A Voqin, agência especialista no desenvolvimento de brand experience com o propósito de criar emoções, abriu uma nova empresa em Málaga, com o objetivo de expandir estrategicamente o negócio para a região da Andaluzia. Em entrevista ao TNews, Diogo Assis, CEO da Voqin, conta como a empresa está focada em incorporar tecnologia, apostando num crescimento significativo, tanto geográfico quanto operacional.
Depois de ter entrado no mercado espanhol há dez anos, a Voqin tem agora presença física na Andaluzia com a abertura da Voqin Andaluzia em Málaga. Diogo Assis destaca a decisão estratégica baseada no forte investimento público em Málaga, superando até mesmo cidades como Madrid. O CEO observa a ascensão da Andaluzia como um polo tecnológico, com empresas globais como Google a investirem na região. Reconhecendo a dinâmica local, a Voqin está a posicionar-se para ser parte integrante desse crescimento.
“Olhámos para o que se está a passar, ao nível macro económico em Espanha, e percebemos, por exemplo, que no ano passado Málaga foi a cidade com o maior investimento público de Espanha, mais do que Madrid. Muitas empresas globais, nomeadamente a Google, estão a contratar em Málaga. Está a começar a ser também um hub tecnológico, as maiores cadeias hoteleiras do mundo estão a abrir na Andaluzia novos hotéis, ou seja, está a acontecer muita coisa na Andaluzia. Já tínhamos uma operação com alguma presença na Andaluzia, mas sem equipa e sem estrutura, e tomámos a decisão de avançar”.
Para corporizar a estratégia de expansão em Espanha, a Voqin contratou Noemi Jimenez. A profissional é natural da Andaluzia e vai liderar a equipa comercial em Espanha, com foco no desenvolvimento do negócio nesta região. “Estamos a contar acentuar esse recrutamento com uma presença em Málaga e em Sevilha onde somos associados dos convention bureau, que estão a fazer um trabalho excecional de captação de players, de fam trips, apoio a visitas técnicas. Há um investimento muito grande em captar os decisores para mostrar o potencial da região”, refere Diogo Assis.
Ao investimento público, Diogo Assis adiciona a decisão estratégia da Turespaña de posicionar o turismo espanhol como um turismo de experiências e emoções. “Em 2022, já investiram cerca de 20 milhões de euros neste campo, em 2023, mais 20 milhões de euros e em 2024 estima-se que vão gastar mais 10 milhões de euros em transformar o turismo de Espanha em turismo de experiências de geração de muita componente emocional. No fundo, este alinhamento do país faz sentido com o alinhamento estratégico da empresa”, defende.
Por sua vez, o responsável da Voqin destaca ainda as lideranças institucionais e políticas que “são altamente proativas”, e dá um exemplo de um evento que aconteceu há poucos meses na região da Andaluzia. “É o maior evento de golfe mundial feminino, equiparado à Rider Cup. Foi um investimento de 30 milhões de euros, que as autarquias, em conjunto com o Turismo de Espanha, conseguiram alavancar para trazer este evento para Espanha e para Andaluzia. Esses 30 milhões de euros, só no fim de semana, geraram 300 milhões de impacto direto, além do conteúdo que passa nas televisões nos EUA e que vai trazer muito mais turismo. E este modus operandis das lideranças foi também um dos pontos que nos atraiu para investir na Andaluzia”.
Aposta na tecnologia e Design Thinking: Rumo à eficiência e criatividade
A Voqin não está apenas a expandir-se geograficamente, como está a transformar a sua abordagem através da tecnologia. Diogo Assis destaca a intenção de automatizar o processo de design thinking para todos os eventos. Essa iniciativa não só visa aumentar a eficiência operacional, mas também libertar a criatividade dos profissionais da Voqin para se focarem no essencial: a entrega de eventos memoráveis.
Com investimentos significativos previstos até 2025, a agência está comprometida em adotar inovações tecnológicas, incluindo Inteligência Artificial, para se destacar no setor de eventos.
