A ANA – Aeroportos de Portugal está a trabalhar com a IATA e com a Comissão Europeia para aumentar a taxa de utilização das slots dos aeroportos, da atual regra de 80/20 para 90/10 ou 95/5, disse Nuno Costa, Diretor Comercial de Aviação da ANA – Aeroportos de Portugal.
A regra atual estabelece que as companhias aéreas devem operar um mínimo de 80% das suas faixas horárias a fim de manterem as suas licenças de rotas na temporada seguinte. “Estamos a trabalhar com a IATA e com a Comissão Europeia para aumentarmos esse valor de 80% para 90% ou para 95%”, disse o responsável, durante a 4ª Convenção da ARAC, que decorre em Alcobaça esta sexta-feira, 31 de março.
Nuno Costa garante que o Aeroporto Humberto Delgado tem capacidade para “aguentar mais 20% de voos”. “A capacidade que nós disponibilizamos, conseguimos geri-la”, sustentou. “O problema é que em cima da hora começam a vir os cancelamentos, que vão até ao limite permitido, esses tais 20%”, explicou, defendendo que é necessário “maximizar ao máximo” o aeroporto. Para tal, além de uma mudança no regulamento, o responsável não afasta a hipótese de penalizar as companhias aéreas.
Filipe Silva, Vogal do Conselho Administração do Turismo de Portugal, defende que ainda “há margem para crescer com a atual infraestrutura. Temos uma taxa de ocupação média de 78% da infraestrutura, ainda há 22% de espaço para crescer. Se conseguirmos ocupar só mais 5 ou 7%, já teria um impacto bastante significativo ao nível do volume de passageiros.”
A RENA exigiu obras no aeroporto de Lisboa, que “têm sido feitas”, segundo António Moura Portugal, diretor executivo da RENA – Associação das Companhias Aéreas em Portugal. No entanto, o responsável notou que as obras não estão a decorrer “à velocidade que as companhias aéreas pretendem”. “A ANA preocupou-se primeiro com a parte comercial e negligenciou as obras na pista aeroportuária”, lamentou.
De forma a otimizar a atual estrutura aeroportuária, o diretor executivo da RENA pede “taxas mais comedidas da parte da ANA, para o destino Portugal ser mais competitivo” e “políticas públicas mais alinhadas”, exemplificando com a taxa de carbono de dois euros, que começou a ser cobrada em 2021 nas viagens de avião e barco. “Para onde vai essa taxa? Não vai para o setor da aviação, é uma taxa turística. Estar a chamar a isto de taxa de carbono para a aviação é colocar mais um obstáculo aos operadores nacionais, é encarecer em mais dois euros algo que não vai ter retorno nenhum para a indústria”, defendeu.
Filipe Silva argumenta que o Turismo de Portugal tem “uma enorme dificuldade” em justificar a imposição destas taxas perante as transportadoras aéreas. De acordo com o responsável, as companhias “fazem uma comparação com os outros mercados. Se não existirem essas taxas [noutros países], estamos a perder competitividade e a prejudicar o nosso relacionamento com esses parceiros”.
Novo aeroporto de Lisboa
Inquirido sobre a localização do novo aeroporto, Nuno Costa disse que a ANA está “a colaborar ao máximo com a comissão de acompanhamento, nomeada pelo governo. Só esperamos que a decisão seja rápida”, acrescentou, frisando que é “uma decisão muito complexa” e que envolve “muitas entidades”.
António Moura Portugal frisou a necessidade de “uma decisão rápida”, garantido que “o que as companhias querem é uma infraestrutura eficiente, que não crie entropias à operação”.