Por Nuno Tomaz, Diretor Comercial da GEA Portugal
O seguinte episódio ocorre na Índia e é um exemplo muito prático de como os profissionais de turismo devem dar a devida importância às diferenças culturais que, por vezes, os turistas encontram quando se deslocam para outros países, sendo por isso um know how que deve ser levado muito em linha de conta na adequada assessoria ao cliente final.
Algures num trajecto entre as cidades de Thanjavur e Tiruchirapalli, no estado de Tamil Nadu, no sudeste da Índia, paramos para fazer uma refeição. Era hora de almoço, e a fome fazia já sentir-se. O Manish, representante do recetivo e responsável pelo regular decorrer da viagem, levou-nos para o que se assemelhava ser um local de comidas rápidas. E assim foi. Cada um de nós sentou-se e nas mesas não havia nem talheres, nem copos, nem nada.
Corrijo-me, as mesas tinham sim umas folhas de bananeira, com restos de comida.
Ao que parece o prato típico no movimentado restaurante, dada a dieta muito ascética dos hindus e dos indianos em geral, era frango com arroz, o que viemos a confirmar.
E eis senão quando nos aparece o empregado que muito amavelmente nos pergunta (em inglês, com aquele sotaque indiano maravilhoso) o que queríamos comer: frango com arroz, respondemos! Haveria porventura outro prato que nós portugueses pudéssemos querer além deste?!
O mesmo empregado trazia uma jarra de água na mão. Que bom! Pensei eu, que já estava cheio de sede, pois as temperaturas por aqueles lados não são tão suportáveis quanto parecem e fazem-nos suar em jorro. Mas, vá lá entender-se, o homem despeja a jarra de água em cima das folhas de bananeira e, em seguida, passa-lhes um pano por cima para retirar os restos de comida dos anteriores comensais.
Conclusão: as folhas de bananeira iam fazer as vezes dos pratinhos onde íamos degustar o nosso maravilhoso frango com arroz. Talheres? Nem vê-los! As mãozinhas que vieram connosco ao mundo fizeram esse serviço.