“Neste artigo, apresento quatro tendências que os líderes devem ter em conta quando analisarem as suas estratégias de viagens e despesas”
João Carvalho
No último ano, as empresas e os seus líderes enfrentaram desafios consistentes e sem precedentes, desde tensões geopolíticas a questões económicas. E com isto muitos líderes empresariais ainda olham para 2024 tentando antecipar desafios e identificar as melhores formas de os enfrentar. No entanto, este ambiente, quer seja para trabalhadores como para líderes empresariais, terá consequências na tomada de decisões. Neste artigo, apresento quatro tendências que os líderes devem ter em conta quando analisarem as suas estratégias de viagens e despesas.
As tecnologias emergentes aumentarão a confiança: Este ano é expectável que tecnologias emergentes, como a automatização e a análise da IA, continuem a ajudar os líderes empresariais a adaptarem-se à mudança, a melhorarem a gestão do risco e a tornarem as previsões mais rápidas e mais exatas, o que lhes irá permitir concentrar-se num trabalho diferenciado. Utilizando a IA generativa, os colaboradores poderão fornecer recomendações apoiadas em dados como por exemplo a altura ideal para reservar uma viagem de negócios ou até mesmo a data para uma reunião de equipa de forma a minimizar os custos de viagem, garantindo que a empresa está a utilizar os recursos da melhor forma possível. Além disso, as tecnologias que incluem a IA e melhoram a qualidade e a facilidade de utilização dos dados serão fundamentais para a adaptação à mudança. A adoção da IA, da automação e da análise de dados ajudará as equipas de toda a organização a apresentar mais estratégias e a encontrar um maior sentido de confiança no meio da incerteza.
As medidas para redução de custos serão sinónimo de situações de tensão nas viagens de negócios: Uma orçamentação cautelosa e continuada irá aumentar desconforto junto dos viajantes. De acordo com um estudo recente da SAP Concur, 92% dos viajantes de negócios afirma que as suas carreiras dependem de viagens quer seja para visitar clientes, reforçar e/ou criar novas relações. Enquanto, nos últimos anos, a pandemia era o principal fator limitador, viajar por motivos profissionais está a tornar-se, na visão de alguns colaboradores, um privilégio e uma decisão cada vez mais política. 62% dos viajantes sente que nem sempre tiveram a mesma oportunidade de viajar que outros colegas na sua empresa e aqui estão incluídos: viajantes de negócios LGBTQ+ (31%) que sentem que não têm tido oportunidades iguais devido à sua orientação sexual; a Geração Z sente (29%) que estão a perder a oportunidade devido à sua idade e 23% das mulheres sentem que é por causa do seu género. À medida que a situação económica global continua incerta, a expressão “fazer mais com menos” (que muitas empresas terão de seguir em 2024) irá muito provavelmente agravar a situação.
A sustentabilidade e a nova capacidade de distribuição (NDC) tornar-se-ão elementos base no programa de viagens: A aceleração da NDC, nas companhias aéreas e outros intervenientes chave, irá empurrar a indústria para uma mentalidade de “quando” e não de “se”, criando dores de crescimento e tendo impacto no panorama económico. Ao mesmo tempo, as iniciativas empresariais de maior dimensão, como a melhoria da sustentabilidade e da diversidade, equidade e inclusão (DEI), continuarão a ser transferidas para os programas de viagens da empresa, colocando novas responsabilidades, com objetivos mais elevados, nos gestores de viagens. À medida que as viagens de negócios se tornam mais personalizadas e mais sustentáveis, chegar lá não será necessariamente uma “viagem” tranquila. Os gestores terão mais para gerir à medida que novas formas de trabalho vão sendo abrangidas pela sua esfera de ação como sejam a melhoria das competências através da NDC, esforços adicionais de sustentabilidade e DEI.
O dever de diligência tornar-se-á mais crítico que nunca: Embora o dever de diligência tenha sido sempre uma consideração importante e complexa, a incerteza global, as alterações climáticas e as novas tendências de trabalho, como o trabalho remoto, exigirão que as empresas o tratem como uma prioridade estratégica. O aumento das reservas online substituiu o sistema de viagens outrora centralizado, uma vez que os próprios colaboradores reservam as viagens a partir de diversas plataformas. Desafios como este tornam mais difícil do que nunca recolher dados completos sobre as reservas; saber onde estão os viajantes; manter-se ligado e agir rapidamente caso os colaboradores se encontrem numa situação de emergência. Tendências mais recentes, como o já referido trabalho remoto, aumentam o desafio – estudos recentes revelam que quase um em cada cinco colaboradores trabalhou, nos últimos doze meses, no estrangeiro sem informar os seus empregadores. Com as alterações climáticas a aumentar a probabilidade de eventos extremos, como incêndios florestais, inundações ou poluição atmosférica extrema no futuro, a questão do dever de diligência está a tornar-se ainda mais relevante.
Após anos de constantes mudanças, os líderes empresariais têm de ser capazes de planear, controlar e apoiar todos os seus colaboradores, independentemente de como se identificam, do local onde se encontram e da próxima decisão que possam vir a tomar. Focando-se nas quatro prioridades apresentadas neste artigo, os especialistas em viagens e despesas poderão não só fornecer orientações estratégicas e utilizar a tecnologia certa para proporcionarem oportunidades aos seus colaboradores, como desempenhar o seu papel para garantir que a sua empresa continua a ser bem-sucedida.
Por João Carvalho
Head of SAP Concur | Southern Europe