Analisando a transformação do setor dos eventos pós-pandemia, Diogo Assis aborda a relevância dos eventos híbridos. O responsável destaca que a combinação do ambiente físico com elementos digitais permite alcançar mais pessoas, tornando os eventos mais inclusivos e acessíveis. “Os eventos físicos são exclusivos por natureza, ou porque a pessoa perdeu o voo e não pode estar, ou porque está com uma gravidez de risco e não pode estar, por isso trazer uma componente tecnológica ligada à componente física permite que se tornem inclusivos, quem não pode estar, está. E, além disso, a mensagem chega a mais pessoas”, defende. “Com um pequeno investimento extra, o cliente consegue fazer chegar a mensagem a mais pessoas. Tenho a certeza que os eventos híbridos não vão morrer, não estou a falar de 100% digital ou 100% físico, estou a dizer que a componente física, com uma camada digital, pode chegar a mais pessoas e ter mais longevidade, e é isso que estamos a explorar, não estamos a substituir o físico pelo digital, antes pelo contrário”, acrescenta.
Perspectivas de crescimento e novo acionista
Ao analisar as projeções de crescimento, Diogo Assis revela que a Voqin tem como meta atingir uma facturação de 100 milhões de euros até 2030. O CEO destaca o reforço do talento como uma prioridade para este ano, visando tornar-se referência no setor. Além disso, Assis partilha a mudança na estrutura acionista, com a entrada de Miguel Raposo, que fortalece, ainda mais, o conselho de administração da empresa. “Tínhamos um acionista de capital de risco, que teve connosco muitos antos, esse acionista saiu e entrou um novo sócio que se chama Miguel Raposo, que tem investimentos em empresas em diversas áreas, desde a saúde à tecnologia”, conta. Com a entrada de um novo sócio, formou-se um novo conselho de administração ao qual Diogo Assis preside, com a responsabilidade das áreas de expansão, estratégia, cultura e operações. O irmão, Miguel Assis, tem a área comercial e de marketing, enquanto Miguel Raposo, também administrador executivo, tem a área financeira e de processos e procedimentos.
Visão sobre o setor de eventos em Portugal
Diogo Assis expressa otimismo em relação ao setor de eventos em Portugal, mas destaca a importância de medir a satisfação dos turistas para garantir que a tendência seja sustentável.
“Portugal tornou-se um destino de moda, agora a questão é quando os turistas que chegam têm de ter um nível de satisfação grande e, para isso, é preciso medir, e temos de saber do que estamos a falar. Esse é o perigo. Se é uma moda que vai passar ou se vai ficar. Gostava de pensar que isto é uma grande oportunidade para o país, que é algo estrutural e que o turismo é acarinhado pelas entidades públicas”. “Defendi no passado que tínhamos de subir preço e fazer crescer a percepção de valor, porque quando o preço é baixo a perceção de valor é baixa. Felizmente isso aconteceu e os hoteleiros deram esse passo, aproximámo-nos de outras capitais da Europa”. O CEO enfatiza a necessidade de colaboração entre entidades públicas e privadas, bem como a agilidade nas respostas, para capitalizar plenamente a oportunidade que o setor oferece. “Tendo a acreditar que isto pode ser muito mais do que uma moda e que pode ser estrutural, mas para isso tem de haver articulação entre as entidades públicas e os privados, proatividade na captação de grandes eventos e foco em continuar a captar ligações aéreas com os EUA, porque automaticamente estamos a trabalhar preço, é um mercado que tem tendência a pagar mais. Por outro lado, garantir que as cadeias hoteleiras que ainda faltam em Portugal, olhem para o nosso país com a possibilidade de investimento. Aquilo que vejo é que existe uma oportunidade de melhorarmos o nosso tempo de resposta, os mercados são rápidos hoje em dia, não podemos ficar a mastigar as coisas muito tempo, temos de mostrar interesse em captar grandes eventos e temos de dar as condições para que aconteçam”, conclui.