Com o fim de 2021 a aproximar-se, a ForwardKeys lançou um estudo em que revela as principais tendências de viagens em 2021. Este estudo fala ainda sobre o impacto que as novas variantes da COVID-19 tiveram, e podem voltar a ter, nas viagens.
1-Viagens de lazer nos Estados Unidos impulsionam recuperação
A ForwardKeys comparou os destinos mais procurados antes da pandemia, em 2019, e os destinos mais procurados durante 2021.
Nesta comparação viu-se um decréscimo na procura pelas cidades consideradas mais importantes, fazendo com que os destinos de lazer ganhassem um destaque maior.

Embora o Dubai mantenha o primeiro lugar que ocupava em 2019, Cancun, que não fazia parte do top20 de destinos em 2019, entrou para o 2.º lugar da tabela de destinos de 2021, seguindo-se de Istambul, na Turquia, Nova Iorque, nos Estados Unidos, Miami, nos Estados Unidos, Paris, em França, Doha, no Qatar, Londres, no Reino Unido, Cairo, no Egito, Madrid, em Espanha, Amesterdão, nos Países Baixos, Punta Cana, na República Dominicana, San Juan, em Porto Rico; Lisboa, em Portugal; Atenas, na Grécia; Cidade no México, no México; Palma de Maiorca, em Espanha; Roma, em Itália; Barcelona, em Espanha e, a fechar o top 20, Frankfurt, na Alemanha.
Os destinos que verificaram um maior aumento de turistas foram Cancun e Miami, sendo que Doha também teve um crescimento muito grande.
Por outro lado, os principais destinos pré-pandemia que sofreram uma grande quebra de turistas em 2021 foram: Banguecoque, na Tailândia; Tóquio e Osaka, no Japão; Seul, na Coreia do Sul; Singapura; Hong Kong e Xangai, na China; Taipé, no Taiwan; Jeddah, na Arábia Saudita e Los Angels, nos Estados Unidos.
2-México, América Central, Caribe e África são os destinos mais resilientes
A revisão das viagens feitas em 2021, discriminadas por região, revela até que ponto as viagens internacionais foram paralisadas.
No geral, as viagens aéreas internacionais, em 2021, representaram pouco mais de um quarto (26%) das viagens internacionais realizadas na época pré-pandémica.
A região Ásia-Pacifico recebeu apenas 8% de viagens internacionais, já a Europa alcançou 30%, África e o Médio Oriente 36% e o continente americano 40% de viagens internacionais, em 2019.

A ForwardKeys comparou as viagens internacionais realizadas no primeiro e no segundo semestre do ano. Esta comparação levou à conclusão de que a quantidade de viagens internacionais feitas no primeiro e no segundo semestre foram bastante díspares.
Na região da Ásia-Pacífico, no primeiro semestre de 2021, as viagens internacionais aumentaram 5% face ao período homólogo de 2019, no entanto no segundo semestre houve um aumento de 10%.
Já na Europa também houve um crescimento mais acentuado no segundo semestre de 2021, sendo que no primeiro semestre as viagens internacionais corresponderam a 14% e no segundo semestre corresponderam a 45%.
Em África e no Médio Oriente as viagens internacionais passaram de 24%, no primeiro semestre de 2021, para 48% no segundo semestre de 2021.
Por fim, o continente americano não foi exceção e também viu as viagens internacionais a cresceram no segundo semestre com um aumento de 22%, face aos 30% correspondentes às viagens internacionais no primeiro semestre deste ano.
O continente americano foi o que recebeu mais viagens internacionais com um especial destaque para a América Central, particularmente, El Salvador, Belize e a região do Caribe. Alguns destes destinos receberam mais 60% de turistas do que tinham conseguido durante 2019.
3-Médio Oriente começa a reviver
As viagens para vários destinos do Médio Oriente ultrapassaram os 60% no segundo semestre deste ano, mais especificamente, as viagens para a Turquia tiveram um aumento para 67% no segundo semestre e as viagens para o Egito aumentaram para 72% no segundo semestre.
Já o Dubai manteve o seu posto de principal destino intacto e só foi ultrapassado por Doha como centro de trânsito aéreo.
4-Domínio das viagens doméstica, sobretudo em países grandes
Durante a pandemia, especialmente em 2020, foram impostas restrições bastante severas às viagens internacionais. Por isso mesmo, houve um aumento nas viagens domésticas, especialmente, em países mais extensos geograficamente, como é o caso do Brasil, China, Rússia e Estados Unidos.
Na China, o número de viagens domésticas voltaram aos números pré-pandémicos em setembro de 2020. No entanto, devido ao ressurgimento de novos surtos de COVID-19, os números caíram em janeiro e em agosto de 2021.
O aumento de viagens domésticas foi tão visível que, na segunda metade de 2021, as viagens domésticas no Brasil, Rússia, Estados Unidos e China aumentaram para 148%, 128%, 87% e 76%, respetivamente. Já nas viagens internacionais, o aumento foi se 50%, 28%, 39% e 1%, respetivamente.
5-Principais companhias aéreas lutam de forma desproporcional

