uma oferta aeroportuária adequada e digna de uma moderna capital europeia, como se verificaram atrasos e novas ameaças em relação a esse problema, sem ter em conta que, ao contrário de outros destinos concorrentes, o acesso a Lisboa só pode ser feito por essa via por mais de 90% dos seus clientes, devido à localização geográfica”, conclui.