Domingo, Novembro 16, 2025
Domingo, Novembro 16, 2025

SIGA-NOS:

Agentes em Época Alta | Com Landescape

-PUB-spot_img

Durante o verão, o TNews conversa com agentes de viagens de norte a sul do país, em entrevistas informais que revelam o outro lado da época alta. Histórias curiosas, pedidos insólitos e tendências do setor — tudo contado por quem vive o verão no centro da ação, na nova rubrica “Agentes em Época Alta”.

À conversa com Carina Silva | Landescape

Qual foi a viagem mais inusitada que já vendeu?

Como a Landescape não é uma agência de viagens tradicional e o nosso core se traduz em viagens organizadas para grupos pequenos de quatro a 12 pessoas com líder, os nossos programas de viagem são sempre meticulosamente preparados e à imagem dos valores e missão que defendemos. Isso faz com que não haja margem para pedidos inusitados.

No entanto, nos últimos anos temos trabalhado com Viagens Personalizadas, onde é o cliente que nos contacta a solicitar o destino, as datas, e o tipo de viagem pretendida. E, claro, a nossa mais-valia neste serviço é podermos trabalhar em contra-ciclo com as grandes agências que oferecem voos charter e pacotes TI, personalizando ao máximo a experiência e indo ao encontro daquilo que é local. Tanto nos serviços contratados como no tipo de programa que trabalhamos ao detalhe.

Diria que têm sido aqui que nos chegam os pedidos mais inusitados. Tipo: Uma semana com tudo incluído em Punta Cana ou um fim-de-semana em família na Disneyland. Só quem não percebeu mesmo o que é a Landescape é que nos enviaria um pedido desses, porque não é o nosso tipo de serviço nem teríamos forma de competir com as grandes agências do setor de turismo massificado. Nós lutamos, aliás, contra isso.

E a pergunta mais estranha que já ouviu de um cliente?

Costumamos dizer que o tamanho da nossa mala é proporcional aos medos que levamos connosco. E isto pode ser encarado como uma metáfora para a vida. Muitas das perguntas “estranhas” que recebemos são apenas manifestações de medo face ao desconhecido. E está tudo bem, estamos aqui para responder e esclarecer tudo, sem julgamento.

Claro que coisas como “a areia na praia é branca?” ou “então é melhor levar um casaco, certo?” às vezes nos fazem esboçar aquele sorriso maroto, mas, no final de contas, são as pessoas a sair da sua zona de conforto e, sim, às vezes isso pode ser assustador. É engraçado que às vezes as mesmas pessoas que fazem essas perguntas no final da experiência se riem de si próprias e do momento. A aprendizagem é mesmo assim.

Que destino recomenda de olhos fechados — e porquê?

É uma pergunta ingrata na medida em que depende muito das expectativas de cada pessoa, se está à procura de praia, de montanha, de uma viagem mais cultural ou de uma experiência de superação física. Mas, sem hesitar e indo ao encontro desses vários gostos, recomendaria:

  • Nepal – Pela autenticidade do seu povo, pela brutalidade das paisagens, pelo contraste cultural e por ser uma experiência capaz de mudar a nossa perspectiva do mundo;
  • ⁠Paquistão – Por ser um país com péssima fama internacional, mas que, depois de visitado, nos muda por completo a perspectiva que temos do seu povo e da sua cultura. É um país com muitas etnias e uma diversidade cultural incrível que nos lembra da beleza da simplicidade e do quanto somos esmagados pela natureza em determinados contextos;
  • ⁠Bolívia – É um país repleto de tradições ancestrais, onde as pessoas têm um respeito enorme pela Terra. Um país que considera as suas montanhas sagradas, que vive numa relação de profano e sagrado com tudo o que é natural. Foi e continua a ser a minha grande paixão;
  • ⁠Expresso do Oriente – É uma viagem que começa em Viena, na Áustria, e termina em Istambul, na Turquia. É uma viagem cultural pelo imaginário das grandes travessias ferroviárias e que nos mostra que, apesar de estarmos na Europa, continua a haver muitas diferenças culturais entre cada povo e isso é lindo.

Há alguma tendência no setor que lhe desperte particular entusiasmo?

Sim, a Landescape desde a sua génese que acredita num turismo de impacto positivo. Aliás, ainda há dias, redigimos um artigo sobre a necessidade de mudarmos a forma como olhamos para o turismo sob pena de ter o efeito perverso tanto no meio-ambiente quanto nas comunidades que visitamos. E alegra-me saber que esta tem sido uma tendência no setor. Que há cada vez mais preocupação com o tema, mais projetos independentes a surgirem, mais clientes com consciência da sua pegada.

Há ainda um gigantesco percurso a fazer e as grandes agências que operam no segmento do Turismo de Massas têm muita coisa a aprender e a redefinir no seu negócio, mas estou positiva de que com o tempo seremos cada vez mais. E todos, absolutamente todos, ganhamos com isso.

Quando chega a sua vez de viajar, como escolhe os seus próprios destinos de férias?

Sou cada vez mais movida por destinos que me surpreendam. Que me tirem da minha zona de conforto, que me façam sentir aquele murro no estômago para, no momento a seguir, levar uma chapada de humildade.

Portanto, impele-me conhecer destinos menos turísticos, ainda pouco conhecidos, onde a presença ocidental ainda não se faz notar tanto. Sou também cada vez mais movida por destinos de montanha, onde ainda posso desfrutar do silêncio e da calma.

Nota de editor

Se é agente de viagens e quer participar na rubrica “Agentes em Época Alta”, envie o seu contributo respondendo a estas cinco perguntas para cmonteiro@tnews.pt.

-PUB-spot_img

DEIXE A SUA OPINIÃO

Por favor insira o seu comentário!
Por favor, insira o seu nome aqui

-PUB-spot_img
-PUB-spot_img