Devido à grande tendência de viagens domésticas em países grandes, as companhias aéreas, que operavam nesses mercados, conseguiram resistir melhor à pandemia do que as companhias aéreas focadas em voos internacionais de curta distância.
Numa análise feita pela ForwardKeys, as companhias aéreas que estavam no ranking das 20 principais companhias aéreas sofreram uma descida abrupta ou então saíram mesmo do ranking, passando a dar lugar a companhias aéreas que operaram voos domésticos, essencialmente na China e nos Estados Unidos.
Por exemplo, a Ryanair e a easyJet são duas das maiores companhias aéreas da Europa, no entanto em 2019 estavam em 5.º e em 7.º lugar, respetivamente, e no ranking de 2021 caíram para a 8.ª e 16.ª posição.
Já a Lufthansa, a British Airways, a Air France, a Emirates e a Air Canadá saíram do top 20 de principais companhias aéreas a operar em 2021.
6-Queda das viagens de longa distância
A comparação entre viagens extrarregionais e viagens intrarregionais revela que houve uma mudança e que a tendência é que os passageiros prefiram as viagens intrarregionais às extrarregionais.
Em 2019, ano anterior ao início da pandemia, a proporção de viagens intrarregionais para as extrarregionais foi de 56% para 44% e em 2021 foi de 62% para 38%.
Esta tendência pode ser explicada por uma combinação de vários fatores, incluindo o fecho de fronteiras durante a pandemia e o aumento dos preços e das dificuldades das viagens, devido à incerteza das medidas de restrição.
7-Doha e Amesterdão avançam na disputa de hubs
Na disputa dos hubs, aeroportos utilizados por companhias aéreas para fazer escalas, o aeroporto de Doha ultrapassou o do Dubai e passou a ser o aeroporto que mais recebe voos de ligação entre o sul asiático, o Médio Oriente, a América do Norte e África Subsariana.
Relativamente à Europa, o aeroporto de Amesterdão fechou a lacuna de Frankfurt relativamente a voos de trânsito intraeuropeus e a conexões com a América do Norte.

Em 2019, a lista dos dez principais aeroportos centrais do mundo era liderada pelo Dubai fazendo 7,7% de conexões de voos intercontinentais, seguido de Frankfurt, Amesterdão, Doha, Istambul, Paris, Hong Kong, Munique, Londres e Abu Dhabi.
Já em 2021, a liderança passou a ser de Amesterdão com 8,3% de participações em conexões intercontinentais, seguido de Frankfurt, Istambul, Doha, Dubai, Paris, Cidade do Panamá, Addis Ababa, na Etiópia, Munique e Madrid.
A análise do tráfego mensal mostra que, em 2021, Amesterdão ultrapassou Frankfurt em setembro e outubro, mas em novembro a cidade alemã voltou a ter mais voos de conexão do que a cidade holandesa. Quanto ao Médio Oriente, Doha liderou desde fevereiro até outubro o número de voos de conexão que recebeu, sendo ultrapassado pelo Dubai no passado mês de novembro.
8-Novas variantes representam uma grande ameaça
A recuperação do setor do turismo tem sido notória face a 2020 e em 2021 tem mostrado um crescimento estável. Contudo, em dois momentos desta recuperação as quebras nas viagens foram notórias.
A primeira quebra foi na semana de 12 de março de 2021 onde o crescimento das reservas passou de um aumento de 11% para um decréscimo de 10%, devido à variante delta.
Já a segunda quebra foi na última semana de outubro, altura em que as reservas semanais atingiram o pico de 64%. As reservas têm vindo a decrescer desde essa altura e em novembro sofreram uma queda de 10%, passando então para 54% de reservas semanais. Esta queda deve-se ao aumento de casos da COVID-19 em todo o mundo e com a nova variante da doença, Omicron, é provável que a procura pelas viagens para a época de Natal seja mais baixa do que era esperado.
