O presidente da Turismo do Centro de Portugal, Pedro Machado, não tem dúvidas que a melhor estratégia do turismo português “é conseguir fazer com que o processo de vacinação se conclua rapidamente”. A par disso, é necessário ajustar e replicar boas práticas, como foi o caso do selo Clean & Safe, à nova realidade.
Pedro Machado falava no evento online #ConversaCom# do TNews, realizado esta terça-feira, dia 20, no qual respondeu a várias questões, nomeadamente qual a estratégia do turismo português para a acelerar a retoma.
Para o responsável, a oferta turística “está intacta“, ao contrário de 2017 e 2018, em que se perderam infraestruturas no Centro com os incêndios e com o furacão Leslie. “Felizmente, entre aspas, a pandemia não prejudicou nem as infraestruturas, nem a oferta, a oferta está intacta, em perfeitas condições. O que falta aqui é perceção de segurança e confiança. Aquilo que o Turismo de Portugal pode e deve fazer é atuar ao nível do mercado nacional como um todo e, em particular, no nosso principal mercado, o ibérico, que está aqui a dois passos, para que mais espanhóis venham para Portugal, porque foi isso que aconteceu no verão de 2020”.
Mas se é verdade que a perceção dos destinos está intacta, a situação das empresas é preocupante. Pedro Machado recordou o relatório de março de 2021, publicado pela AHRESP a 15 de abril, o qual aponta que 27% da restauração está a iniciar ou em processo de insolvência; e 17% dos estabelecimentos de alojamento pode estar a pensar iniciar processos de insolvência. “Essa foi a grande luta que tivemos nos últimas meses: perceber como é que acudimos àquela que é, provavelmente, a indústria mais fragilizada por força dos impactos do covid-19. Uma indústria à qual dissemos: os senhores têm de fechar, no caso dos restaurantes; ou os senhores podem manter os hotéis abertos, mas não há fluxos, aviões e autocarros. Este setor mereceria, como sempre defendemos, uma intervenção direta musculada do Governo. O que hoje podemos vir a assistir, e que infelizmente não podemos contornar, é a mortalidade de muitas empresas e a perda de postos de trabalho”, constata.
O caso de Fátima é “o mais gritante”, porque “depende praticamente mais de 80% dos mercados externos”, revela. “Estamos falar entre 7500 a 10 mil camas turísticas em Fátima com uma taxa de ocupação a menos de 10%. É um período dificílimo para ultrapassar. Daí termos defendido o adiamento de moratórias para 2022, a questão do lay off simplificado pelo menos até ao final de 2021, porque o primeiro semestre está perdido, estamos em maio, e o segundo semestre não vai ser suficiente, como não foi em 2020, para recuperar as perdas do exercício, porque já não falamos em vantagem económica ou lucros”, conclui.
Pedro Machado acredita, contudo, que Portugal em julho, agosto e setembro estará “em muito melhores condições do que em 2020”, com o processo de vacinação a contribuir para uma maior perceção de confiança.
À semelhança do que aconteceu no verão de 2020, o presidente da Turismo de Centro perspetiva que o mercado nacional faça férias na região, por três razões: “Primeiro porque os portugueses redescobriram, em muitos casos, experiências, lugares, estabelecimentos hoteleiros, restaurantes, pontos de natureza extraordinários que Portugal pode oferecer e que muitos deles não conheciam; em segundo lugar, os portugueses perceberam e recomendaram; e, em terceiro, acredito que, se formos capazes de concluir rapidamente o processo de vacinação, estaremos em melhores condições em 2021 do que estávamos em 2020 para poder criar esse perímetro de confiança entre os consumidores”.
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