Apesar de um contexto internacional marcado por incertezas, o desempenho das agências de viagens portuguesas em 2025 está a revelar-se positivo, indica Pedro Costa Ferreira, em entrevista ao TNews. “Há razões para pensar que vamos ter um ano superior ao ano passado, e isso será já, com toda a certeza, um ano muito feliz – se pensarmos que o ano passado foi, muito provavelmente, o melhor ano da nossa história”, destacou o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT).
Durante a fam trip “Portugal Sénior MICE Experience”, que decorreu em Marraquexe, entre 25 e 28 de junho, o dirigente sublinhou, no entanto, que ainda é cedo para conclusões definitivas. “Julgo que é sempre difícil tirar conclusões já”, afirmou, salientado o “enorme clima de incerteza que existe e a série de crises internacionais que atravessamos”.
Com o verão em curso, Pedro Costa Ferreira destacou a força das reservas antecipadas nos anos anteriores, que foram “provavelmente as mais fortes de sempre”. Reconheceu, no entanto, um abrandamento recente que considera “absolutamente expectável”. A maior disponibilidade de lugares no mercado poderá também introduzir mais concorrência entre operadores. “Quando há mais oferta, o verão não será só tranquilidade. Haverá com certeza alguns momentos de maior dúvida e eventualmente de maior concorrência entre os diversos players.” Apesar disso, a palavra que escolhe para definir o momento atual é “esperança”.
Questionado sobre possíveis mudanças nas tendências de consumo turístico, Pedro Costa Ferreira considera que o mercado português é “muito maduro” e, por isso, “muito eclético”. Segundo o dirigente da APAVT, os destinos de férias continuam a abranger diferentes perfis de viajantes, desde os que procuram Espanha continental até quem opta por Austrália ou Nova Zelândia, passando por quem dispõe de orçamentos reduzidos ou mais elevados.
“O Caribe é o principal destino de longo curso”, afirmou, acrescentando que, no médio curso, “Cabo Verde continua a liderar”, e no curto curso, Espanha, as ilhas espanholas e o turismo interno mantêm-se no topo das preferências. “O turismo interno continua a significar cerca de 30% do mercado, (…) o que são também boas vendas para as agências de viagens.”
Sobre uma eventual pressão da procura nos destinos mais procurados, Pedro Costa Ferreira considera que a oferta foi reforçada em resposta ao crescimento registado nos últimos anos, tanto para Cabo Verde como para os Caraíbas. Ainda assim, sublinha que é cedo para avaliar se haverá ou não excesso de capacidade. “É preciso esperar pelo verão todo, ainda há muitas reservas por fazer. Ainda bem que assim é – é sinal de que o mercado continua dinâmico.”
Quanto ao impacto do conflito no Médio Oriente, o presidente da APAVT referiu que Israel, tradicionalmente o principal destino afetado na região, já estava condicionado há vários anos. Sobre o Egito, observou que “os locais onde está colocada a oferta para o mercado emissor português são muito distantes dos centros de conflito e não estão desaconselhados por nenhuma entidade.” Ainda assim, admite que “a palavra Egito pode prejudicar um pouco”.
Marraquexe como destino para o segmento MICE

Questionado sobre o potencial de Marraquexe no segmento MICE, o presidente da associação destacou a proximidade geográfica, a diversidade cultural e a capacidade hoteleira como trunfos relevantes. “Está a uma hora de voo”, salientou, referindo-se ainda à “grande diversidade de cultura, de história e de gastronomia”, que tornam o destino “muito rico”. Além disso, sublinhou a capacidade de acolhimento “a nível dos venues, quer hotéis, quer salas de congressos.”
A visita a Marraquexe insere-se na estratégia de promoção de Marrocos como “Destino Preferido Internacional da APAVT 2025”. A associação arrancou com uma iniciativa em Dakhla, sublinhando a importância da diversificação da oferta turística marroquina. Seguiu-se uma ação em Fez e Rabat, que procurou mostrar o equilíbrio entre “tradição e modernidade”, ao mesmo tempo que ajudava a desviar o foco de rotas mais consolidadas como Marraquexe e Agadir. A famtrip agora a Marraquexe, teve um foco distinto: avaliar o potencial do destino para o segmento MICE, e não apenas para short breaks de lazer.
Pedro Costa Ferreira não poupou elogios ao empenho do país. “Eu sinto no destino Marrocos uma capacidade de realização e de tirar proveito de ser destino preferido, que não vi em muitos destinos turísticos ao longo da minha carreira. Parabéns para eles.”
Para o segundo semestre, estão previstas novas reuniões com o turismo de Marrocos, com o objetivo de estabelecer metas adicionais, incluindo o lançamento de um programa de e-learning dirigido aos agentes de viagens portugueses, “que fará naturalmente uma abordagem técnica a todo o destino e a todas as suas potencialidades junto ao mercado emissor português”, sublinha.

Adaptação das agências de viagens ao NDC da TAP
Relativamente ao processo de transição para o NDC da TAP, Pedro Costa Ferreira assume que a adaptação tem sido demorada, sobretudo por atrasos técnicos na implementação. “O grande momento da implementação está por vir, provavelmente no início do próximo ano”, disse, garantindo que a APAVT tem acompanhado o processo junto dos seus associados para mitigar o impacto, especialmente no segmento corporate. Já no lazer, o impacto deverá ser menor: “As microempresas estão muito pendentes de consolidadores, que fazem esse trabalho por elas.”





