Um estudo divulgado na passada quinta-feira, dia 27, no Algarve revela que a região deve aproveitar o “grande potencial” que tem ao nível da conetividade digital com os turistas para se transformar num ‘smart destination’ [destino inteligente].
“Há aqui um potencial muito grande ao nível da conetividade com o turista. De garantir que, desde que ele chega ao destino, o conseguimos acompanhar, saber por onde anda, o que são as suas preferências, comunicar uma oferta turística diferenciada e personalizada e proporcionar-lhe experiências de acordo com o seu perfil. Acompanhá-lo e ter essa informação para fazer uma gestão ativa do destino é um aspeto essencial”, disse à agência Lusa Rui Gidro, ‘partner’ da Deloitte, empresa responsável pelo estudo encomendado pela Região de Turismo do Algarve, no âmbito do projeto “Região Inteligente Algarve”.
O conceito de ‘smart destination’ [destino inteligente], que começou inicialmente com a gestão inteligente das cidades [‘smart cities’], “procura capitalizar, ou alavancar, tecnologia já existente noutros setores para fazer uma melhor gestão do território e melhorar a experiência do turista”, explicou.
“Se estamos a criar uma cidade inteligente para o cidadão, podemos também criar um destino inteligente para o turista”, sustentou Rui Gidro, que falava à margem do seminário “Algarve: Smart Mobility & Destination”, realizado hoje em Faro.
As regiões turísticas concorrentes de seis países analisadas no estudo “estão a investir muito ao nível da digitalização e de melhorar a experiência do turista, sobretudo nas novas gerações”, prosseguiu o consultor, defendendo que o Algarve deve definir “uma visão clara de como se transformar numa região inteligente” e “um conjunto concreto de medidas e iniciativas para colocar em ação no terreno”, através de aplicações informáticas, soluções tecnológicas e digitalização de conteúdos.
As conclusões do estudo assentam nos quatro pilares de um destino inteligente (sustentabilidade, acessibilidade, transformação digital e cultura, património, criatividade e inovação), apontando 18 alavancas e sugerindo um total de 39 iniciativas.
Em concreto, são indicadas algumas iniciativas prioritárias em cada pilar, nomeadamente um centro de controlo de dados com toda a informação captada pelas infraestruturas de rede da região, a expansão e melhoria dos pontos de ‘wifi’ gratuitos, aplicações que centralizem informações sobre proteção civil ou que criem programas e roteiros turísticos personalizados, um programa de eventos de cariz inovador em época baixa, a implementação de um sistema de rega inteligente e a dinamização do Observatório Regional para o Turismo Sustentável.
Estas iniciativas “devem envolver” todos os ‘stakeholders’ [partes interessadas] do turismo, dos operadores privados ao setor público, indicou Rui Gidro.
O consultor defendeu ainda “uma maior capacitação das competências digitais das equipas de trabalho, para que consigam acompanhar o desenvolvimento tecnológico que vai ser feito”, o que permitiria mitigar a escassez de recursos humanos no turismo.
“Há uma dificuldade e escassez de recursos para o setor turístico e, se conseguirmos digitalizar algumas funções, permitindo ter maior produtividade, isso poderá mitigar essa dificuldade”, sublinhou o ‘partner’ da Deloitte.
O foco passa por “escolher três ou quatro principais projetos e levá-los até ao fim”, sendo as questões relativas à conetividade e plataformas de dados e às competências digitais da força de trabalho “bastante relevantes”.
“Há uma perspetiva de médio/longo prazo. Identificámos as medidas que deveriam ser implementadas nos próximos anos e outras até ao horizonte de 2030, fazendo um alinhamento com o próximo ciclo de apoios comunitários [2021-2027]. O que estamos a balizar são projetos que, em dois, três anos, conseguissem ser implementados e ter impacto, ganhando alguma tração para os projetos seguintes”, finalizou Rui Gidro.